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Mercedes cometeu fraude "à lá VW" em mais de 1 milhão de carros, diz jornal

SUV ML350 é um dos que utilizam os dois motores a diesel investigados pela Justiça do país europeu - Divulgação
SUV ML350 é um dos que utilizam os dois motores a diesel investigados pela Justiça do país europeu Imagem: Divulgação

Em Berlim (Alemanha)

13/07/2017 18h58

Segundo reportagem, investigação da Justiça local aponta para novo escândalo de manipulação em motores a diesel

A Mercedes-Benz teria manipulado dois tipos de motores para fazê-los parecer menos poluentes, em caso similar ao da Volkswagen, anunciaram vários veículos alemães nesta quinta-feira (13). 

O caso pode afetar mais de 1 milhão de veículos vendidos na Europa e nos Estados Unidos, conforme primeiros indícios de uma investigação aberta em março pela Justiça da Alemanha. A companhia pode ser acusada de fraude e propaganda enganosa no caso.

"A empresa de Stuttgart teria, entre 2008 e 2016, vendido carros com nível fora dos índices autorizados de emissões de gases poluentes", afirmou o jornal Süddeutsche Zeitung, em investigação conjunta com as emissoras de televisão NDR e WDR.

Os três órgãos de comunicação tiveram acesso a documentos da investigação. Segundo eles, a Mercedes teria manipulado as taxas de emissões em "carros de passeio e utilitários dotados de propulsores das famílias OM642 e OM651", todos movidos a diesel.

Que motores são esses

O OM642 é um motor V6 3.0 turbo que equipou versões das antigas gerações de modelos como Classe C, E e S, além de SUVs (ML, Classe G e GL) e vans como Sprinter e Vito. Já o OM651 é um 4-cilindros com duas opções de capacidade cúbica (1,8 ou 2,1 litros), também presente em modelos de diversas plataformas.

Além da Mercedes, tais unidades empurraram modelos da Chrysler, tais quais Jeep Grand Cherokee, Jeep Commander e Chrysler 300C, embora ainda não haja informação sobre se a investigação também afetará a montadora americana.

Todavia, a reportagem do jornal aponta que o sistema de manipulação é muito similar ao da Volkswagen, que alterou 11 milhões de motores, num caso revelado em 2015 e apelidado de dieselgate (escândalo do diesel, em tradução livre do inglês).

O que dizem investigadores e investigada

Questionada pela AFP, uma porta-voz da Daimler não quis comentar a investigação em curso nem "especulações", mas iterou que a empresa está cooperando com as autoridades. 

"Sempre dissemos que nossas suspeitas iniciais se basearam na manipulação do tratamento de emissões de gases tóxicos em veículos a diesel da Daimler (proprietária da Mercedes)", disse nesta quinta à AFP um porta-voz do Ministério Público de Stuttgart.

A investigação está focada em dois funcionários da fabricante, disse o porta-voz. Ainda de acordo com os veículos de imprensa alemães, essas duas pessoas trabalham no desenvolvimento de programas informáticos para os motores a diesel.

O grupo também terá que prestar contas nos Estados Unidos, onde enfrenta denúncias coletivas de propaganda enganosa.

Após o escândalo da Volkswagen, autoridades alemãs iniciaram em 2016 uma investigação que revelou irregularidades similares em 16 marcas de carros vendidos no país. Até o momento as cinco marcas do país (Volkswagen, Mercedes, BMW, Audi e Porsche) aceitaram fazer um recall de cerca de 600 mil veículos, sendo 280 mil da Mercedes.

Entretanto, a irregularidade investigada agora é mais grave e abrange número maior de carros.