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Honda CG faz 40 anos e retrata evolução das motocicletas

Arthur Caldeira

Da Infomoto

04/11/2016 08h00

Primeira moto quatro tempos fabricada no Brasil (desde 1976) teve Pelé fazendo propaganda e vendeu mais que VW Gol

A Honda CG 125 completa 40 anos de estrada. A longevidade justifica-se pelo sucesso nas vendas: mais de 11 milhões de unidades comercializadas desde 1976 rendem-lhe o título de veículo mais vendido do Brasil em todos os tempos – o VW Gol, que foi líder de vendas por 27 anos, emplacou cerca de 6,2 milhões.

Quarentona, a CG retrata também a evolução das motocicletas nacionais. De uma pequena e utilitária 125 cc com 11 cv de potência, freios a tambor e partida a pedal em 1976, evoluiu para modelo de entrada com motor bicombustível de 160 cc, 15,1 cv, sistema de freios combinados com disco na dianteira, partida elétrica e painel digital.

O primeiro modelo da CG fabricado pela marca japonesa no Brasil surgiu como uma alternativa à proibição da importação de veículos imposta pela ditadura militar. Foi também resposta à crise mundial do petróleo na década de 1970. Baixo preço (valia a metade do valor de um carro popular da época), economia de combustível e menor emissão de poluentes eram os principais argumentos de venda. Qualidades bradadas por ninguém menos do que Pelé, garoto-propaganda no lançamento da CG 125.

Pelé faz propaganda da Honda CG em 1976 - Reprodução - Reprodução
Pelé era garoto-propaganda da CG Bolinha, de 1976
Imagem: Reprodução
Bolinha tinha afogador

Ao subir na CG 125 1976 a primeira sensação é de que o modelo era uma "motinho": o assento reto permite apoiar os pés no chão facilmente, mas há pouco espaço. O guidão é mais baixo e próximo do corpo e as pernas vão bem flexionadas.

No modelo atual, a CG 160 Titan, guidão curvado e assento em dois níveis (a 790 mm do chão), com ampla espuma, dão mais conforto a quem utiliza a moto diariamente por muitas horas.

Antes de pisar no pedal de partida para dar vida ao motor de concepção simples do modelo antigo, com comando de válvulas por vareta, é preciso puxar o afogador do carburador. Tudo praticamente aposentado ao longo dos anos. A CG 160, assim como a maioria das motos de sua categoria, tem partida elétrica e injeção eletrônica de combustível.

Embora seja mais leve que a atual (94 kg contra 121 kg a seco), a primeira CG oferecia apenas 11 cv e o câmbio tinha quatro marchas. Uma curiosidade: todas eram engatadas para "baixo", ou seja, pisando no pedal. O desempenho do monocilíndrico levava a CG que era chamada de "Bolinha" a 90 km/h no máximo.

Já o atual propulsor de 162,7 cm³ tem comando no cabeçote com injeção (usada desde 2004). Mais precisa do que o antigo carburador, permite funcionamento mais linear e a resposta ao acelerador é mais instantânea. Após a primeira CG Mix, lançada em 2009, os motores flex (álcool e gasolina) passaram a ser usados em outras motos nacionais.

Ciclística avançou

O conjunto de suspensões da primeira CG 125 já tinha sistema bichoque, com dois amortecedores na traseira, porém o garfo dianteiro tinha apenas molas externas, protegidas por uma cobertura de metal. Em 1978, a CG ganhou o garfo telescópico com amortecedor e molas internas, configuração que foi melhorada, mas é utilizada até hoje na maioria das motos.

O primeiro conjunto até surpreende pela boa absorção de impactos em valetas e lombadas, mas é notável a evolução quando se roda no modelo atual. Agilidade nas mudanças de direção e a boa ciclística nas curvas já se faziam notar. O quadro tubular de aço foi substituído por um chassi estampado e reforçado atualmente.

Já nos freios, a melhoria é brutal. Do antigo sistema a tambor nas duas rodas, a CG 160 Titan mudou para um freio a disco na dianteira e tambor, maior, na traseira. Os dois funcionam de forma combinada para auxiliar em frenagens de emergência, sistema incorporado somente em 2015, mas que já equipa motos de outras marcas.

Série especial

Para celebrar os 40 anos, a Honda apresentou uma edição especial da Titan 160, que tem como diferenciais a pintura especial nas cores da divisão de competição da marca (azul, branco e vermelho) e rodas de liga-leve douradas. A "CG 40 anos" tem preço sugerido R$ 10.290.