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Criação do automóvel, 125 anos atrás, fez surgir também o carro premium

Mercedes expõe réplica do Motorwagen (esquerda) e conceito F125 no Salão de Frankfurt 2011 - Letícia Lovo
Mercedes expõe réplica do Motorwagen (esquerda) e conceito F125 no Salão de Frankfurt 2011 Imagem: Letícia Lovo

FERNANDO CALMON

Colunista de UOL Carros

27/12/2011 22h01

Em 2011 se comemoram os 125 anos do surgimento dos primeiros automóveis patenteados. Algumas tentativas de criar um veículo com propulsão própria foram feitas antes de 1886 -- ideias anteriores não se tornaram viáveis. A história reserva a primazia a dois pioneiros -- Karl Benz e Gottlieb Daimler -- que no mesmo ano, em cidades diferentes da Alemanha, de forma independente, patentearam um triciclo e um quadriciclo, respectivamente.

Naquela época, as comunicações não eram tão boas e os dois empresários nunca se conheceram pessoalmente, apesar de concorrentes. Daimler morreu em 1900. Mas, as duas empresas -- Benz & Cie. e Daimler-Motoren-Gesellschaft -- acabaram se fundindo, em 1926, sob o nome Daimler-Benz. A marca Mercedes surgiu em 1901, quando o influente homem de negócios austríaco Emil Jellinek, sugeriu que um dos modelos Daimler, modificados para competição, recebesse o nome de sua filha de dez anos.

A nova marca logo criou vínculos aos incipientes veículos de representação. Esses modelos começaram a aparecer no início do século 20, mas não despertaram a atenção de reis e nobres. Um exemplo foi o czar russo Nicolau, entusiasmado por cavalgar, que valorizava os velhos costumes, sem atenção aos automóveis. O imperador alemão, Wilhelm II, mostrava atitude semelhante.

Cavalos e carruagens eram o símbolo máximo de mobilidade para a nobreza europeia. A burguesia endinheirada e emergente evoluiu mais rapidamente. Logo percebeu que automóveis poderiam ser usados para igual fim, desde que contassem com conforto e evolução mecânica. Aos poucos estábulos foram cedendo lugar a pátios e garagens.

A Daimler-Benz percebeu isso e tratou de atender essa demanda. Aí entra a visão de Jellinek ligada também às corridas automobilísticas. Era um aficionado e deu importantes contribuições aos automóveis de representação. Quando encomendava seus carros, não se ligava em carruagens ou modelos apenas alargados e encompridados. Sem abrir mão do conforto e imponência, exigia sempre um motor potente que se colocava no alto da hierarquia do oferecido naqueles dias. E o motorista viajava protegido e não exposto, como em outros modelos.

Em reconhecimento ao austríaco, um modelo 1907, inspirado por ele, está no Museu Mercedes-Benz, em Stuttgart, cidade-sede da companhia. A marca criou vários desses tipos de carros. O principal ícone foi o modelo 600, e sua versão esticada Pullman, usado por chefes de estado, reis, rainhas e príncipes, altos funcionários de governos e empresas, além de artistas e famosos em geral. Lançado em 1963, saiu de cena em 1981, depois de 2.677 unidades produzidas.

Apenas em 2002, a empresa voltou ao mercado revivendo a Maybach, de vínculos históricos com a Daimler e base do primeiro Mercedes. A intenção era ter um concorrente direto para o Rolls-Royce, mas a iniciativa não deu certo e a marca desaparecerá em dois anos.

Carros de representação ajudaram as três marcas alemãs a desenvolver o conceito e as características dos atuais modelos premium. Audi, BMW e Mercedes-Benz, claro, não estão mais sozinhas. Entre outras, as japoneses Acura (Honda), Infiniti (Nissan) e Lexus (Toyota) também são concorrentes, em especial no mercado americano.

Siga o colunista: www.twitter.com/fernandocalmon
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NOVA ESTRELA
Ainda
por decidir pormenores, a Fiat quer mesmo fabricar produtos Chrysler no Mercosul (terceira tentativa da marca americana). Único modo de importar modelos Dodge e RAM do México sem pagar imposto de importação e ter o desconto do IPI majorado para os produtores instalados no Brasil. Nova fábrica de Goiana (PE) seria candidata natural, mas o tempo urge.

É TRI
Primeira fábrica de motores no Nordeste, em Camaçari (BA), produzirá 210.000 unidades/ano. A Ford esconde a configuração, porém é provável eleger unidades de três cilindros. Afinal, se sabe que PSA Peugeot Citroën, GM e VW trilham o mesmo caminho. Fiat também tem o seu projeto, mas há rumores de que essa a opção “esfriou”.

PORTEIRA
Finalmente, as taxas que tiravam a possibilidade do Brasil exportar
etanol de cana-de-açúcar para os EUA caíram. Nada deve mudar em curto prazo. Mas sem a medida protecionista, o etanol brasileiro ganha espaço para ser cotado em bolsa de mercadorias e ter seu preço previsível. A entressafra de lá é a safra daqui (e vice-versa), o que complementará os dois mercados de forma ideal.

SURPRESA
Contran, quase inoperante ao longo de 2011,
terminou o ano com decisão polêmica. Não é mais obrigatória a sinalização da posição de radares em ruas e estradas. Bom lembrar que vários países adotam esse aviso, embora alguns deixem de indicar a localização exata. Para o Brasil, pátria da indústria de multas, certamente é má notícia.

TEMPO É DINHEIRO
Motoristas
devem preparar o bolso para 2012, além do efeito de radares-armadilha. Seguros de veículos ficarão mais caros. Um componente, claro, são acidentes e roubos. Só que a rápida escalada de vendas dos últimos anos tornou lenta a distribuição de peças de reposição, estendendo prazos de reparação e, em consequência, seus custos.