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Sandero 1.6 Dynamique, R$ 42.390, cobra pouco pelo que oferece

André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

19/08/2014 19h18

O Sandero é uma anomalia. No bom sentido.

Trata-se de um hatch compacto -- da categoria de Volkswagen Gol, Chevrolet Onix e Fiat Palio --, mas tem espaço interno e porta-malas de segmento superior, dos atualmente chamados "compactos premium" -- Ford New Fiesta, Peugeot 208, Fiat Punto, Chevrolet Sonic e Citroën C3, entre outros (Agile e Fox podem ser considerados o "meio do caminho" entre as categorias).

Da mesma forma, o Renault Sandero 1.6 Dynamique tem relação de valor que ultrapassa os limites de sua categoria: com preços de Volkswagen Gol, Chevrolet Onix e Fiat Palio intermediários, apresenta equipamentos e tecnologia de um segmento acima. Custa R$ 42.390 e vem completo, com direito a ar-condicionado com função automática e navegador por GPS.

Renault Sandero Dynamique 1.6 2015 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Visual melhorou muito, mas é claramente inspirado no de rivais (Gol e Onix)
Imagem: Murilo Góes/UOL
PACOTE RECHEADO
Avaliado por UOL Carros, o Sandero 1.6 Dynamique, vem de série com os obrigatórios freios ABS e airbag duplo; direção hidráulica; ar-condicionado simples; vidros elétricos nas quatro portas; travas elétricas (com travamento automático a 6 km/h) e alarme; volante e banco do motorista com regulagem de altura; sinalização de advertência para luzes internas acesas; faróis de neblina; sistema multimídia com tela tátil coloria no console, com rádio e entradas USB e auxiliar (com conexão Bluetooth para celular e iPod); computador de bordo com seis funções, incluindo um indicador de temperatura externa; "piloto automático" (limitador e controlador de velocidade); conta-giros e indicador de troca de marcha no quadro de instrumentos; volante multifuncional revestido de couro; bancos traseiros rebatíveis com encosto de cabeça para três ocupantes e cintos de três pontos para dois; retrovisores externos com ajuste elétrico; soleiras das portas exclusivas; sistemas de abertura interna do porta-malas e do reservatório de combustível; trava de segurança para crianças nas portas traseiras; alças de teto; espelho de cortesia no para-sol do motorista e do passageiro; dois porta-copos e um porta-objetos no console central; e rodas de liga leve aro 15.

Opcionalmente, a Renault oferece navegador por GPS e função automática para o ar-condicionado -- num pacote só -- por R$ 1.430. Não é pouca coisa. E muitos equipamentos e recursos sequer existem na lista de alguns compactos premium.

MULTIMÍDIA
O sistema de entretenimento do Sandero é outro não deve nada ao de carros "superiores". Com tela tátil colorida de série no console central, ele oferece rádio, conexão para celular/iPod via Bluetooth (com opção por entradas USB e auxiliar) e dados para condução econômica, além das configurações do computador de bordo.

Lamenta-se apenas a falta do reprodutor de CD/DVD que contenham arquivos em MP3, já que o conjunto sensível ao toque da versão mais cara deixa de possuir a entrada para os pequenos discos (nas configurações inferiores o recipiente para CD/DVD existe)

PONTOS FRACOS
Claro que o carro não tem só virtudes. A qualidade interna e o esmero no acabamento estão longe de ser os mesmos encontrados na categoria superior -- mesmo tendo melhorado sensivelmente com a nova geração, inclusive com detalhes emborrachados na versão Dynamique.

O desenho, externo e interno, também remete a um carro popular. Inspirado nos rivais Volkswagen Gol e Chevrolet Onix (principalmente a traseira), ele não esconde que o Sandero não é "premium". Importante salientar que o visual evoluiu demais em relação à geração anterior.

O motor e a caixa de câmbio manual também denunciam o projeto mais antigo. O propulsor 1.6 Hi-Power flex que equipa a versão testada tem quatro cilindros, 8 válvulas, 106 cavalos (a 5.250 rpm) e 15,5 kgfm de torque (2.850 rpm) com etanol (são 98 cv e 14,5 kgfm com gasolina, nas mesmas faixas de rotação). Qualquer rival (de qualquer segmento) que use motor 1.6 consegue gerar mais potência e torque, como provam Gol e Fox (Highline) com motor MSI de 120 cv, HB20 com 1.6 de 128 cavalos, Fiesta com 130 cv e C3 com 122 cv (todos com etanol).

O propulsor do Renault é vigoroso, oferece boas retomadas de velocidade em estradas e saídas ligeiras em faróis, mas deixa a desejar no quesito modernidade -- bloco e/ou cabeçote em alumínio, duplo comando ou um sistema de injeção direta poderiam fazer com que ele rendesse bons cavalos e kgfms a mais. O ruído do escapamento é um pouco áspero e incomoda com o passar do tempo.

O câmbio tem engates suaves, mas a alavanca alongada atrasa qualquer agilidade que se queira adquirir com o carro. A Renault afirma que até o final de setembro disponibilizará uma caixa automatizada de cinco velocidades, o fará com que o preço final do carro aumente.

RODANDO
Na prática, rodar com o Sandero 1.6 Dynamique agrada, tanto na cidade quanto na estrada -- nem tanto pelo desempenho, mas principalmente pelo amplo espaço interno e pelo ótimo porta-malas (320 litros).

Assim como a versão 1.6 Expression, avaliada durante o lançamento, a acústica (queixa de donos da geração anterior) melhorou -- é possível rodar em velocidade de cruzeiro (120 km/h) sem incômodo. E a rigidez à torção também evoluiu: as suspensões mostram mais firmeza em curvas fechadas.

O computador de bordo registrou 9,5 quilômetros/litro de combustível, com etanol no tanque. Número comum para peso (1.055 kg) e potência/torque do veículo.

Em suma, trata-se de uma ótima proposta para quem busca espaço, porta-malas e recursos tecnológicos, mas tem menos de R$ 45 mil no orçamento, não se preocupa com rótulos e quer saber mesmo de recheio.