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Toyota rebate críticas: Mirai anda com hidrogênio e até com merd*

Do UOL, em São Paulo (SP)

01/05/2015 07h05

Quando anunciou o sedã Mirai no Japão, no final de 2014, a Toyota fez questão da pompa e do estardalhaço: dizia que o modelo iria mudar o mundo. Apesar de ter um sistema complicado de se entender a fundo -- ele é elétrico, mas a energia não vem de tomadas (como no Nissan Leaf), nem de um motor a combustão gerando carga para baterias (caso do Chevrolet Volt), e sim de pilha a hidrogênio --, a marca foi inteligente ao afirmar que o carro não apenas emitia zero poluente, como liberava água pura pelo escapamento, produto final da reação interna de hidrogênio com o oxigênio do ar.

Não foi o bastante para críticos e mídia especializada. Com tanta tecnologia interna, o Mirai é um projeto caríssimo, com preço elevado. Custa o equivalente a R$ 170 mil no Japão e mais de R$ 220 mil na Europa, sem contar os impostos e já contabilizando a ajuda dos governos locais para modelos "verdes" -- o Japão tem um subsídio especial para carros movidos a hidrogênio, enquanto alguns países europeus dão bônus a modelos híbridos e elétricos, além de permissões especiais de circulação e estacionamento.

São valores similares aos cobrados no Brasil por modelos como Toyota Prius, Lexus CT200h e Ford Fusion Hybrid (híbridos) ou pelo BMW i3 (elétrico com motor de alcance estendido a gasolina) -- por aqui, apenas a prefeitura de São Paulo tem um programa de reembolso de sua parte do IPVA (50% do total) e apenas para carros de até R$ 150 mil. Acontece que o consumidor dos países mais desenvolvidos não aceitam estes preços.

Movido a merd*

Além disso, boa parte das críticas ao Mirai na Europa e mesmo nos Estados Unidos diz respeito ao fato do carro precisar de uma rede dedicada de abastecimento de hidrogênio. Para países que já investiram em redes elétricas, com tomadas específicas de recarga, seria algo equivalente a usar um canhão, não um fósforo, para acender o fogão. Muitas dessas críticas chamaram o projeto todo de "besteira".

Pois a resposta da Toyota veio em forma de vídeo com boa carga de ironia: se aproveitando de trocadilhos e diferentes significados para uma mesma palavra, a montadora japonesa afirma que o hidrogênio pode ser obtido de diversas fontes, permitindo que o Mirai seja movido inclusive a "bullshit", termo inglês que significa cocô de vaca (literalmente), merda (no uso corriqueiro) ou bobagem/besteira (na mesma acepção do português).