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Salão de Milão tem motos que passam dos 200 cv; conheça

Arthur Caldeira

Da Infomoto

06/11/2014 12h05

Na edição 2014 do EICMA (Salão de Motos de Milão), as montadoras resolveram deixar suas superesportivas ainda mais potentes, rápidas e tecnológicas. Consequentemente, também mais caras.

É uma tática que pegou a todos de surpresa: até uma semana atrás, as máquinas de maior cilindrada pareciam esquecidas. Caras, pouco práticas para o uso diário, nada econômicas no consumo de combustível e desconfortáveis para os ocupantes, elas vinham despertando interesse escasso por parte das montadoras.

No evento italiano, entretanto, o jogo parece ter mudado: as supermáquinas voltaram a ser o centro das atenções e o objetivo de todas as fabricantes é um só: fazê-las romper a barreira dos 200 cavalos de potência. Tudo para aguçar o desejo de muitos motociclistas e entusiastas das duas rodas.

Dentre todas as fabricantes que apresentaram novidades neste segmento, as japonesas foram as que mais exageraram na receita: a Honda apresentou um protótipo que está mais para uma versão de rua do modelo que usa no Mundial de Motoelocidade (MotoGP); a Kawasaki apostou na superalimentação de um compressor para dar vida à excêntrica H2; já a Yamaha lançou uma nova geração da famosa YZF-R1, com tecnologia de sobra para deixá-la mais veloz, leve e segura.

Embora um pouco mais comedidas, as marcas europeias não ficaram tão para trás: BMW, Aprilia e Ducati marcaram presença com máquinas que também mostram muita força. Confira abaixo os principais lançamentos:

HONDA QUER LEVAR CAMPEÃ DAS PISTAS À RUA
Confirmando rumores, a Honda homologou para as ruas uma versão da RC 213V, motocicleta com a qual o espanhol Marc Márquez conquistou os títulos de 2013 e 2014 da MotoGP. O nome é praticamente o mesmo, RC 213V-S, e o modelo, ainda um protótipo, parece estar bem próximo de uma versão de produção. É o que demonstram os espelhos retrovisores na ponta dos semiguidões, o conjunto óptico, as luzes de direção e até mesmo o suporte de placa.

Se a base da máquina das pistas se estender ao conjunto mecânico, a RC 213V-S deve vir equipada com motor V4 de 1.000 cc. Na apresentação oficial, o próprio Márquez subiu ao palco pilotando uma das unidades expostas -- a dele era toda carenada em fibra de carbono; a outra recebeu carenagem convencional e pintura em azul, branco e vermelho. Muito provavelmente o modelo ficará acima dos 100 mil euros (R$ 330 mil).

Honda RC 213V-S - Arthur Caldeira/Infomoto - Arthur Caldeira/Infomoto
RC 213V-S parece ter saído das pistas direto para o estande da Honda
Imagem: Arthur Caldeira/Infomoto
YAMAHA POLEMIZA COM FARÓIS DA R1
Embora a Yamaha tenha mantido receita ciclística e de motor -- um 4-cilindros em linha com virabrequim crossplane -- a nova geração da YZF-R1 pode ser considerada uma moto completamente nova. Internamente, o propulsor foi bastante modificado -- diâmetro, curso e taxa de compressão são diferentes, além do uso de biela em titânio e pistões em alumínio --, passando a gerar 200 cavalos de potência (um ganho de 18 cv).

A fábrica nipônica apostou também em soluções de pista -- subquadro e rodas em magnésio, e tanque de combustível em alumínio -- para reduzir o peso a 199 quilos em ordem de marcha. Isso significa que a relação peso-potência ficou com pouco mais de 1 cv/kg. No lugar do conjunto óptico central, há uma entrada de ar, e a iluminação é feita apenas por dois filetes de LED e dois canhões de luz nas laterais (uma solução ousada e que dividiu opiniões). Eletrônica há de sobra: controle de tração, de derrapagem, sistema anti-empinadas e freios ABS combinados.

Para quem busca ainda mais radicalismo, a versão “M” incrementa o pacote com carenagens em fibra de carbono, suspensão eletrônica e pneu de 20 cm de largura na traseira. Visualmente, a nova R1 se assemelha muito à M1, máquina pilotada por Valentino Rossi e Jorge Lorenzo na MotoGP. Não à toa, os dois campeões da categoria marcaram presença no evento. A estreia na Europa acontece em março de 2015, a preços ainda não definidos.

