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Salão de Detroit inicia guerra por título de rei "verde" do automóvel

De Julio César Rivas

Em Detroit (EUA)

10/01/2011 20h38

O Salão Internacional do Automóvel da América do Norte (NAIAS) abriu nesta segunda-feira suas portas em Detroit com um evidente otimismo sobre o futuro e com o início de uma nova guerra automobilística para determinar quem é o rei "verde" do setor.

Nas décadas de 1960 e 1970, a luta dos grandes do setor americano se centrou nos esportivos de grande potência, como o Ford Mustang, o Dodge Challenger e o Chevrolet Camaro. Na década de 1990 e nos primeiros anos do século XXI a luta foi entorno dos Off-Road, os Sport Utility Vehicles (utilitários), como são conhecidos na América do Norte.


Após a grave crise dos dois últimos anos, que quase acabou com dois dos grandes do automóvel americano, General Motors e Chrysler, e com a nova ênfase no meio ambiente, com novas tecnologias e fontes de energia, o campo de batalha se transferiu para o terreno elétrico.

Os três principais adversários em nível mundial (General Motors, Toyota e Ford) chegaram ao salão de Detroit com suas principais cartas em jogo e ambiciosos planos para assumir o trono ecológico dos próximos anos.

A Toyota, que foi o primeiro no campo da tecnologia híbrida com o Prius, revelou nesta segunda-feira em Detroit o modelo Prius V, uma versão de seu clássico híbrido, o protótipo Prius C, um híbrido pequeno e de preço reduzido, e o Prius recarregável.

A empresa deixou claro na capital automobilística americana que apesar das dificuldades de 2010 (afetada por diversos recalls), a companhia brigará cada vez mais no competitivo campo dos veículos elétricos e híbridos.

O neto do fundador da empresa e atual presidente, Akio Toyoda, disse durante o salão que apesar das dificuldades de 2010, a Toyota foi capaz de continuar sendo a marca mais vendida.

"Temos a intenção de seguir ganhando esta lealdade dos clientes com uma maior dedicação à qualidade, segurança e atenção ao cliente", afirmou Toyoda, além de dizer que a empresa segue "comprometida com o meio ambiente".

A Ford também defendeu suas credenciais em matéria ecológica.

O bisneto do fundador da empresa americana, Bill Ford, se reconheceu como um ecologista enquanto mostrava os novos veículos elétricos e híbridos que a Ford lançará nos próximos meses na América do Norte e na Europa.

A companhia considera que os preços do combustível dispararão nos próximos anos, por isso Bill Ford disse que a empresa desenhou toda sua estratégia de acordo com essa presunção.

Em Detroit, a empresa revelou os primeiros resultados práticos dessa filosofia, os veículos C-Max Energi, C-Max Hybrid e Focus Electric.

Os dois primeiros serão produzidos na América do Norte no próximo ano e na Europa, na fábrica que a empresa tem em Almussafes, em 2013. Por sua parte, o Focus Electric começará a ser produzido e vendido nos Estados Unidos, embora em pequenas quantidades, no final deste ano.

A Ford disse que o C-Max Hybrid terá um consumo mais reduzido que as 41 milhas por tanque (5,74 litros por cada 100 quilômetros) do Ford Fusion Hybrid, o mais eficiente nos Estados Unidos, enquanto o Energi será capaz de percorrer mais de 500 milhas (cerca de 800 quilômetros) utilizando a bateria e o motor de combustão.

A companhia também aproveitou o salão para revelar o protótipo do 4x4 Vertrek, um veículo compacto e que exibe detalhes da próxima geração de OffRoads do fabricante, assim como para anunciar que nos dois próximos anos contratará sete mil pessoas nos Estados Unidos para responder ao aumento da demanda.

A General Motors (GM) abriu o Salão de Detroit recebendo o prêmio de Carro do Ano na América do Norte por seu Chevrolet Volt, um veículo elétrico que começou a ser vendido em dezembro e com o qual quer revolucionar o setor.

A empresa, em plena reconstrução, se limitou a mostrar em Detroit os novos Chevrolet Sonic (um compacto que substitui o Aveo) e Buick Verão (que competirá com veículos como o Audi 3).

A empresa já assinalou que segue com seus planos para utilizar a fábrica do Volt em veículos futuros, em uma estratégia similar à de Ford e Toyota.

Talvez o melhor representante do otimismo, outra tendência que domina Detroit, seja o Grupo Chrysler.

Nesta segunda-feira, a empresa dirigida pelo italiano Sergio Marchionne proclamou seu "retorno" ao cenário mundial após o sofrimento dos dois últimos anos.

Olivier Francois, executivo-chefe da Chrysler, acrescentou que este "é o momento de a empresa reaparecer no cenário do automóvel" e colocou grandes expectativas no Chrysler 300.

Precisamente, nesta segunda-feira se soube que a Fiat aumentou sua participação no Grupo Chrysler de 20% para 25% ao confirmar a iminente produção nos Estados Unidos do motor de consumo reduzido FIRE, com o qual o Fiat 500, que será vendido na América do Norte, será equipado.