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Impressões ao dirigir: Gol 1.0 encara rivais, mas 1.6 perde do 'primo'

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Imagem: Divulgação

Claudio de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

01/07/2008 17h17

O test-drive com o novo Volkswagen Gol, realizado na segunda-feira (30/6) entre as cidades de São Paulo e Taubaté, no interior, permitiu a UOL Carros experimentar o veículo nas duas motorizações, 1.0 e 1.6. Os carros cedidos pela Volks, nas versões de entrada e Power, top de linha, estavam recheados de opcionais. Como notamos na reportagem sobre o lançamento, vender dezenas de equipamentos separadamente foi o jeitinho que a marca arrumou para divulgar preços de tabela atraentes para o Gol. A interminável lista de opcionais das versões comprova isso.

Essa observação é importante porque a primeira impressão que UOL Carros teve ao entrar no Gol 1.0 foi a de que se tratava de um carro muito acima da média de sua faixa de preço, em termos de acabamento e mimos aos ocupantes. Ainda estávamos sob o impacto da divulgação dos valores, feita minutos antes pela Volks. A reação imediata foi: "Nossa, tudo isso por R$ 28.890?"

Mas não era bem assim. Quase tudo que nos surpreendeu no interior do carro, do ar-condicionado com controles em aço acetinado ao elegante conjunto de luzes no teto, do volante com comandos do rádio (de difícil manuseio, aliás) ao computador de bordo, da chave-canivete aos aros cromados no painel, precisa ser comprado à parte. O exemplar que nos coube tinha o pacote Trend (R$ 29.825) e vários outros itens opcionais. Ou seja: por vocação, o Gol 1.0 continua sendo um carro bem básico e simples. Como em outros modelos do segmento, só vai oferecer preço "baixo" se permanecer como veio ao mundo: pelado.

Rodando com o Gol 1.0, UOL Carros percebeu um conjunto acertado e suficiente para uso urbano, onde o anda-pára é a regra e o torque de 9,7/10,6 kgfm (gasolina/álcool) do novo motor VHT, disponibilizado a 3.850 giros (que é maior, e às vezes chega antes, que a média do segmento), ajuda a enfrentar o tráfego pesado com mais disposição. Na estrada, porém, o motor de 1.0 litro é previsível: as retomadas são lentas, e em velocidades acima de 110 km/h o motor trabalha além de 4.000 giros e faz muito barulho. Não é por aí que se achará graça em pilotar esse carro.

ESFORÇO ZERO
O trinômio direção/suspensão/rodas mostrou-se adequado e bem suave de gerenciar, ressalvando que guiamos um exemplar com direção hidráulica, que é opcional (não faz parte nem do pacote Trend). As respostas ao volante sempre foram rápidas, e a adoção do sistema dianteiro do Seat Ibiza na sustentação da carroceria ajudou a dar um "upgrade" na dirigibilidade do Gol, deixando-o mais perto do "primo" de marca, o Polo, que dele mesmo, Gol, em anos anteriores. O bom é que isso já está no preço inicial; o ruim é que, assim como a assistência hidráulica, a regulagem de altura e profundidade da coluna da direção também é paga separadamente.

A posição de dirigir melhorou no novo Gol também por causa do volante reto e de uma sensação geral de mais espaço, garantidos pela posição transversal do novo motor (e não longitudinal, roubando centímetros do habitáculo e entortando o volante). Mas o controle de altura do banco do motorista (de série em todas as versões, por incrível que pareça) tem curso muito pequeno, e não faz tanta diferença assim.

Quanto à transmissão, aprovamos a performance do câmbio manual, o mesmo usado no Volkswagen Fox. A alavanca demanda esforço quase zero do motorista, as marchas não se sobrepõem e a embreagem suave é um refresco para nossa perna esquerda.

OS DETALHES DO NOVO GOL
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Motor 1.6 do Gol Power, o mesmo do Fox e Polo: diversão garantida
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Controles do ar-condicionado são chiques; equipamento é opcional
FICHA TÉCNICA DAS VERSÕES
EQUIPAMENTOS E OPCIONAIS
REPORTAGEM COMPLETA

MOTOR MAIOR, DIVERSÃO MAIOR
O Gol Power (R$ 36.420), equipado com motor 1.6, mostrou-se bem mais interessante na estrada e, digamos, 60% mais esperto no trânsito urbano de São Paulo. Enquanto seu "irmão" 1.0 "gritou" muito para manter-se na faixa entre 120 km/h e 130 km/h, o Gol com propulsor maior e sua boa potência máxima de 101/104 cavalos (gasolina/álcool) a 5.250 rpm atingiu com facilidade velocidades superiores e passou uma notável sensação de estabilidade e segurança, inclusive em curvas abordadas com uma certa ousadia. Aliás, note-se que nas duas unidades testadas praticamente não houve flutuação perceptível.

De modo geral, os mesmos elogios ao restante da mecânica e estrutura do Gol 1.0 valem para o 1.6. E as mesmas críticas à "nudez" de equipamentos, a ser vestida apenas com o desembolso de mais milhares de reais, também se aplicam ao carro com motor maior -- e olhe que aqui falamos da versão top.

Não foi possível avaliar o consumo dos carros, mas a Volks fala em 18,6 km/l com o 1.0, e 18,5 km/l com o 1.6, ambos em estrada e usando gasolina; e 14,1 km/l e 13,1 km/l (1.0 e 1.6 com gasolina) na cidade. São números otimistas demais. Motoristas de carne e osso, em condições reais, não os atingirão.

A conclusão acaba sendo meio óbvia: se você quer um carro relativamente barato, para uso principalmente urbano, bem sacado visualmente (já falamos bastante da estética do novo Gol aqui) e não faz muita questão de mimos, o Gol 1.0 pode ser uma escolha racional em comparação com a concorrência. É o mesmo bom e velho carrinho pé-de-boi, mas em versão tecnologicamente mais afinada com o século 21.

Mas se for o caso de gastar mais de R$ 40 mil para ter um compacto bem equipado e com ótimo acabamento, gostoso de dirigir e digno de ser um carro mundial de uma marca importante, o Gol 1.6 Power não é a melhor opção. A resposta pode estar dentro da própria Volkswagen: pense no seu "primo", o Polo. Pode não ser tão bonito quanto o novo Gol, mas é mais carro. Quanto ao Fox...

Test-drive a convite da Volkswagen do Brasil, que emprestou os carros