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Fiat Bravo satisfaz e eleva Fiat ao patamar que ela mirou com o Linea

<b>Fiat Bravo Essence, versão de entrada: hatch médio agrada mais com câmbio Dualogic</b> - Divulgação
<b>Fiat Bravo Essence, versão de entrada: hatch médio agrada mais com câmbio Dualogic</b> Imagem: Divulgação

Claudio de Souza

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

25/11/2010 16h57

Depois da apresentação técnica e de mercado do Fiat Bravo, a marca italiana promoveu nesta quinta-feira (25), no Rio de Janeiro, um test-drive do novo hatch médio. UOL Carros experimentou, nas ruas da Barra, a versão Essence, de entrada, com os dois câmbios disponíveis: o manual e o automatizado Dualogic, ambos de cinco marchas. Como saem da fábrica, esses carros custam R$ 55.200 e R$ 57.800. Há também a versão intermediária Absolute, por R$ 62.250 (R$ 65.200 com o câmbio Dualogic). A topo da gama é a T-Jet (R$ 67.700), que só chega ao mercado no final do primeiro trimestre de 2011. Também pudemos testá-la -- esta, na pista do Autódromo de Jacarepaguá.

Como já dissemos, o Bravo é agradável de olhar. Seu desenho é mais suave e simpático que os do Punto e do finado Stilo, carro que ele substitui em nosso mercado (já o fez na Europa em 2007). Faltava conferir o que o Bravo oferece para quem vai dentro dele, ao volante ou como passageiro.

Stilo morreu, mas deixará saudade? Bravo fará sucesso? Opine

A cabine do Bravo Essence é bem-cuidada, mas quem procurar com afinco vai encontrar algumas rebarbas e parafusos aparentes aqui e ali. No entanto, as portas têm um agradável revestimento vinílico, completado por tecido confortável nas partes de contato com o corpo. Há também um emborrachamento de qualidade no painel frontal, com textura diferenciada. Esta peça foi projetada em forma de "V" aberto, com o centro -- na direção do câmbio -- ligeiramente proeminente. Isso faz com que o painel de instrumentos e os comandos do console central fiquem voltados para o motorista, e ainda garante mais espaço para o passageiro.

A ótima qualidade da posição de dirigir é garantida pelos ajustes combinados de altura do assento e de profundidade e altura da coluna de direção -- por sinal, o volante tem uma empunhadura muito boa. Quem quiser uma sensação de "pilotagem" pode colocar seu banco mais baixo -- a disposição do painel cria uma sensação de cockpit. Os fãs de um ponto H elevado poderão subir o assento a ponto de quase encostar a cabeça no teto -- que não é exatamente alto (o Bravo mede 1,5 metro).

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Traseira do Bravo lembra um carro da Alfa Romeo: visual suave é diferencial

Essa é outra característica interessante do Bravo: o parabrisa bastante inclinado e a janela traseira pequena, bem como a linha de cintura elevada e ascendente, dão a quem vai dentro a sensação de estar num carro menor do que ele realmente é. Herança do Stilo, irmão de plataforma que também dava essa impressão.

Não que o Bravo seja apertado. Há espaço de sobra para quatro pessoas, proporcionado pelo bom entre-eixos de 2,6 metros. Um quinto ocupante, no centro do banco traseiro, será um incômodo (como acontece em quase todos os carros atuais). E há mimos bacanas: o compartimento refrigerado dentro do apoio de braço central é útil e recebe até duas latinhas (uma sobre a outra), e o ar-condicionado (nas unidades que testamos havia o de duas zonas de climatização) tem saída para os passageiros de trás, instalada também no apoio de braço -- uma solução que mata dois calores com uma única peça.

EM MOVIMENTO
Dirigimos o Bravo Essence nas avenidas da Barra, zona oeste do Rio, que em geral têm bom asfalto e trânsito intenso, mas com alguns trechos em que é possível acelerar um pouco mais fundo.

Nessas condições, o Bravo se mostrou muito agradável de dirigir, em grande parte pelo acerto equlibrado da suspensão (e a despeito dos pneus relativamente baixos, de medida 205/45), mas também pela direção elétrica Dual Drive, que, por meio da função City, acionada por uma tecla, torna-se extremamente leve nas manobras mais apertadas (como em garagens), retomando a progressiva firmeza após os 46 km/h, quando o sistema é automaticamente desativado. O senão é a ausência de qualquer indicador disso no painel.

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Interior da versão Essence: bom acabamento e painel voltado para o motorista

O motor 1.8 E-torq é cumpridor e bastante adequado ao porte do Bravo. O carro é bom de arrancada e retomada, e em velocidades de cruzeiro mais elevadas o propulsor trabalha solto, sem gritar. E merece uma menção honrosa o câmbio Dualogic: sua evolução desde o lançamento (justamente no Stilo, há quase três anos) é notável. Os trancos e buracos entre as marchas diminuíram consideravelmente, e no modo Drive é possível até esquecer que se trata de um sistema automatizado, em vez de automático.

Esse salto qualitativo ficou mais nítido quando experimentamos, mais tarde, o mesmo carro com o câmbio mecânico. Este continua um tanto flácido, com uma manopla desconfortável e a quarta marcha difícil de encontrar nas reduções rápidas. Um ponto baixo que a Fiat ainda demora a resolver, inclusive em outros modelos (como o Punto e o Linea).

PILOTANDO O T-JET
Com equipamentos como controle de estabilidade e de tração e a função Overboost para incrementar a performance, o Bravo T-Jet é outra conversa -- inclusive em relação aos demais turbinados da gama Fiat. O motor 1.4 turbocomprimido é o mesmo, mas a diferença positiva é feita justamente pelo câmbio. Trata-se de um sistema manual de seis marchas, importado da Itália, que oferece marchas mais curtas e engates bem mais precisos (sem falar na manopla, menor e mais adequada para uma direção mais esportiva).

Como se diz, "sentamos o pé" na pista de Jacarepaguá, que tem curvas bastante longas e acentuadas -- uma chance de levar ao limite a aderência proporcionada pelo conjunto de suspensão com acerto mais esportivo, pneus baixos em rodas de aro 18 (opcionais) e o controle eletrônico de estabilidade. E o Bravo não desgarrou nenhuma, mas nenhuma vez mesmo, ainda que entrando em curvas com as rodas internas mordendo a zebra, a mais de 130 km/h (lembre-se, trata-se de um carro civil, e não de competição).

O T-Jet será uma versão de baixo volume de vendas, e só chega ao mercado no ano que vem, até março. Por isso, o teste desta quinta foi uma espécie de aperitivo. Mas o Bravo civil, que chega agora às lojas, eleva a Fiat a um patamar quase premium entre os médios, coisa que o Linea, lançado com muito blablablá de "nobreza", jamais conseguiu. O Bravo está aprovado, e deve incomodar os líderes Hyundai i30 e o Ford Focus.

Viagem a convite da Fiat