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Calibragem errada dos pneus afeta consumo e compromete segurança

Calibragem de pneu do Peugeot 208 - Reprodução - Reprodução
Calibrar os pneus quinzenalmente, inclusive o estepe, deveria ser hábito do motorista brasileiro: serve como prevenção de acidentes e ainda ajuda a economizar combustível
Imagem: Reprodução

Fernando Calmon

Colunista do UOL

17/08/2015 17h07

Uma das recentes novidades no programa Inovar-Auto (2012-2017) foi a adoção de pequenos bônus nos ciclos de aferição para metas de redução de consumo de combustível. Trata-se de recursos técnicos que não podiam ser captados em laboratório, porém efetivos no uso cotidiano. Quatro itens passaram a valer:

  • Sistema desliga-religa o motor em paradas (start-stop)
  • Indicador de troca de marcha no painel
  • Controle da aerodinâmica da grade frontal
  • Sistema de monitoração de pressão dos pneus (SMPP)

SMPP é o mais importante não apenas por evitar aumento de consumo de combustível de pelo menos 1% a cada 10% de calibragem dos pneus abaixo do recomendado. Deve-se notar que mesmo circulando por vias bem pavimentadas, com rodas e pneus novos, é normal perder no mínimo 10% de ar por ano. Mas, dependendo de outras condições, um pneu sem checagem recomendada pode rodar com pressão de 20% a 30% abaixo do normal sem que o motorista perceba.

O segundo aspecto está na segurança. Pneus com pressão baixa dificultam o controle do veículo em manobras e frenagens emergenciais. Pesquisas no exterior indicam que em 86% de acidentes analisados, pelo menos um pneu estava subinflado. Também compromete a durabilidade e atinge o bolso: pneus sem pressão normal ficam mais sujeitos a furar. Assim, além do incômodo, pode comprometer a integridade dos ocupantes se acontecer em locais de risco criminal.

A pressa e o esquecimento são, em geral, citados pelos motoristas por negligenciar a calibragem. Recentemente, SMPP tornou-se obrigatório em toda a União Europeia e já o era nos EUA, valendo também para motocicletas e veículos pesados. Uma luz no painel indica a baixa pressão e, em modelos mais caros, aparece em qual ou quais rodas está o problema. 

Controle direto e indireto

Existem dois tipos de SMPP: direto e indireto. O direto é o mais utilizado e consiste de sensor de pressão na válvula de ar de cada pneu, pequeno transmissor de radiofrequência, além de microcontrolador e bateria. No painel há o receptor e ícone iluminado que aponta a anomalia em qualquer dos pneus sem individualização. Os mais sofisticados indicam a pressão em cada pneu e usam pequenas etiquetas ou transponders que dispensam bateria. Há fornecedores, inclusive no mercado de acessórios.

Na Inglaterra, a empresa WheelRight desenvolveu uma máquina para registrar automaticamente a pressão dos pneus em questão de segundos. Sem sair do carro (veja foto), o motorista recebe a informação na tela do aparelho ou imprime.

Já o SMPP indireto trabalha com os mesmos sensores que medem a rotação de cada roda pelo controle de estabilidade, também obrigatório nos EUA e Europa. Se há perda de ar, altera-se o diâmetro dinâmico do conjunto roda e pneu, suficiente para acender a lâmpada no quadro de instrumentos. O arranjo é mais simples, porém exige que o motorista restabeleça o sistema por meio de um botão ou no computador de bordo, após recalibrar os pneus.

Pelas vantagens, além de preço acessível, o SMPP deveria também ser obrigatório no Brasil. Por enquanto, é apenas equipamento incentivado no Inovar-Auto.