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"Carro elétrico é inviável no Brasil", diz 2º maior vendedor do país

André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

08/04/2014 07h00

"Carro elétrico é inviável no Brasil". Esta é a opinião de Sérgio Habib, presidente do grupo SHC, empresa responsável pela importação oficial dos carros chineses da JAC e dos ingleses da Aston Martin. O empresário é responsável pelo segundo maior grupo vendedor de carros do país, com cerca de 27 mil veículos emplacados por ano em mais de 100 concessionárias de marcas como Citroën, Volkswagen e Jaguar Land Rover, além da JAC. Na primeira posição do ranking está o Grupo Caoa, de Carlos Alberto de Oliveira Andrade.

JAC J3 elétrico - Divulgação - Divulgação
Na China há versões elétricas de J3 (foto) e J5, entre outros
Imagem: Divulgação

"Para que o carro elétrico dê certo é preciso de infraestrutura [postos reabastecedores e geradores de energia domésticos, por exemplo], algo que não existe e é totalmente infactível em metrópoles como São Paulo", afirmou Habib durante apresentação da linha 2014 das versões flex do compacto JAC J3 (R$ 39.990 para o hatch, R$ 41.690 pelo sedã).

"Para piorar [a situação dos elétricos], no Brasil existem incentivos ao álcool, o que desfavorece totalmente esse tipo de mobilidade", completa.

O executivo lembra que as grandes cidades do país têm enfrentado problemas com o abastecimento de energia doméstica e que parte da produção de eletricidade vem de termoelétricas, criticadas pela poluição causada. E termina com uma crítica ácida: "O governo vai anunciar incentivos a estes tipos de mobilidade, mas só para aparecer".

EM STAND-BY
Atualmente, as vendas de carros elétricos no Brasil são feitas exclusivamente por meio de parcerias entre as fabricantes e empresas de grande porte -- ainda não houve, de fato, entregas a pessoas físicas.

A francesa Renault, um dos maiores produtores de veículos elétricos do mundo através da aliança com a japonesa Nissan, fez acertos com empresas geradores de energia recentemente e chegou a anunciar a montagem de um elétrico no país.

A marca diz que tem carros elétricos à disposição, mas espera por incentivos por parte do governo. A Nissan também entrou na onda: entregou unidades do Leaf para rodar como táxi em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ) e ainda divulgou testes de homologação da van elétrica e-NV200 em acordo com a FedEx, empresa de logística.

Há ainda a japonesa Mitsubishi, que testa no país o subcompacto i-MiEV -- produzido em conjunto com outras duas francesas, Peugeot e Citroën -- desde 2011. E a promessa da BMW, que avisou que deve fazer as primeiras entregas de infraestrutura e carros a pessoas físicas com a estreia do monovolume premium i3 ainda em 2014.

Habib diz que a JAC possui veículos elétricos e que deve trazer modelos em breve ao país, mas apenas para clínicas e experimentações.