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Veja sete dicas para comprar moto usada sem passar raiva depois

Só olhar na vitrine não basta: um bom negócio demanda atenção a vários detalhes - Isadora Brant/Folhapress
Só olhar na vitrine não basta: um bom negócio demanda atenção a vários detalhes Imagem: Isadora Brant/Folhapress

Cicero Lima

Colunista do UOL

10/10/2014 20h49

O mercado de motos usadas movimenta milhões de reais no Brasil. Segundo a Fenauto (federação nacional dos revendedores de veículos), são mais de 200 mil unidades comercializadas por mês. As negociações podem ser feita ao vivo, de forma particular ou por meio de lojas ou feirões, e também pela internet, utilizando os cada vez mais populares sites de classificados online.

Seja por meios tradicionais ou mais modernos, qualquer transação desse tipo envolve um vendedor ansioso pelo dinheiro e um comprador em busca de realizar um sonho. Não é que não seja possível fazer bons negócios, mas sempre existe o risco de alguém se dar mal -- e quase sempre é o comprador --, tomando prejuízo financeiro ou levando para casa uma máquina cheia de problemas, mecânicos ou de documentação.

Portanto, nessas horas, o mais importante é conter a empolgação e colocar a razão à frente da emoção. Ficando atento a sete dicas básicas, não é difícil encontrar aquela motocicleta ideal, em bom estado e totalmente "limpa" na documentação. Confira:

1) "POUCO RODADA" NÃO SIGNIFICA "BEM CUIDADA"
Baixa quilometragem pode ser um grande atrativo, mas não é sinônimo de boa compra. Especialmente no caso das esportivas, um modelo pode até ter rodado pouco, mas, se o dono gostava de se exibir fazendo aberrações como “borrachão” (fazer o pneu traseiro girar em falso), “grau” (empinar a roda dianteira) ou "RL" (frear bruscamente a roda dianteira para levantar a traseira), é provável que o veículo não demore a apresentar problemas de embreagem ou suspensão. Ou seja: rodar pouco não significa cuidar. 

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2) O CONTO DO "É SÓ TROCAR UMA PECINHA"
Quando a moto apresenta vazamentos no motor ou fumaça branca no escapamento, o vendedor pode afirmar que basta trocar um ou outro componente para resolver, como junta e anéis. Não aceite essa argumentação sem levar a máquina a um mecânico: "sem abrir o motor, não há como saber o custo do reparo", afirma Santo Feltrin, proprietário da Feltrin Motos, empresa especializada em mecânica de motocicletas. 

Lá, o profissional irá listar e orçar os componentes que precisam ser trocados. O mesmo se aplica a vazamentos e falhas nos sistemas de freio, suspensão e etc. Mesmo as partes de acabamento, como plásticos e adesivos, precisam ter preços de reparo consultados antes de fechar negócio, para evitar surpresas desagradáveis ao comprador.

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3) MOTO DE MULHER É MELHOR
Pelo menos na maioria dos casos, é mesmo. Mulheres costumam ser mais cuidadosas na pilotagem, o que reduz as chances de desgaste excessivo dos componentes. O mesmo vale para homens mais maduros: ao contrário da maioria dos jovens, eles não ousam na pilotagem. Até as companhias de seguro levam esses fatores em consideração para compor o valor da apólice.

4) NÃO ESQUEÇA DO MANUAL
Um dos itens que agregam maior valor a uma motocicleta é o Manual do Proprietário, com histórico e carimbo de todas as revisões feitas em concessionária. A presença da chave-reserva e do jogo de ferramentas originais também comprovam que o antigo proprietário zelava pelo seu patrimônio. Além de desvalorizar a moto, a ausência desses itens impede que se analise como foi feita sua manutenção.

5) ASSUMIR A PRESTAÇÃO SEM TRANSFERIR NOME
Para fugir da burocracia, ou mesmo economizar com as taxas de transferência, muitos compradores aceitam manter a moto em nome do vendedor e assumir as prestações restantes. Essa é uma atitude de extremo risco para o comprador: não existe garantia -- somente a palavra -- de que o antigo dono fará a transferência ao final do financiamento. Por isso, o recomendável é assumir a dívida junto à financeira e transferir a moto assim que fechar negócio.

6) DOCUMENTO EM NOME DE TERCEIRO
Essa é uma situação comum e que, muitas vezes, é provocada pelo erro cometido no item anterior. Por vezes, o antigo proprietário não é localizado, o que torna a transferência impossível. O ideal é que o documento esteja em nome do vendedor, ou da loja que está negociando a moto. Caso contrário, desista do negócio. 
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7) PREÇO MUITO BAIXO QUASE NUNCA É BOM NEGÓCIO
É claro que existem boas oportunidades, como casos em que o dono precisa se desfazer rapidamente da motocicleta para comprar outro bem ou saldar uma dívida. Mesmo nessas situações, o ideal é exigir os mesmos cuidados na avaliação mecânica. Afinal, não adianta comprar uma moto por um preço abaixo da média e, depois, gastar muito mais em reparos. 

Por falar em preço baixo, é bom ficar atento aos anúncios extremamente abaixo do valor médio daquele modelo, especialmente na internet. Eles podem ser isca para aplicação de golpes.