Topo

Novo A8 anda sozinho e promete fazer 142 km/l para tirar Audi da crise

Christoph Rauwald<br>Em Barcelona (Espanha), com redação do UOL em São Paulo (SP)

11/07/2017 17h31

Quarta geração do sedã quebra "mesmice" visual e usa o que de mais tecnológico marca tem a oferecer para buscar BMW e Mercedes

O diretor-executivo da Audi, Rupert Stadler, pressionado devido à participação da fabricante de automóveis de luxo no escândalo de emissões da empresa controladora da marca, a Volkswagen, aposta na nova geração do A8 e em outros lançamentos para acalmar os críticos.

Ao apresentar a quarta geração do sedã tipo limusine em Barcelona (Espanha), rodeado por carros que giravam e sob um jogo de luzes --, o chefão da marca fez uma breve menção à montanha de problemas que enfrenta, mas preferiu destacar a capacidade autônoma do novo A8 e a linha futura de SUVs e elétricos.

"Em latim, Audi significa ouvir", disse Stadler, que recebeu muitas críticas de colegas executivos e líderes sindicais no último ano devido à queda nas vendas e à ampliação das investigações legais sobre a participação da Audi nas manipulações dos carros a diesel. "Nós ouvimos quando somos aplaudidos e ouvimos quando somos criticados", disse.

Stadler, que assumiu o comando da marca de luxo há uma década, enfrenta seu teste mais difícil em um momento em que a divisão que mais colabora com os lucros da Volkswagen luta para sair da crise que manchou a reputação de empresa de alto padrão e a deixou para trás em relação às concorrentes Mercedes-Benz e BMW.

Um lançamento bem-sucedido do novo A8 ajudaria a acalmar as preocupações em relação à capacidade do diretor de recuperar a marca, e debelaria as queixas quanto ao portfólio desatualizado em relação a tecnologias de condução autônoma e visual.

Há muito em jogo, porque a Volkswagen não pode se permitir um vacilo da Audi. Os lucros da fabricante com sede em Ingolstadt (Alemanha) são vitais para conter o impacto financeiro sem precedentes da crise de emissões, que custou à Volkswagen mais de 22 bilhões de euros (R$ 82 bilhõess) até o momento, com diversas investigações e ações judiciais ainda pendentes.

Preocupação com confiabilidade

Há muito em jogo também para Stadler, pessoalmente, já que em maio o executivo estendeu seu contrato com a empresa por mais cinco anos e, poucas semanas depois, ampliou o recall de carros movidos a diesel na Europa, afetando cerca de 24 mil A8 e A7.

A descoberta gerou um atrito entre Stadler e o ministro dos Transportes da Alemanha, Alexander Dobrindt, o que rendeu ao chefão da Audi críticas severas de seus próprios colegas de empresa. Em sinal de apoio, o diretor-executivo da Volkswagen, Matthias Müller, participou do evento desta terça-feira, assim como Hans Michel Piech, membro importante do clã Porsche-Piech, dono da Volkswagen.

As inovações do A8

O novo A8 marca duas transições importantes da Audi. De um lado, trata-se do primeiro veículo com visual desenvolvido do zero pelo novo chefe de design da Audi, Marc Lichte. Além disso, marca a entrada definitiva da marca no universo da condução autônoma e ecologicamente correta.

Sistema de quatro rodas esterçantes do novo Audi A8 - Divulgação - Divulgação
Assim funciona o sistema de quatro rodas esterçantes do novo Audi A8
Imagem: Divulgação
Controles de voz, conjunto de motor e transmissão elétricos, assistente de condução em congestionamento (algo que os novos A4 e A5 também trazem), suspensões ativas controladas por motores elétricos, aplicativo que transforma o celular em "chave" do carro e até mesmo um sistema de quatro rodas esterçantes -- o par traseiro pode apontar para o mesmo sentido do dianteiro (melhorando desempenho em curvas longas e velozes), ou também para o lado oposto (o que auxilia em manobras num espaço reduzido).

O carro, que aparece no último filme do Homem-Aranha, tem contornos mais nítidos que o tornam mais musculoso e uma grade dianteira bastante ampla, padrão estético brevemente antecipado pelo conceito Q8, do Salão de Detroit deste ano.

Motorização traz opções a combustão já conhecidas, com V6 e V8 turbo (a gasolina ou a diesel) e o velho W12 naturalmente aspirado. Novo mesmo é o sistema de propulsão híbrida MHEV, que acopla o V6 TFSI a um sistema elétrico montado sobre o eixo traseiro, comandado por uma central de 48 volts, e que promete rodar até 142 km com um litro de gasolina. Você não leu errado: são 142 km/l mesmo, e não 14,2 ou 1,42...

Como? Através de um inovador sistema start-stop, que é capaz de monitorar o tráfego à frente para saber quando é mesmo necessário religar o carro, e também desliga o motor a combustão por até 40 segundos em velocidades de cruzeiro entre 60 e 160 km/h, sem que o motorista perceba, a fim de economizar combustível.

Fabricado em Neckarsulm (Alemanha), o A8 4 começará a ser vendido na Europa no último trimestre deste ano, a partir de 90.600 euros (cerca de R$ 340 mil). Brasil deve receber a nova geração em meados de 2018.