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Como anda o Ford Mustang V6 que você pode guiar nos EUA agora mesmo

Claudio Luís de Souza

Do UOL, em Los Angeles (EUA)

23/09/2014 21h52

No "esquenta" para o test-drive com o novo Ford Mustang, marcado para esta quarta-feira (24) em Los Angeles, na Califórnia (EUA), UOL Carros alugou um exemplar do ano-modelo 2014, o último destinado exclusivamente ao mercado americano. Quem viajar aos Estados Unidos nos próximos meses e quiser dirigir um Mustang quase certamente vai topar com um igualzinho ao nosso.

Ford Mustang 2014 frente - Claudio Luís de Souza/UOL - Claudio Luís de Souza/UOL
Gostou? Então aproveite agora, porque este é o último Mustang com faróis redondos
Imagem: Claudio Luís de Souza/UOL
A partir de outubro, a 6ª geração do cinquentenário carro (ano-modelo 2015) começa a ser vendida por aqui. Em seguida, e gradualmente, será exportada a cerca de 120 países -- o Brasil deve ser um deles. Motores 3.7 V6 e 5.0 V8 continuarão empurrando o Mustang, mas a verdadeira estrela sob o capô será o motor 2.3 EcoBoost, um 4-cilindros turbo mais compatível com o gosto dos europeus (se bem que, para estes, teria de ser a diesel) e capaz de baixar a média de consumo de gasolina e emissão de gases estufa do portfólio da Ford.

Mas isso é o futuro -- próximo, mas futuro. Hoje, e por um bom tempo ainda, a oferta de Mustang nas inúmeras locadoras de veículos junto aos principais aeroportos dos EUA é limitada à versão de entrada, a de motor V6 (309 cavalos e 38,7 kgfm de torque), e sempre na variação conversível. Pelo menos é assim na Califórnia, onde rodar de capota baixada em dias ensolarados e noites quentes é uma atração a mais para os turistas.

E nem é tão mais caro que outros modelos: o preço varia com a cidade e a época do ano, e sempre deve ser barganhado; a diária básica de um Mustang pode nem chegar a US$ 100.

Curtiu a ideia? UOL Carros diz para você como foi essa convivência de mais de 1.200 km.

Ford Mustang 3/4  - Claudio Luís de Souza/UOL - Claudio Luís de Souza/UOL
Para o Mustang, Los Angeles nunca é proibida (porque ninguém liga para ele)
Imagem: Claudio Luís de Souza/UOL
POR FORA
O visual do Mustang é bem conhecido: capô exuberante e "testudo", adornado por filetes de LED ao lado dos faróis redondos; uma traseira que vai mudar pouco na nova geração, com seus dois pares de luzes triplas e uma curva do teto ainda mais acentuada (do tipo fastback); e um perfil marcado por vincos e talvez menos "músculos" do que o esperável -- o atual Chevrolet Camaro sugere muito mais força do que este Mustang.

É uma receita de estilo relativamente conservadora, que -- apesar de ter sido seu ponto de partida -- será totalmente chacoalhada pela nova geração: só para começar a "heresia", os faróis do novo Mustang são alongados, semelhantes aos do Ford Fusion (clique aqui e saiba como foi o processo de criação desse novo "Fustang").

Ford Mustang traseira - Claudio Luís de Souza/UOL - Claudio Luís de Souza/UOL
Lanternas de três luzes mudam pouco no Mustang 2015: o turista novidadeiro pode até mesmo fotografar o 14 e dizer que é novo
Imagem: Claudio Luís de Souza/UOL
POR DENTRO
A cabine do Mustang que dirigimos entrega zero de sofisticação. Os instrumentos iluminados em azul tem um ar retrô, assim como o volante de três raios (que é enorme e, nesta versão, não possui ajuste de profundidade, falha que consideramos grave). Apesar de ser um 2+2 (o banco traseiro, na prática, serve para levar crianças ou complementar o porta-malas, que é ridículo e comporta apenas uma peça grande), o entre-eixos de 2,71 metros (em 4,78 m de comprimento) é consumido pelo grande espaço dedicado ao motor, sacrificando parte do conforto de motorista e passageiro. Se quem dirige tem a partir de 1,70 m de altura, o joelho esquerdo fica o tempo todo encostando na porta.