Kawasaki Ninja H2 - Arthur Caldeira/Infomoto - Arthur Caldeira/Infomoto
Desenvolvida em parceria com o setor de aviação da Kawasaki, Ninja H2 tem estranho aspecto de moto futurista (ou até de outro planeta)
Imagem: Arthur Caldeira/Infomoto
KAWASAKI APOSTA EM NINJA "ET"
Depois de mostrar a Ninja H2R no Intermot, (Salão de Colônia), no início de outubro, a Kawasaki exibiu a versão "civilizada" H2 em Milão. O atributo de maior destaque é o compressor que superalimenta o motor, mas ele não é o único item curioso dessa estranha motocicleta, que parece ter vindo de outro planeta e ainda não tem preço e nem data para chegar ao mercado.

Com pintura “espelhada” e carenagem desenhada pela divisão aeronáutica da Kawasaki (a companhia também fabrica trens, navios e até foguetes), a nova H2 impressiona mesmo parada. As linhas são angulosas; o canhão de luz central fica quase escondido entre as entradas de ar para o compressor; o motor, um 4-cilindros em linha de 998 cm³, pode chegar a 200 cv na versão "civil" e a 300 cv na H2R.

O quadro é em treliça e as suspensões usam solução de motos off-road. A H2R se diferencia pelos elementos em fibra de carbono na carenagem, enquanto a H2 tem escape maior. Haverá também muita ajuda eletrônica, como controles de tração, partida, amortecedor eletrônico, subida de marcha sem embreagem, freios ABS e até mesmo um sistema que reduz o freio-motor para andar em circuito fechado.

DUCATI EXIBE "SUPERPANIGALE"
Para dar vida nova à bela Panigale, lançada há três anos, também em Milão, a Ducati recorreu a uma velha receita: aumentou a capacidade cúbica do motor bicilíndrico em L para 1.285 cm³. Com isso, nasceu a nova 1299 Panigale, capaz de produzir 205 cv de potência. A nova superesportiva manteve as linhas básicas da família, mas usa carenagem dianteira maior e conjunto óptico com formas mais robustas. A balança traseira foi reposicionada e o ângulo de cáster, reduzido, o que sugere uma moto ainda mais ágil nas entradas de curvas. 

A eletrônica está aprimorada, e inclui unidade de medição inercial (IMU) -- que mensura a aceleração em três eixos e a velocidade angular nas curvas --, e freios com um sistema chamado “cornering ABS” -- anti-travamento das rodas durante as curvas. A “Superpanigale” estará disponível em duas versões: convencional e S, topo de linha que também trará, entre outras coisas, suspensão eletrônica semiativa de série.

APRILIA CELEBRA CONQUISTA COM RSV4 RR
Empolgada com a recente conquista do Mundial de Superbike, na última prova da temporada 2014, a Aprilia apresentou a versão RR (abreviação de "Racing Replica") da vitoriosa RSV4. Sem mudanças visuais, mas com pequenos ajustes para melhorar a ciclística, a superesportiva italiana ganhou modificações no motor V4 para ser mais uma a quebrar a barreira dos 200 cv.
Aprilia RSV4 RR - Arthur Caldeira/Infomoto - Arthur Caldeira/Infomoto
Aprilia RSV4 RR Factory é limitada a 500 unidades e celebra título no Mundial de Superbike
Imagem: Arthur Caldeira/Infomoto
Eletronicamente refinado, o modelo possui plataforma multimídia que permite alterar parâmetros e registrar informações a respeito da moto usando um celular inteligente. Também há uma série especial chamada "Factory", limitada a 500 unidades e que replica as cores da moto usada por Sylvain Guintoli na campanha que levou a marca ao título. Esta edição conta com itens em fibra de carbono, derivados da moto usada pelo piloto francês.

BMW S 1000 RR MUDA PARA SEGUIR COMO REFERÊNCIA
Lançada em 2009, a BMW S 1000 RR já chegara á linha 2015 em Colônia. O visual mais moderno e as diversas modificações mecânicas visam a mantê-la como referência no segmento de 1.000 cc. Por isso, o motor também foi retrabalhado para romper 200 cv, além de oferecer mais torque em médios regimes. Assistências como o sistema para subir e reduzir marchas sem precisar de embreagem, e suspensão semiativa (herdada da topo de gama HP4) mostram como a superesportiva alemã está renovada tecnologicamente.