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Fiat quer adotar órfãos da Kombi com Fiorino mais moderno

Leonardo Felix

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

05/12/2013 13h28Atualizada em 05/12/2013 18h24

Sete anos depois da última mexida, a Fiat enfim modernizou totalmente o Fiorino, seu furgão leve, aposentando a frente do Mille em favor da "cara" do atual Uno. O modelo já está à venda nas concessionárias, partindo de R$ 38.540 (cerca de R$ 500 a mais que a linha anterior) e disponível nas cores branca, preta, prata e vermelha. Durante o lançamento à imprensa, nesta quinta-feira (5) em São Paulo (SP), a montadora italiana prometeu um utilitário "maior, mais bonito e moderno, porém compacto e ideal para trafegar no intenso trânsito das grandes cidades".

Junto com o Doblò e o Uno Furgão, apresentado recentemente no Fenatran (Salão Internacional dos Transportes), o Fiorino forma uma trinca de furgões compactos que tenta aproveitar a extinção do veículo mais popular do segmento, a Volkswagen Kombi, que deixará de ser produzida no fim deste ano.

É coincidência o utilitário ser lançado apenas 15 dias antes de a última Kombi sair da fábrica rival? Lélio Ramos, diretor comercial da Fiat, garantiu que sim, mas admitiu que a Fiat espera fisgar boa parte dos "órfãos" do modelo.

"É claro que a Kombi é um carro único, e que ainda vendia cerca de 2.000 unidades por mês... [Acredito que] vamos ficar com a maior parte desse público, porque oferecemos três modelos diferentes que podem exercer as funções dela", disse, com exclusividade, a UOL Carros.

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    Fiat Fiorino, que na verdade poderia ser chamado de "Fioruno": segunda grande reforma

O diretor deixou aberta a possibilidade de criar uma versão do Fiorino para mais que duas pessoas, assumindo assim outro nicho -- o de transporte de pessoas. "Já temos o Doblò, com capacidade de sete lugares, mas que sai mais caro, e o Ducato, onde cabem nove, mas aí é um furgão maior, é outro segmento. Então essa é uma ideia possível, sim", afirmou.

Em relação ao Fiorino recém-lançado (apenas furgão, não picape), Lélio Ramos explicou que o objetivo é oferecer um veículo funcional tanto para pequenos empresários quanto grandes frotistas, facilitando a "entrega porta a porta". Tal estratégia ficou evidente já na fachada do local do lançamento (Clube Monte Líbano), onde a Fiat posicionou algumas unidades do Fiorino travestidas de carrinho de cachorro-quente, de sorvete, de entrega de flores e até de ambulância.

Outra coincidência (ou não): enquanto a Volks deve fechar o ciclo da Kombi com cerca de 24 mil unidades vendidas em seus últimos 12 meses de vida, a meta da Fiat para 2014 é expandir os números do Fiorino para cerca de... 24 mil emplacamentos em 2014, um substancial crescimento de 70% em relação a este ano.

Os rivais do Fiorino que seguem vivos no mercado são os franceses Peugeot Partner e Renault Kangoo.

MAIS ROBUSTO, AINDA SIMPLES
De acordo com a Fiat, o Fiorino ganhou 20 cm de comprimento, 14 cm de entre-eixos e 2 cm de largura e altura. O peso também subiu, de 1 tonelada para 1.118 kg. A capacidade foi aumentada para 3.100 litros, ou 650 kg, 30 kg mais que a geração anterior. Para aguentar mais carga, o modelo adota o mesmo conjunto de suspensão traseira da picapinha Strada, mais rígido e forte.

VERSÁTIL

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    Fiorino adaptado para ambulância e, abaixo, sugestão de uso por dogueiro; as modificações ficam por conta do comprador do modelo

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As portas do compartimento de carga são assimétricas, com abertura de 180° em dois estágios: no primeiro, ficam travadas quando formam um ângulo de 90º em relação à carroceria; destravadas, podem abrir totalmente. O envidraçamento das portas traseiras é opcional (acompanhado de vidro na parede divisória).

Sob o capô, o antigo motor Fire 1.3 foi trocado pelo EVO Flex de 1,4 litro, o mesmo usado em Uno, Palio e Punto. Isso significou um ganho de 17 cv em potência (foi a 88 cv) e 0,9 kgfm em torque (12,5 kgfm). Com isso, o furgão atinge agora a velocidade máxima de 158 km/h (dados obtidos quando o veículo é abastecido com etanol).

Além de possuir frente e cabine do Uno (vide as linhas arredondadas de painel e console) e suspensão da Strada, as lanternas traseiras do Fiorino, verticais, foram inspiradas num terceiro modelo, o Doblò, formando uma interessante combinação estética.

Por sua função utilitária, o Fiorino não ostenta muitos rebuscamentos no interior e no conteúdo; airbag duplo e freios com sistema ABS (antiblocantes) seguem a nova lei para veículos novos no Brasil, e os opcionais incluem itens como ar-condicionado, direção hidráulica, volante com regulagem de altura, travas e vidros elétricos, computador de bordo com informações sobre trajeto e consumo, sensor de estacionamento, entre outros. Eles podem ser adquiridos individualmente ou dentro de três kits -- que podem tornar o Fiorino até R$ 4.500 mais caro.

Sobre o consumo, a Fiat afirma que o Fiorino 2014 bebe, em média, 3,6% menos combustível que o modelo anterior (nota A na medição do Inmetro).

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Num test-drive com a configuração mais completa do novo Fiorino (preço total de R$ 43.040) pelas ruas de São Paulo, o Fiorino mostrou qualidades, mas também algumas limitações. Logo ao entrar na cabine, é possível notar que, enquanto o banco do condutor possui bom espaço para os pés, o passageiro sofre um pouco mais, devido à presença do estepe atrás de seu assento.

A Fiat inseriu compartimentos para pequenos objetos e porta-copos nas portas, console central e até no teto, mas não há espaço adequado (nem no porta-luvas, muito pequeno) para guardar uma prancheta, por exemplo -- ferramenta básica de quem trabalha com entregas e precisa preencher notas e recibos.

O assoalho do compartimento traseiro, mais baixo (a 50,6 cm do chão), e as portas traseiras, fáceis de abrir por maçaneta vertical, deixam mais suave o trabalho de carga e descarga. E como as portas podem ser travadas em 90° quando abertas, descarregar num espaço mais apertado também não é problema.

Com o Fiorino em movimento, sem carga, o motor 1.4 demonstrou certa dificuldade para proporcionar boas arrancadas e retomadas em subida, especialmente na segunda marcha, o que sugere dificuldade para carregar materiais pesados em regiões de muitos aclives.

A posição de pilotagem ficou confortável, mas o pedal da embreagem é um pouco duro, cansando as pernas em paradas mais longas. Por se tratar de uma configuração com direção hidráulica e sensor de estacionamento, manobrar o Fiorino do teste foi fácil -- mas não deve ser assim sem esses opcionais. Até porque, apesar de os retrovisores laterais serem grandes, não há como evitar um ponto cego atrás do carro.