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Honda quer dobrar produção com Itirapina (SP) e entregar Fit e Vezel

Leonardo Felix*

Colaboração para o UOL, em Itirapina (SP)

26/11/2013 13h13Atualizada em 03/10/2016 12h35

A Honda do Brasil realiza neste momento em Itirapina (SP), cidade localizada a 200 quilômetros da capital, a cerimônia de lançamento da pedra fundamental de sua segunda fábrica de carros no país. Segundo a fabricante, o projeto da unidade tem custo total de R$ 2 bilhões --  sendo R$ 1 bilhão em investimento próprio e mais R$ 1 bilhão de incentivos do programa Investe São Paulo (estadual) --, deve gerar 2 mil empregos diretos e iniciar suas operações em 2015, quando serão produzidas as primeiras unidades da nova geração do Fit.

Este anúncio, feito no começo da tarde desta terça-feira (26), era inesperado, mas coerente com o plano da montadora de dobrar sua capacidade de produção anual no Brasil. Atualmente, a Honda produz 120 mil unidades em sua fábrica de Sumaré (SP) e o Fit é seu modelo mais emplacado. Além dele, o sedã compacto City também será feito por aqui.

Quando Itirapina estiver em atividade, a meta é escalar a entrega para 240 mil veículos anuais, ou quase 1 milhão a cada quatro anos, número que nas contas da fabricante será suficiente para aumentar sua participação no mercado dos quase 4% atuais para mais de 5%. A Honda espera fechar 2013 com 140 mil carros feitos.

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    Presidente mundial da Honda, Takanobu Ito fala com a imprensa após audiência com a presidente Dilma Rousseff, na segunda (25).

PRESSA
Além do Fit, Itirapina também produzirá o SUV Vezel, recém-apresentado no Salão de Tóquio. A confirmação foi feita pelo diretor executivo da Honda Roberto Akiyama, durante a cerimônia, e bate com o informado por UOL Carros no começo do mês.

Concorrente de modelos como o Ford EcoSport, Renault Duster e Chevrolet Tracker no segmento de SUVs compactos, o Vezel será, de fato, a grande novidade da linha nacional da marca japonesa nos próximos dois anos. Tanto ele quanto a próxima geração do Fit serão fabricados sobre a nova plataforma compacta da Honda. A marca, porém, não cravou a data de chegada do utilitário.

O prazo para produzir o novo Fit em Itirapina, porém, é distante demais e a Honda deu a entender que não quer -- ou não pode -- esperar. Assim, o novo Fit chega ao Brasil já em 2014, sendo feito primeiramente em Sumaré e depois transferido para a nova unidade.

O motor da nova geração deverá ser o mesmo flex de 1,5 litro, mas sem "tanquinho" de gasolina para partidas a frio. A Honda também confirma o retorno do câmbio CVT (com transmissão continuamente variável), componente usado na geração anterior do Fit, mas que foi deixado de lado com o uso do câmbio automático no modelo vendido atualmente no Brasil.

Essas informações apontam duas realidades interessantes. Primeiro, a Honda estabelece que suas linhas de produção serão "flexíveis", ou seja, tanto Sumaré quanto Itirapina possuirão condições semelhantes para fabricar qualquer um de seus modelos compactos. Segundo o presidente da companhia para a América do Sul, Masahiro Takedagawa, a alocação do que será produzido em um local ou outro "dependerá da demanda". A versatilidade também facilitaria a chegada rápida da nova geração do City.

EFEITO INOVAR
Fora a construção da nova unidade, a Honda confirmou também a criação do centro de pesquisa e desenvolvimento na unidade de Sumaré, que empregará cerca de 300 engenheiros. O objetivo é facilitar o desenvolvimento local de tecnologia, um dos preceitos exigidos pelo novo regime automotivo nacional (Inovar-Auto) para a obtenção de apoio e incentivos fiscais.

Atualmente, a Honda fabrica seus três modelos mais vendidos no país, assim como os motores e caixas de câmbio manual, mas ainda traz o câmbio automático do Japão. Fora isso, modelos mais caros também vêm de fora, caso do SUV médio CR-V, importado do México, e do sedã grande Accord, do Japão.

Segundo o presidente da Honda Motor Takanobu Ito, "o fato de ser, atualmente, o quarto maior mercado de automóveis do mundo faz do Brasil um dos países mais importantes para a Honda".

De toda forma, a empresa não especificou quais peças serão nacionalizadas a partir do trabalho no novo centro, mas garantiu que todos os veículos construídos no Brasil passarão a ter "mais de 80%" de seus componentes feitos aqui.

EVENTO OFICIAL
Apesar do incentivo recebido do governo estadual, a Honda fez questão também de "azeitar" a relação com o governo federal. Na segunda, Takanobu Ito visitou a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, onde também conversou com o ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel. Na cerimônia paulista, foi a vez de receber também o governador Geraldo Alckmin e o secretário de Desenvolvimento Econômico Rodrigo Garcia, entre outros políticos locais.

  • Leonardo Félix/UOL

    Terreno em Itirapina, onde será erguida a nova fábrica: por enquanto, há poucos Honda na imagem, mas objetivo é dobrar produção anual e ampliar participação no país.

COMO SERÁ ITIRAPINA
A ser construída em um terreno de 5,8 milhões de m² em Itirapina, cidade de 16 mil habitantes, a nova fábrica terá mais de três vezes a área da fábrica de Sumaré, cujo tamanho é de 1,7 milhão de m² e que tem produção operando no limite.

Da comparação surge outro ponto interessante: apesar de consideravelmente maior, a nova unidade terá menos funcionários. Em Itirapina, "apenas" 2 mil funcionários estarão trabalhando, contra 3.500 em Sumaré. Parte disso se deve à maior automatização prevista para a nova unidade, que oferecerá tecnologias de ponta em áreas como estampagem, pintura, solda e linha de montagem.

* Com Eugênio Augusto Brito, do UOL, em São Paulo (SP)