No entanto, a visibilidade para o motorista é melhor no Mustang do que no Camaro, tanto à frente como à ré. O banco possui ajuste elétrico de altura, o que permite ampliar o campo de visão acima do capô massudo. Já o passageiro não tem essa possibilidade, sendo obrigado a viajar "afundado" no banco rente ao assoalho.

Ford Mustang interior - Claudio Luís de Souza/UOL - Claudio Luís de Souza/UOL
Não espere luxo da cabine do Mustang 2014 que você vai alugar; o que ela tem é visual retrô e um megavolante
Imagem: Claudio Luís de Souza/UOL
NA ESTRADA
Dirigimos o Mustang por 748 milhas, cerca de 1.200 km, em geral nas freeways (estradas estaduais da Califórnia) e nas largas avenidas da região de Los Angeles. Não dá para brincar de piloto por aqui (aliás, em lugar nenhum: só em pista fechada), mas de um modo geral os limites de velocidade em torno de 65 milhas por hora (mph), equivalentes a 105 km/h, são tratados de modo liberal pelos motoristas locais -- ao seguir o fluxo, portanto, mantém-se o carro a mais ou menos 120 km/h.

Nesta condição, o motor V6 do Mustang e a transmissão automática de seis velocidades formam um conjunto que trabalha de modo suave, sempre abaixo de 2.000 rpm e com pouco ruído -- nem mesmo com a capota baixada nota-se a presença do propulsor. Ótimo para quem quer apenas curtir um passeio sem pressa pelas paisagens da costa oeste americana, mas meio decepcionante para quem acredita que a vida automotiva inteligente começa a partir dos V6.

Para estes, o câmbio do Mustang oferece o modo Sport Shift, que permite trocas sequenciais em tecla na lateral da alavanca do câmbio, a ser operada com o polegar direito (não há aletas atrás do volante). O giro médio sobe um pouco e as mudanças de marcha têm de ser feitas sempre manualmente (se você arrancar em primeira e não fizer nada, em primeira o motor ficará). Finalmente ouve-se um gorgolejar digno de um motor com quase 4 litros de capacidade e com mais de quatro cilindros -- pelo menos se instalado num carro relativamente pequeno, como é o caso do Mustang .

E, finalmente também, o nosso futuro velho Mustang mostra algum entusiasmo em arrancadas e retomadas -- muito úteis na hora de acessar as freeways, já que todas as faixas têm tráfego em velocidade semelhante e constante (ninguém vai diminuir para você entrar). O Mustang V6 é bastante capaz de deixar a maior parte dos carros para trás.

COMPRAR, NÃO
O consumo de combustível final ficou em 20,7 mpg (milhas por galão), algo em torno de 8,8 km/litro de gasolina. Não é um mau número, mas também não encanta -- e mostra que a sobrealimentação por turbo em pelo menos uma versão do novo Mustang seria mesmo inevitável (V6 e V8 continuarão aspirados). Certamente há carros muito mais econômicos para alugar (e você tem de devolver o carro com o tanque cheio).  

Com praticamente a mesma mecânica (a potência recuou para 304 cv), a configuração de entrada do Mustang continuará a ser vendida na 6ª geração, com desejáveis acréscimos de tecnologia e segurança. Segundo executivos da Ford dos EUA, deve até responder por boa parte dos emplacamentos no mercado doméstico. Nosso (longo) passeio com ela não foi emocionante, nem tampouco chato; mas seria justamente a que jamais compraríamos se tivéssemos de levar um Mustang para casa. Alugar, no entanto, já é outra história.

Viagem a convite da Ford do Brasil