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Fiat Punto Attractive 1.4, ainda 'preguiçoso', melhora no acabamento

Punto Attractive: motor 1,4 litro não empolga e parachoque é polêmico, mas acabamento agrada - Divulgação
Punto Attractive: motor 1,4 litro não empolga e parachoque é polêmico, mas acabamento agrada Imagem: Divulgação

André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/07/2012 21h05

A Fiat gastou R$ 400 milhões para reestilizar o Punto no Brasil. O investimento foi gasto em melhorar o acabamento interno do carro, aumentar o prazer ao dirigir e fazer algumas alterações mecânicas, além de atualizar o visual do hatch (o mesmo desde 2007). O resultado foi certeiro em alguns pontos, nem tanto em outros.

O fruto do dinheiro aplicado está no novo acabamento adotado em toda a gama, na cara de modelo europeu (que, aliás, já não é mais a mesma, pois o Punto italiano mudou outra vez) e nas alterações mecânicas espalhadas por toda a linha -- dentre elas, a escalação do novo motor Fire Evo para a versão Attractive.

UOL Carros optou por rodar com esta variação durante test-drive oferecido pela Fiat no sábado (21), para notar as diferenças entre o novo motor e o antigo. Responsável por 50% das vendas do modelo, o Punto Attractive melhorou. Mas o segredo não está no novo propulsor, e sim dentro do carro.

COCKPIT
Um dos pontos fortes do Punto desde o seu lançamento no Brasil é sua posição de dirigir, digna de causar inveja aos concorrentes. Bem acertada, ela fica ainda melhor com o banco ajustado baixo, próximo ao assoalho. Dessa forma, o câmbio fica em posição excelente (apesar de os engates não colaborarem tanto) e o volante, que tem boa empunhadura, completa o que pode se considerar o melhor "cockpit" disponível no Brasil abaixo dos R$ 40 mil (mais exatamente, R$ 38.570).

  • Posição certeira de dirigir e novo acabamento deixaram o interior do Punto 2013 refinado; até o isolamento acústico, antes um problema, evoluiu a ponto de poder ser considerado um dos melhores do segmento

Essa estrutura ficou ainda melhor no Punto Attractive 2013, pois o acabamento deixou o plástico duro e ganhou material emborrachado, de maior qualidade (o mesmo que equipa as versões mais caras do Palio). Estar dentro de um novo Punto ficou mais agradável do que antes, apesar de o carro ainda ter algumas peças que não são referência em refino e tecnologia -- como o botão que controla a intensidade do ar-condicionado ou a catraca dos bancos para ajuste do apoio lombar, ambos antiquados: carros mais baratos já possuem peças mais eficientes. 

Ainda no interior, o painel de instrumentos está mais sofisticado e ganhou novas iluminação e tipografia. Além disso, todo o console pode ser da cor da carroceria (toque estreado no Brasil pelo 500), e o silêncio que domina o ambiente é surpreendente, já que o Punto anterior era um dos piores do segmento nesse quesito -- óbvio que a Fiat não vai assumir isso, mas a marca fez bem em ouvir críticas e caprichou dessa vez. No interior, o capital investido valeu a pena.

A lista de equipamentos do Attractive 1.4 traz itens de série bem interessantes, pecando somente por não incluir ar-condicionado.

Entre outros, vale citar banco do motorista com regulagem de altura; volante com regulagem de altura e profundidade; comando interno de abertura da tampa do tanque de combustível; computador de bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso); console central com porta-objetos e porta-copos; conta-giros; desembaçador do vidro traseiro temporizado; direção hidráulica; airbag duplo dianteiro (motorista e passageiro) e freios com ABS (antitravamento) e EBD (repartição de força); iluminação de porta-luvas e porta-malas; limpador traseiro com acionamento automático na ré; travas elétricas e trava automática das portas a 20 km/h; e vidros elétricos dianteiros com one touch e antiesmagamento.

O Punto 1.4 Attractive sai da fábrica com rodas de aço estampado de aro 15" e pneus de baixa resistência a rolagem com medidas 185/60. O acabamento é com calotas.

  • Motor 1.4 Fire Evo de 88 cv e 12,5 kgfm não empolga e só dá ânimo ao carro em rotações altas

DESÂNIMO
Mas as boas notícias não se estendem para o lado de fora. Esteticamente, o Punto não evoluiu, e isso é nítido: compare uma foto do modelo 2013 com um anterior e veja como o antigo era mais "clean" que o novo (é quase o mesmo caso do novo Honda Fit). O carro não ficou feio -- é importante registrar -- e está mais moderno. Mas após R$ 400 milhões investidos, era de se esperar um visual um pouco melhor. Por que não o do novíssimo Punto europeu, sem os parachoques pretos?

Se a aparência não empolgou à primeira vista, acelerar o Punto 1.4 só aumentou essa sensação. Apesar do ganho de 2 cavalos (a potência subiu de 86 cv para 88 cv e o torque se manteve na faixa dos 12,5 kgfm, com etanol), o fôlego do carro só aparece em rotações mais altas, acima da casa dos 4.000 giros, o que compromete o desempenho do modelo na cidade e na estrada: o Punto precisa abusar de reduções de marchas para conseguir aproveitar o máximo do motor.

E OS OUTROS?

A Fiat também implementou na linha Punto seu câmbio automatizado de segunda geração, chamado pela fabricante de Dualogic Plus. A transmissão, porém, só pode ser escolhida por compradores das versões Essence (1.6) e Sporting (1.8). Outra novidade tecnológica importante fica no Punto T-Jet: o seletor "DNA" é um módulo que oferece três modos distintos de condução, configurados por meio de uma chave no console. Nele é possível alterar as repostas do motor para dinâmico (D), normal (N) e autonomia (A), do mais agressivo ao mais tranquilo, nesta ordem, por meio de um sistema que altera o mapeamento do 1.4 turbinado de 152 cv. O T-Jet também ganhou parachoque próprio com saias maiores -- mas, na dinâmica, elas não têm efeito algum. Os preços do restante da gama Punto são: Essence 1.6, R$ 41.750R$ 44.140 (Dualogic); Sporting 1.8, R$ 46.400 e R$ 48.770; e T-Jet 1.4 turbo, R$ 55.740.

O câmbio é bom, mas alguns engates não são tão precisos, principalmente os da primeira e terceira marchas. A suspensão, ao contrário, é no ponto e joga a favor: o Punto não é duro demais para ser chamado de desconfortável, nem macio o suficiente para o tratarem como molenga.

O carro ficou melhor que o anterior, e disso não há dúvida. Mas, por causa dessas ressalvas, não recomendamos a versão Attractive. Mesmo representando metade das vendas do Punto, ela se torna até desnecessária se considerarmos que, por pouco mais de R$ 3 mil extras, é possível levar para casa a versão 1.6 Essence. Esta tem quase 30 cv a mais e ainda traz ar-condicionado de série (opcional no 1.4).

A Fiat quer aumentar em 20% as vendas do Punto no Brasil, subindo a média de 3 mil carros emplacados por mês para cerca de 3.600 unidades. Apesar do visual polêmico, brasileiro gosta de carro novo, ainda mais quando tem bom preço -- os valores da gama parte dos R$ 38.570 do Attractive e vão a R$ 55.740 (T-Jet).

Sendo assim, pode apostar que o Punto vai vender o que a Fiat quer. E o investimento vai ter valido a pena.

  • Traseira do Punto não gera tanta discussão como a dianteira, por ser mais limpa e harmoniosa