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Volks cria sedã-cupê derivado do Golf para seguir vencendo na China

Claudio Luís de Souza

Do UOL, em Pequim (China)

23/04/2014 11h56

A Volkswagen é a líder do mercado automotivo da China, e o que vemos nas ruas das metrópoles daqui não deixa dúvida quanto à solidez de sua posição. Não é incomum deparar-se com filas de sedãs -- três, quatro, cinco, às vezes mais -- da marca alemã no trânsito da capital Pequim.

Magotan (o nosso Passat), Passat (modelo inexistente no Brasil, um pouco menor que o Magotan) e Sagitar (nosso Jetta) são os mais visíveis -- há ainda grande quantidade de Jetta (nada a ver com o nosso), Bora (evolução do modelo descontinuado no Brasil), Lavida (um dos líderes em emplacamentos na China) e Santana. A Volkswagen chinesa ainda importa o CC e mantém em seu catálogo local até o luxuoso Phaeton.

O enorme portfólio aproveita a clara preferência do chinês por carros três-volumes, no que são seguidos pelos SUVs. Como nos Estados Unidos, por aqui é raro ver hatchbacks nas ruas (o Golf é uma das exceções).

O conceito de family face, que uniformiza o desenho frontal dos modelos de uma montadora (notadamente pela semelhança das grades e do conjunto óptico), é aplicado pela Volks no Brasil de forma radical desde a última reestilização do Gol, e recebe críticas eventuais -- resumíveis na seguinte questão: "Você acha que eu vou comprar um Jetta com cara de Voyage?"

Bem, imagina na China...

Volkswagen NMC - Guilber Hidaka/UOL - Guilber Hidaka/UOL
Volkswagen NMC insinua facelift suave para a família da marca
Imagem: Guilber Hidaka/UOL
Todos os sedãs da Volks chinesa aqui citados são extremamente parecidos quando vistos de frente. Basta olhar as fotos logo abaixo para acreditar. As diferenças são de porte e conteúdo (e, claro, de preço). É o family face levado ao extremo. Confira:

Volkswagen Magotan e Passat - Claudio Luís de Souza/UOL - Claudio Luís de Souza/UOL
Magotan (nosso Passat) e Passat: cara de um, focinho de outro
Imagem: Claudio Luís de Souza/UOL

Volkswagen Bora e Jetta - Claudio Luís de Souza/UOL - Claudio Luís de Souza/UOL
Bora e Jetta (diferente do nosso): inegável semelhança
Imagem: Claudio Luís de Souza/UOL

Volkswagen Lavida e Santana - Claudio Luís de Souza/UOL - Claudio Luís de Souza/UOL
Eis o Lavida, best-seller na China, e o novo Santana
Imagem: Claudio Luís de Souza/UOL

E, como se não bastassem os nove que já existem, a Volks apresentou mais um sedã aos chineses no Salão de Pequim: o conceito NMC (New Midsize Coupé), um quatro-portas caracterizado como cupê pela altura baixa, largura ampliada e terceiro volume suavemente demarcado. Segundo as informações oficiais da fabricante, ele será posicionado abaixo do Passat (o global, igual ao vendido no Brasil) e acima do Jetta (idem) -- mas claramente mais próximo deste que daquele.

Em outras palavras, é uma espécie de CC encolhido (4,6 metros, ante 4,79 metros), e sem novidades sob o capô: dotado do conhecido motor 2.0 turbo (TSI) de 220 cavalos e do câmbio automático DSG de sete marchas, tem velocidade máxima prevista de 244 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos; o consumo médio de gasolina deve ficar em 15,6 km/l.

Segundo a Volks, o NMC utiliza a plataforma modular MQB (inédita nos sedãs da marca), com itens periféricos do Golf 7 (sistema de infotainment) e tamanho dos modelos maiores. A fabricante alemã explica que já criou dois módulos-padrão a partir da MQB: o A, para carros de porte médio, e o B, para o segmento superior. O conceito apresentado em Pequim mistura os dois.

Volkswagen Sagitar - Reprodução/China Auto Web - Reprodução/China Auto Web
Nos sedãs, atual family face começou com o Jetta 2011 (na China, Sagitar)
Imagem: Reprodução/China Auto Web
O interessante é que, apesar de menos careta -- devido ao parachoque de aparência esportiva com (falsas) tomadas de ar e ao conjunto óptico com alguma sugestão de movimento em suas formas (em vez do trapézio retilíneo) --, o NMC não chega a subverter a atual family face. O alinhamento quase plano de grade frontal e faróis continua lá.

O que surgirá desse conceito é questão aberta (qualquer palpite que você ler sobre "é um futuro cupê que pode vir ao Brasil" é apenas isso, palpite), mas fica claro que os próximos facelifts do carros da Volks serão relativamente suaves. Mesmo assim, na China de infinitos sedãs, a Volks vai ter trabalho nessas reformas.

Viagem a convite da Chery Automobile