No Fiat Uno Sporting, R$ 47.730, esportividade é efeito especial
"Quem te viu, quem te vê, hein, Uninho? Quanto custa esse aí?", perguntou o manobrista de um estacionamento de São Paulo (SP) ao devolver a chave do Fiat Uno Sporting 1.4 Dualogic à reportagem de UOL Carros.
A surpresa não veio à toa. Como passa o dia dirigindo os mais diversos modelos, mesmo que só por alguns metros, o rapaz certamente conhecia a linha antiga, e percebeu a mudança significativa que a montadora promoveu no interior do Uno. Por fora, a diferença não é assim tão grande, embora a versão Sporting seja provavelmente a que mais destaca pelos traços mais arrojados.
Para tirar o Uninho esportivado da concessionária, porém, é preciso desembolsar pelo menos R$ 37.190: já houve reajuste em relação ao lançamento, três meses atrás, na configuração com câmbio manual de cinco marchas.
Complete o pacote com: versão revisada do câmbio Dualogic, automatizado de embreagem simples (R$ 3.025), agora sem alavanca de seleção; ar-condicionado (R$ 3.045); kit com central multimídia -- rádio, Bluetooth, entradas auxiliar e USB, viva-voz e comandos no volante --, retrovisores elétricos e com rebatimento automático do espelho direito para manobras à ré (R$ 1.441); sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico (R$ 533); alarme e chave canivete com abertura remota das portas (R$ 1.066); pacote com apoia-braço e regulagem de altura do banco de motorista, mais cinto de três pontos e encosto de cabeça na posição traseira central (R$ 700); e kits de personalização externa -- adesivos no capô e tampa traseira, grade dianteira, retrovisores e spoiler traseiro em cinza fosco, e anéis em preto brilhante (R$ 233) -- e interna -- faixas brancas e revestimento macio no volante e painel, maçanetas internas em preto brilhante, tecido e sobre-tapetes exclusivos (R$ 497).
Pronto: o Uno mais completo da gama fica em R$ 47.730 (há ainda a opção de pintura metálica, que deixa o preço final em R$ 48.996).
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Foi uma unidade assim, completinha, que UOL Carros testou por uma semana em São Paulo (SP). Os quase R$ 50 mil parecem muito -- e são, numa análise que levaria a outro assunto: o preço geral dos carros no Brasil.
É preciso dizer, porém, que o valor em sintonia, quando não abaixo, do pregado por rivais: Volkswagen Gol Rallye 1.6 I-Motion (R$ 56.820) e Renault Sandero Stepway 1.6 Easy'R (R$ 52.870) são automatizados com cinco marchas e mais caros. Já o Hyundai HB20 Comfort Plus 1.6 usa câmbio automático de quatro marchas e é mais barato (R$ 47.240).
TUDO PELO VISUAL
Também se faz necessário admitir que, devido ao ar jovial, o hatch da Fiat talvez seja o único popular no qual os adesivos decorativos (na versão Sporting, há quatro: capô, tampa traseira e laterais), máscaras negras nos faróis, minissaias laterais e spoiler traseiro -- adereços típicos de séries esportivas/aventureiras -- não ficam (tão) brega.
Para-choque com falsos dutos de ar para os freios, escape centralizado de ponteira dupla cromada, difusor (também falso) e câmbio sem manopla (os comandos são feitos por botões, em sistema "inspirado na Ferrari", segundo a marca contou a UOL Carros) contribuem para a sensação (visual e sonora) de que o Uno Sporting realmente quer ser mais arrojado que seus rivais.
O acabamento interno chega ao limite entre o agradável e o exagerado, pois usa muito plástico preto brilhante, plástico com ranhuras formando pequenas letras "C", tecido com detalhes em cinza e branco, faixa branca com revestimento macio no painel e computador de bordo que lembra um mini-smartphone. Até a tela do sistema multimídia, pequena e com gráficos "retrô", parece maior e mais moderna disposta do jeito que está. Não deixa de ser uma combinação marcante, que certamente que chamou a atenção do manobrista do início deste texto e o levou àquele comentário. É colocando o Uno Sporting em movimento, no entanto, que afloram suas limitações. O motor 1.4 Evo (85/88 cavalos de potência e 12,4/12,5 kgfm de torque, respectivamente com gasolina e etanol) proporciona desempenho pouco superior aos propulsores "mil" de projetos mais recentes, como Ka e up!. Nem o botão "S" (de Sport) do câmbio, que alonga as trocas e deixa os giros mais altos, consegue deixá-lo esperto de maneira satisfatória, tendo a mera função de tornar o ronco mais estridente -- e elevar o consumo.
Rodamos 350 quilômetros, com uso estritamente urbano, ar-condicionado sempre ligado e uso variado dos modos Normal e Sport, obtendo consumo médio de 7,6 km/l. (Por falar no ar-condicionado, os frisos das saídas centrais nunca param na angulação que o motorista quer.)
Mesmo apresentando nítida melhora em relação às versões usadas em modelos como a Strada, por exemplo, a transmissão automatizada Dualogic ainda deixa a desejar em muitos aspectos: gera solavancos e intervalos grandes nas trocas entre marchas mais baixas, e faz leitura muitas vezes inadequada na hora de reduzir. Em suma, está (muito) melhor que o Easy'R, da Renault, mas continua atrás do Volks I-Motion.
A central multimídia tem comandos bastante fáceis e intuitivos, mas UOL Carros simplesmente não conseguiu parear o Bluetooth do carro com celular do sistema Android. As mensagens variavam entre "pareamento rejeitado", "PIN incorreto", "não é possível se comunicar" ou, simplesmente, "nenhum dispositivo encontrado".
É uma mostra de que, apesar do trabalho (e de alguns truques) da Fiat para enriquecer a lista de qualidades, o Uno continua a ter diversos deslizes, como quase todo carro brasileiro de entrada. Assim, a versão Sporting fica como opção a quem deseja um carro esportivo, mas por ora só pode ficar com a aparência.
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