Por que a parceria de Honda e Google para carros autônomos fracassou?
Após meses de negociação, fabricante japonesa se aliou à americana GM
A Honda Motor e a Waymo (a divisão de carros autônomos do Google) estavam se aproximando neste ano de um acordo para o desenvolvimento conjunto de veículos autônomos, mas a empresa japonesa desistiu da parceria, segundo fontes informadas sobre o assunto.
Depois, a Honda entrou em acordo com a General Motors para se aliar à Cruise (a divisão de autônomo da gigante de Detroit), escolhendo uma parceira familiar em vez de um peso-pesado da tecnologia.
Há uma série de razões para explicar por que o acordo com a Waymo fracassou, mas as questões mais prementes ressaltam as complexidades enfrentadas pelas empresas de tecnologia e fabricantes de veículos quando se unem e ao mesmo tempo competem por uma fatia do futuro dos transportes.
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Faltou parceria na parceria
Por um lado, a Waymo não estava disposta a compartilhar a tecnologia básica que já havia desenvolvido para fazer funcionar os veículos autônomos, mas queria fechar um acordo para que a Honda fornecesse os carros, de acordo com duas pessoas com conhecimento do assunto -- elas pediram para não serem identificadas porque as negociações foram privadas.
Em essência, a Waymo queria ser o cérebro e colocar a Honda na função de músculos do relacionamento.
"Tudo se resume ao controle da tecnologia e à experiência do usuário", disse Grayson Brulte, cofundador da consultoria de autonomia Brulte & Co. "Só podemos presumir que a Honda quer manter um certo grau de controle."
Uma pessoa a par das negociações disse que a Waymo queria que a Honda fornecesse os veículos elétricos -- área na qual a fabricante de veículos está apenas começando a se consolidar. Todas as parceiras atuais da Waymo, como FCA e BMW, fornecem veículos elétricos ou híbridos plug-in porque seu sistema de direção autônoma precisa de mais potência do que as pequenas baterias de 12 volts dos carros convencionais.
Depois de iniciar as negociações, no fim de 2016, a Honda disse à Waymo que estava trabalhando em um veículo elétrico para a parceria que competiria com o Tesla Model 3. Mas, em dezembro do ano passado, a Waymo mostrou preocupação com o progresso rumo a esse objetivo e a Honda foi ao mercado atrás de baterias para equipar o veículo, disse a fonte.
Baterias --e parceria -- da GM
Simultaneamente, a Honda mantinha parceria com a GM para o desenvolvimento de células de combustível. A fabricante de veículos de Detroit oferece o Chevrolet Bolt nas lojas e desenvolveu uma bateria que será usada em 20 novos veículos elétricos em todo o mundo até 2023. Em junho, as empresas anunciaram um acordo por meio do qual a Honda usaria as células e a bateria da GM, não só porque a bateria da GM tinha boa autonomia, mas também porque as duas fabricantes descobriram que, trabalhando em conjunto, poderiam reduzir os custos.
Pouco depois, as duas empresas começaram a dialogar também a respeito da tecnologia de direção autônoma. A GM havia exibido seus carros autônomos no ano passado e em maio obteve investimento de US$ 2,25 bilhões da empresa japonesa SoftBank Group, o que lhe deu credibilidade tecnológica.
Nos últimos dois meses, funcionários da Honda foram a São Francisco para conhecer melhor a tecnologia da GM Cruise. Seus engenheiros fizeram várias viagens por dia durante semanas, disse uma das pessoas. A Honda examinou o código da Cruise e estudou a tecnologia mais de perto, algo que a Waymo prefere não permitir.
O resultado: um acordo anunciado nesta semana segundo o qual a Honda se compromete a injetar US$ 2,75 bilhões na Cruise em troca de uma participação de 5,7 por cento, o que avalia a empresa em cerca de US$ 14,5 bilhões.
Honda e Waymo preferiram não comentar sobre o fracasso das negociações. Kyle Vogt, CEO da Cruise, disse em entrevista que o acordo da empresa foi o resultado de "uma relação preexistente com a Honda que remonta e abrange muitas colaborações para novas tecnologias".
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