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Incêndio espontâneo arranha imagem da Tesla; é preciso investigar

Fernando Calmon

Colaboração para o UOL

12/11/2013 16h41

O tempo está nebuloso para a Tesla, fabricante independente de carros elétrico dos Estados Unidos. Três unidades do sedã Model S pegaram fogo em intervalo de seis semanas (dois nos EUA, um no México). Não houve feridos, mas os três incêndios ocorreram depois de acidentes. O mais recente deles, foi registrado na última quarta-feira (6) em Smyrna (Tennessee): houve ampla repercussão e reações diversas.

  • Gooding & Company/Reprodução

    George Clooney a bordo do Tesla Roadster: nunca pegou fogo, mas teria deixado ator a pé.

No campo econômico, as ações da empresa caíram 26%. Publicamente, até mesmo o ator George Clooney reclamou da Tesla, ainda que não seja dono de qualquer carro incendiado (ele tinha um Roadster, modelo descontinuado com a chegada do S): "Fui um dos primeiros caras com um Tesla. Acho que eu era, talvez, o número cinco na lista. Mas, eu lhe digo, fiquei um tempão parado na estrada naquela coisa", afirmou Clooney ao ser questionado recentemente pela revista "Esquire". A Tesla afirmou que vai investigar os casos

IMAGEM ARRANHADA? 
No mercado norte-americano, o Model S vende mais que o Nissan Leaf -- hatch que também é elétrico, é feito por uma montadora conceituada em todo o mundo e custa muito menos. O ponto é que o carro, por lá, ganhou aura de objeto mítico sobre rodas, sobretudo entre celebridades. Sua ascensão entre figurões da California e de outros Estados repete a sensação provocada pelo iPhone no começo da investida da Apple no campo da telefonia celular, ainda sob o comando de Steve Jobs. Daí a celeuma.

Incêndios em veículos comuns -- com motores a combustão movidos a gasolina, diesel e etanol -- são raros e têm várias causas (a maioria decorrente de má manutenção ou colisões graves). No caso do Tesla, com frota ainda pequena (cerca de 19 mil unidades vendidas este ano, pouco mais de 4 mil em 2012), todos os relatos convergem: o motorista passou sobre obstáculo e o carro pegou fogo.

É FOGO

  • Tennessee Highway Patrol/Reuters

    Bombeiro trabalha no rescaldo de Tesla Model S incendiado na cidade de Smyrna, Tennessee (EUA); este é o terceiro caso de auto-combustão do elétrico em pouco mais de um mês

É PRECISO INVESTIGAR
Lítio -- material das baterias de celulares e também de carros elétricos -- é altamente explosivo e as baterias precisam estar bem protegidas. parece óbvio que o carro tem problema de vulnerabilidade estrutural exatamente onde as baterias de lítio estão alojadas. Mas, é preciso investigar para apontar defeitos onde eles existem, assim como se apontam as qualidades.

Veja o exemplo do Boeing 787 Dreamliner, que também usa este tipo de componente: desistiram de descobrir a causa do incêndio espontâneo e blindaram o invólucro das baterias de bordo de lítio. Depois, a investigação descartou o lítio como causa do incêndio nos aviões.

Para alguns, os incêndios do Tesla Model S lembram o incidente do Ford Pinto no final dos anos 1970. Críticos apontavam falha estrutural no projeto, de conhecimento da montadora, que podiam levar ao rompimento do tanque de gasolina e a incêndios em caso de acidente. Apesar de 27 mortes atribuídas ao problema, a NHTSA (o órgão americano de segurança de trânsito, na sigla em inglês) não encontrou indícios que levassem ao recall do modelo até 1977. Apenas em 1978 a Ford se viu obrigada a convocar os donos do veículo e fazer mudanças no carro.

Histórias do Ford Pinto, Boeing 787 e do Tesla Model S deixam claro: os casos precisam mesmo ser investigados.

Com redação de UOL Carros