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Marcas pioneiras de carros autônomos "param para pensar" após mortes

Frota de Volvo XC90 com adaptações para teste de modo autônomo pelo Uber - Kyodo News/Getty Images
Frota de Volvo XC90 com adaptações para teste de modo autônomo pelo Uber
Imagem: Kyodo News/Getty Images

Brian Eckhouse

02/05/2018 16h51

"Isso lhes dá uma oportunidade para respirar. Não precisam ser tão agressivas", aponta relatório

A série de acidentes de ampla repercussão envolvendo carros com direção autônoma está desacelerando a corrida maluca do negócio de veículos autônomos, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (2).

Os acidentes, alguns deles fatais, provocaram um debate sobre como regular a segurança dos veículos com direção autônoma e reduzir as expectativas da população, afirmou relatório. Além disso, expuseram o lado negativo da pressa para chegar ao mercado, levando alguns integrantes do setor a tirarem o pé do acelerador, disse Andrew Grant, analista da "Bloomberg New Energy Finance" em Londres.

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Empresas como Uber, Tesla e Waymo (Google e FCA) vêm promovendo os carros autônomos como a próxima revolução do transporte. Era cada vez maior a pressão para tornar a tecnologia viável para as ruas quando um dos carros da Uber matou uma ciclista no Arizona, em março. A empresa interrompeu o programa de testes de veículos autônomos. Toyota Motor e Nutonomy, da Aptiv, anunciaram a suspensão temporária dos testes em vias públicas dos EUA. Também em março, o motorista de um Tesla Model X morreu em um acidente na Califórnia que ocorreu com o recurso "Autopilot" (que é semiautônomo) acionado.

"Isso lhes dá uma oportunidade para respirar", disse Grant. "Agora elas podem parar de contar aos investidores essa história de crescimento. Não precisam ser tão agressivas".

Não houve mudanças significativas nas políticas federais dos EUA para os veículos autônomos neste ano, mas em março o Arizona ordenou que a Uber deixasse de operá-los nas vias do estado.

Os órgãos reguladores estão examinando também os serviços de transporte prestado por particulares, segundo o relatório da BNEF, citando preocupações a respeito da infraestrutura pública e de seu impacto nos mercados de trabalho.

As possíveis consequências de serviços como Uber e Lyft, como o uso menor de transporte público e o trânsito maior, levaram vários estados a propor ou aprovar novos impostos. São Francisco e Seattle também estão incentivando as empresas a divulgar dados sobre os salários e os horários de trabalho dos motoristas.

"A maior parte dos impostos aplicados aos serviços de transporte prestado por particulares até hoje foi insuficiente para mudar o comportamento do consumidor", disse Grant, por e-mail. Mas como as cidades estão enfrentando impactos adversos no trânsito e no uso do transporte público, "mais impostos podem estar a caminho".

Outras conclusões do relatório

Cerca de 20.000 novos veículos foram adicionados pelas empresas com frotas para o compartilhamento de veículos no primeiro trimestre, elevando o total global a mais de 200.000.

As empresas de veículos conectados e autônomos levantaram quase US$ 400 milhões em investimentos privados no primeiro trimestre, queda de 37% em relação ao quarto trimestre.

No fim de abril, havia mais de 900 milhões de usuários ativos de aplicativos digitais de transporte em todo o mundo e 48 milhões de motoristas.