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Novo Nissan Altima confirma falta de prestígio dos carros feitos em Detroit

John Lippert,Keith Naughton

03/10/2018 15h28

Enquanto Ford e FCA só se importam com SUVs, asiáticas avançam firme com novos sedãs

Quando o Nissan Altima redesenhado sair à venda nesta semana, ele vai colocar mais um prego no caixão dos sedãs fabricados por empresas com sede na região de Detroit -- a cidade que inventou o conceito dos carros familiares.

A FCA (Fiat Chrysler Automobiles) parou de fabricar sedãs nos EUA há dois anos. A Ford planeja fazer apenas SUVs e elétricos em 2020, mas não lançará mais sedãs nesse meio tempo. Como a General Motors é a única em Detroit que ainda tem uma linha completa de carros, as fabricantes asiáticas de veículos têm um campo livre e deverão capturar 88% das vendas de carros médios em 2022, contra 64% em 2012, de acordo com Zohaib Rahim, analista da "Cox Automotive".

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Americanas não morrem, mas asiáticas avançam

Esse domínio em matéria de carros das empresas asiáticas, entre elas as afiliadas coreanas Hyundai e Kia, tem menos valor em 2018 do que antes porque os consumidores americanos continuam comprando SUVs e crossovers.

Alan Baum, analista independente do setor automotivo em Bloomfield (Michigan), projeta que o total de vendas de carros de passeio nos EUA cairá de 7,1 milhões em 2012 para 4 milhões em 2023. No ano passado, as vendas domésticas de carros tradicionais caíram abaixo do nível de 2009, disse Baum.

Mas Nissan, Honda e Toyota podem suportar melhor esse declínio do que suas concorrentes de Detroit, disse Baum. Isso ocorre porque suas fábricas flexíveis podem mudar mais facilmente de carros para crossovers -- e possivelmente em sentido inverso se a alta dos preços do petróleo provocar um renascimento dos sedãs, disse ele.

O novo Altima, por exemplo, compartilha bases mecânicas com o sedã elétrico Leaf, o crossover Murano e o SUV Pathfinder. Além disso, embora a Ford tenha vendido no mês passado o maior número de picapes da Série F em um mês de agosto desde 2005, Baum qualificou a decisão de Detroit de deixar de fabricar carros como uma fraqueza estratégica autoinfligida.

Extravagante

O designer do Altima, Ken Lee, disse que, para o novo visual do veículo, ele buscou um apelo ágil e voltado para o desempenho que os SUVs não podem igualar -- algo que os compradores podem ter achado inapropriado durante a crise financeira.

"Podemos ser um pouco mais extravagantes agora", disse Lee, "mas não queremos assustar as pessoas".

Apesar de todas essas melhorias, até a Nissan está sendo obrigada a conter suas ambições para o Altima. A empresa planeja fabricar 230.000 unidades neste ano em fábricas em Smyrna (Tennessee) e Canton (Mississipi), disse Baum, contra 345.000 do modelo anterior, em 2016.

Denis Le Vot, presidente de operações da Nissan na América do Norte, preferiu não revelar as metas de produção ou vendas da Nissan.