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Nissan Sentra, global e elegante, tem preço e recheio atraentes

André Deliberato

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

16/10/2013 19h11

Ter 5% de participação de mercado é o grande objetivo da Nissan até 2016. Hoje, o valor oscila entre 2% e 3%. Os principais responsáveis para atingir a meta serão March e Versa, que começam a ser fabricados no Brasil a partir do ano que vem.

Produzir localmente também permite à marca japonesa importar quantidades maiores de veículos do Mercosul e do México. Nesta lista está a nova geração do Sentra -- que não é fundamental para o crescimento da empresa no Brasil, mas é seu principal representante no prestigiado segmento de médios.

A Nissan almeja chegar a 7,9% de participação no segmento com o seu sedã. Em outras palavras, quer vender todos os 1.400 Sentra que serão importados por mês. É pouco, se comparado ao atual volume de vendas de Honda Civic e Toyota Corolla, líderes de mercado com aproximadamente 5.000 unidades/mês, mas razoável para quem ainda luta para ingressar de vez no Brasil e se desfazer da imagem de "estrangeira".

Para que isso dê certo, o jeito é apelar ao tradicional "custo/benefício": oferecer um carro bem equipado por preços atraentes. No Sentra, R$ 60.990 na versão S, de entrada; R$ 65.990 na SV, intermediária; e R$ 71.990 na SL, topo de gama.

Vídeo mostra detalhes da nova geração do sedã; veja

COMO ELE É
O Sentra será vendido em mais de 120 países com essa mesma nova cara, apesar de ter outros nomes em mercados asiáticos (Sylphy é um deles). O visual não encanta, mas também não desagrada. Bem-resolvida, a traseira é a parte mais harmônica. A frente é uma clara versão encolhida do Altima, um dos grandes campeões de vendas da Nissan nos Estados Unidos.

Todos os mercados receberão um sedã espaçoso e confortável. A área para pernas e cabeças dos passageiros traseiros é nota dez -- e não compromete o porta-malas, que carrega até 503 litros de bagagem (um Civic, por exemplo, leva 449 litros).

O acabamento da versão SL também melhorou em relação à geração anterior (que ficou conhecida pela propaganda em que afirmava "não ser de tiozão"). O material emborrachado da parte superior do painel é refinado. Porém, os plásticos que revestem praticamente todo o console central (imitação de alumínio escovado) e as portas não são tão bons. De um modo geral, a Nissan trata bem os ocupantes.

O cuidado continua quando o assunto é segurança: airbag duplo, freios com sistema ABS, faróis e lanternas de LEDs, luzes de neblina, cintos de três pontos traseiros e fixadores para cadeirinhas infantis (padrão Isofix) são itens de série desde a configuração S. Acesse a lista de equipamentos, diferenciando versões, por aqui. Os três pacotes são fechados: não há opcionais.

SUPERCÂMBIO
O motor não mudou: estamos falando do mesmo quatro-cilindros 2.0 flex de 140 cavalos de potência e 20 kgfm de torque (os números são os mesmos com etanol e gasolina). As únicas alterações no propulsor foram no sistema de injeção de combustível para partidas a frio (passa a utilizar o sistema Flex Start, da Bosch, que dispensa o tanquinho de gasolina adicional); e nas calibrações feitas para receber o novo câmbio CVT (continuamente variável) das versões mais caras. A taxa de compressão continua baixa , de 9,7:1 com os dois combustíveis.

"Em vez de esportividade, a Nissan preferiu focar no conforto", explica Alexandre Clemes, gerente de produto do Sentra. Clique aqui para consultar a ficha técnica.

Mesmo com as mudanças visando a um rodar mais suave, a nova geração do câmbio CVT mudou completamente o comportamento do Sentra. Ele está mais esperto e firme que o anterior. UOL Carros rodou mais de 450 quilômetros, entre Rio de Janeiro e São Paulo, e se impressionou com a capacidade da nova transmissão.

ONTEM E HOJE

  • Divulgação

    O Sentra mudou bastante: abandonou o visual cansado (acima) e ganhou design moderno e inspirado no Altima, sedã grande da Nissan

  • Murilo Góes/UOL

Ela joga a rotação do motor para o patamar que for necessário a cada situação (para isso, simula até sete marchas, que o motorista não vê e não controla), fazendo com que o Sentra responda aos comandos do pé direito rapidamente -- não como em um esportivo câmbio de dupla embreagem, é claro, mas anos-luz à frente do que era o antigo CVT. 

A parte inferior do carro colabora para o rodar mais empolgante. A Nissan diz ter calibrado as suspensões para o conforto, e de fato o conjunto está mais macio, sem aquelas conhecidas pancadas secas da geração anterior, mas a resposta surpreende em curvas sinuosas de velocidades mais altas. A rigidez do carro aumentou.

A Nissan quer deixar claro que seu sedã tem nota A no Conpet, programa consumo do Inmetro, e exibe numa etiqueta enorme nas concessionárias os números obtidos nas medições do órgão:  6,9 km/l na cidade e 9,1 km/l na estrada com etanol; 10,2 km/l e 12,9 km/l com gasolina, nas mesmas condições. UOL Carros conseguiu registrar no computador de bordo 12,7 km/l de gasolina durante o test-drive, que foi predominantemente rodoviário. Com tanque de 52 litros de capacidade, a autonomia apontada no painel superava 650 quilômetros.

Para atrair os clientes desta categoria, a Nissan vai explorar os preços convidativos (menores que o dos concorrentes em todas as versões de acabamento/equipamento), garantia de três anos e o sistema de revisão a preços fixos (até 60 mil/km). Espere também por propagandas fortes e engraçadinhas (como a dos "pôneis malditos", da picape Frontier), algo que tem se tornado comum para a montadora. Tudo isso para brigar pelo 4º lugar do segmento com VW Jetta, Ford Focus (que, em nova geração, pode reagir) e Renault Fluence. Com 1.400 Sentra por mês, é o que dá para querer. 

Viagem a convite da Nissan