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Chery se veste de verde-amarelo e promete carro "100% brasileiro"

Já reestilizado, Chery Celer nacional aparece pintado com as cores do Brasil em São Paulo; ao fundo, o facelift do QQ, que também será produzido aqui - Ivan Ribeiro/Folhapress
Já reestilizado, Chery Celer nacional aparece pintado com as cores do Brasil em São Paulo; ao fundo, o facelift do QQ, que também será produzido aqui Imagem: Ivan Ribeiro/Folhapress

Leonardo Felix

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

30/10/2014 16h02Atualizada em 05/11/2014 15h42

Já não há mais dúvidas de que a Chery é a montadora chinesa que mais "abraçou" o Brasil. Além de ser a marca do país asiático que mais vende por aqui nos últimos tempos (apesar de o carro mais vendido ser da Lifan), foi a primeira a construir fábrica em nosso território e agora tem planos ainda mais ambiciosos: quer desenvolver um carro 100% brasileiro (do projeto aos parafusos) no prazo de quatro anos, tornando-se um polo de exportação para outros mercados da América do Sul.

Para simbolizar suas pretensões, a fabricante exibe desde esta quarta-feira (29), no Salão de São Paulo 2014, o primeiro veículo montado na recém-inaugurada unidade de Jacareí (SP): uma unidade hatch do compacto Celer. A produção em série começa em dezembro, com chegada às 67 concessionárias no início de 2015, também na configuração e sedã.

Por enquanto, o Celer conta com índice de nacionalização de pouco mais de 50%, incluindo o motor Acteco Flex 1.5 de 108 cavalos. Até 2016, espera-se fabricar localmente também o sistema de transmissão, ampliando o percentual a 70%. Mas os planos vão além: com investimentos de mais R$ 50 milhões em um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, que deve começar a operar em três anos, a Chery quer vender carros inteiramente brasileiros até 2018, ano em que a fábrica pretende atingir a capacidade plena de 150 mil unidades ao ano.

Além de usar todo esse potencial para atingir 3% de participação no mercado local, a montadora deseja destinar 40% da produção (5 mil carros/mês) à exportação para outros países da América do Sul, com especial atenção para Argentina, Uruguai, Chile e Venezuela. "Teremos vantagens em relação aos veículos que vêm da China, como isenção de impostos que os acordos desses países com o mercado chinês não contemplam", explicou o vice-presidente da Chery do Brasil, Luis Curi.

COMO FICARÁ O CELER
A promessa é manter o pacote tão recheado quanto antes, porém mais refinado e moderno em visual, acabamento e tecnologia. Esteticamente, o compacto teve para-choque, faróis e lanternas (agora munidas de LEDs) redesenhadas, e passou a andar sobre rodas de liga leve. 

No interior, o painel de instrumentos será sensivelmente modificado, ficando bastante parecido com a disposição usada pela GM em modelos como o Cruze. Será incluído ainda um sistema de interatividade com painel digital, som, rádio com CD, entrada USB e conexão Bluetooth. Tudo de série. Segundo Curi, os preços seguirão próximos aos praticados atualmente (o hatch cobra R$ 33.990; o sedã, R$ 34.990).

Chery New QQ - Leonardo Benassatto/Futura Press - Leonardo Benassatto/Futura Press
Reestilização deixou subcompacto QQ muito mais bonito e bem resolvido
Imagem: Leonardo Benassatto/Futura Press
NEW QQ 
Outro modelo que será produzido em Jacareí é o subcompacto QQ, também reestilizado. A previsão é de que o facelift -- batizado de "New QQ" -- desembarque no primeiro trimestre do ano que vem, ainda importado, com produção local marcada para o segundo semestre. No Anhembi, o carrinho de entrada da Chery se mostrou muito mais bem resolvido no desenho e no porte, sem perder suas características mais marcantes.

Capô e para-choque frontal continuam separados por um vão, porém agora em forma de "sorriso" e sem grade de refrigeração do motor (as tomadas de ar passam a existir acima do nicho da placa e também na parte inferior da para-choque). Embora mantenham traços ovalados, os faróis deixaram de ser um simples círculo e, inclusive, ganharam leve efeito 3D, gerado por discretos frisos que vão do acrílico até o canhão de luz. Lá atrás, a tampa traseira do porta-malas passou a ser de vidro inteiriço, tendência existente em rivais como Geely GC2 e, na Europa, Volkswagen up!.

No recheio, a Chery promete revolucionar o QQ tanto quanto o Celer: painel de instrumentos digital, ar-condicionado, trio elétrico e rodas de liga leve.

DEMAIS ATRAÇÕES 
Além do Celer e do QQ futuramente nacionais, a Chery mostra em São Paulo o Tiggo 5, futura geração de SUV médio que muito provavelmente será vendida no Brasil (os executivos da marca desconversam sobre isso, mas o jipe já foi flagrado por UOL Carros rodando no país). O utilitário usa um propulsor 2 litros de 16 válvulas, com duplo comando variável e injeção multiponto digital, capaz de gerar 139 cavalos de potência. A transmissão é manual ou CVT (continuamente variável). 
Chery Tiggo 5 - Ivan Ribeiro/Folhapress - Ivan Ribeiro/Folhapress
Tiggo 5 será um futuro SUV premium e tem chances de vir ao Brasil
Imagem: Ivan Ribeiro/Folhapress
Bastante moderno, o Tiggo 5 conta ainda com volante multifuncional, central multimídia munida de vários itens de conectividade, ar-condicionado de duas zonas, piloto automático e sistema start-stop (que desliga automaticamente o motor em momentos de imobilidade). 

O sedã Arrizo 7, outro que deve ser importado para cá, também está exposto (UOL Carros o experimentou na China). Ele utiliza motor 1.6 e câmbio manuais de cinco velocidades ou CVT. Há ainda séries especiais do próprio Celer (a Desert, aventureira, e a Racing, esportiva, que podem virar versões do compacto no futuro) e do Tiggo (a série limitada Celebration, em comemoração à inauguração da fábrica em Jacareí). Por fim, também faz parte do estande o conceito Alfa, um estudo de sedã compacto que deve substituir o Arrizo 5 até 2016.