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Sistemas eletrônicos aumentam segurança e podem salvar vidas

Freios ABS evitam que a moto trave a roda traseira e derrape desgovernadamente - Divulgação
Freios ABS evitam que a moto trave a roda traseira e derrape desgovernadamente Imagem: Divulgação

Arthur Caldeira

Da Infomoto

03/04/2015 08h00

ABS, ECU, MSC, ride-by-wire... siglas e nomes estrangeiros estão dominando o vocabulário não só de carros, mas também das motocicletas. Apesar de soarem estranho, estão aqui para salvar: todas as siglas referem-se a modernos sistemas eletrônicos que, há alguns anos, passaram a atuar como auxiliares de modelos de vários categorias, para situações de emergência (uma derrapagem ou até mesmo erro do piloto) ou simplesmente para quem quer pilotar mais rápido, por exemplo.

É sempre bom lembrar, porém, que nenhuma tecnologia poderá lhe proteger de você mesmo. "Certamente, hoje está mais seguro pilotar uma moto do que há 20 anos. Tudo evoluiu, as técnicas de construção -- do quadro, freios e suspensões -- e a eletrônica", afirma Alfredo Guedes, engenheiro-chefe da Honda.

Para entender melhor, elaboramos um glossário desses termos para que você saiba como pilotar com mais confiança e segurança.

  • ABS (Anti-lock Braking System): como o próprio nome diz, trata-se do sistema de freios antitravamento, que evita que as rodas travem e os pneus derrapem quando se utiliza os freios em situações de emergência com força desproporcional. Foi um dos primeiros sistemas eletrônicos instalados em automóveis e motocicletas para garantir a segurança dos ocupantes. Ele é composto por sensores nas rodas, uma ECU (Unidade de Controle Eletrônico) e, pelo menos, duas válvulas hidráulicas nas linhas de freio -- por isso o ABS só pode equipar motos com freios a disco. A ação do ABS pode ser notada por meio de uma pulsação no manete ou pedal de freio.
  • Ride-by-wire: nome em inglês do acelerador eletrônico. Ele substitui o cabo do acelerador mecânico por fios e muita tecnologia. "Em vez de girar o cabo até o corpo de borboleta da injeção, agora um sistema aciona dois potenciômetros que medem o quanto o piloto puxa o acelerador junto com a velocidade com que ele gira", explica Claudio Peruche, Gerente da Triumph do Brasil. O "ride-by-wire" não é só um dispositivo de segurança, mas permite a instalação de diferentes mapas de aceleração.
    Motocicleta com ABS - Divulgação - Divulgação
    Se toda moto fosse equipada com ABS, muitas mortes poderiam ser evitadas
    Imagem: Divulgação
  • ECU (Eletronic Control Unit): a unidade de controle eletrônico é o cérebro de todos esses dispositivos. Ela comanda desde a injeção eletrônica ao ABS, acelerador eletrônico e controle de tração, já que armazena os diferentes parâmetros para cada um desses sistemas. A ECU, por exemplo, recebe a informação dos sensores do ABS e identifica o momento de aliviar a pressão no freio. Atualmente, existem ECUs com capacidade de processamento de até 32 bits, quase a mesma de um vídeo-game. 
  • Modos de pilotagem: foi um dos primeiros sistemas criados para ajudar a controlar motos com muita potência. Surgiu em superesportivas, como a Suzuki GSX-R 1000 de 2006. Uma central eletrônica ajustava o funcionamento do motor com um simples clique, por meio de um botão no punho, que  permitia-se escolher entre três modos de pilotagem, partindo do "A", o de potência total, passando pelo "B" (curva de potência mais suave), e chegando até o "C", que restringia a potência a 60% do original. Tudo controlado pela ECU.
     
  • Controle de tração: geralmente indicado pela sigla em inglês (TCS, Traction Control System), ele é um dos sistemas mais eficazes para auxiliar na dosagem do acelerador de motos megapotentes. Afinal, basta a combinação de uma pista mais escorregadia ou um pneu frio com um giro mais empolgado para que aconteça uma "saída de traseira". O fenômeno acontece quando a força do motor supera a aderência do pneu, principalmente em curvas.
    ECU de uma moto - Divulgação - Divulgação
    A unidade de controle eletrônico (ECU) é o cérebro de todos os dispositivos de uma moto
    Imagem: Divulgação
  • Controle de estabilidade: trata-se da evolução do controle de tração e dos freios ABS trabalhando em conjunto. A primeira moto a adotar um controle de estabilidade completo foi a KTM 1190 Adventure. O grande diferencial é que tanto o ABS como o controle de tração funcionam com a moto inclinada, em curvas: sensores nas rodas medem a velocidade de giro até 100 vezes por segundo e detectam velocidades díspares que indicariam perda de controle, auxiliando imediatamente os freios a terem melhor desempenho.
     
  • Anti-wheeling: sistema que evita que a moto empine, muito útil na pilotagem de motos esportivas e/ou muito potentes com entre-eixos curto. O funcionamento é semelhante ao do controle de tração e, em muitas motos, funcionam em conjunto. O acelerador eletrônico também atua e "corrige" o exagero do piloto, fazendo com que a roda dianteira volte ao chão.
     
  • Anti-rear wheel lift: sistema que evita o levantamento da roda traseira em frenagens mais bruscas (situação popularmente chamada de "RL"). Isso tende a ocorrer em motos esportivas que têm peso mais concentrado na dianteira. Em frenagens bruscas, ao acionar o freio dianteiro com muita força, a roda traseira se levanta e diminui a eficiência da frenagem. Por isso, motos megapesadas e esportivas, como a MV Agusta F4 e a BMW S 1000 RR, contam com esse sistema. Eles funcionam por meio dos sensores de ABS e que detectam a diferença de velocidade entre as rodas e regulam os freios, aliviando a pressão na roda dianteira.
    Moto com controle de tração - Divugação - Divugação
    Controle de tração auxilia diretamente na dosagem do acelerador de motos potentes
    Imagem: Divugação