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Motoboys dão dicas a motoristas de como evitar acidentes

Carros e motos têm de conviver no trânsito, então o melhor é evitar acidentes e estresse - Divulgação
Carros e motos têm de conviver no trânsito, então o melhor é evitar acidentes e estresse Imagem: Divulgação

Cícero Lima

Colaboração para o UOL

19/07/2013 19h16

Você já dirigiu rápido para chegar ao banco antes do fechamento? Já acelerou forte para não perder o horário da consulta médica? Já pediu ao taxista: "Acelera, senão perco o avião"? Essas situações estressantes, associadas ao trânsito caótico, elevam o risco de acidentes. Mas para uma categoria profissional específica, a urgência existe a todo instante: os motofretistas, mais conhecidos como motoboys, carregam em suas motos a pressa alheia, pois quando as ruas estão travadas, só quem está em duas rodas é capaz de se mover.

Mas essa mobilidade, por vezes, torna-se uma armadilha para motociclistas e motoristas. Para descobrir como é possível evitar o risco de envolver-se em um acidente com um motoboy, conversei com dois deles, Leandro Santana, de São Paulo (SP), e Ronaldo Lima, de Fortaleza (CE). Não faltam dicas e conselhos que podem ajudar a inibir uma situação perigosa.

Embora o prejuízo físico e material, na maioria das vezes, seja maior para o motociclista, evitar acidentes é dever de todos.

  • 0,5 milhão

    total estimado de motoboys no Estado de São Paulo

     

  • 200 mil

    número de motofretistas só na cidade de São Paulo

     

    SINALIZE
    Segundo Leandro Santana, 34 anos, motoboy há 12, o momento de maior risco de colisão é na mudança de faixa. "O motorista não sinaliza e quando vê há um motoboy voando por cima do carro", exemplifica. Sem nunca ter se envolvido em acidente, o profissional alerta que ao mudar de faixa não basta usar a seta (que, aliás, é obrigatória segundo o Código Nacional de Trânsito), é importante executar a manobra de forma gradual. Dessa forma, numa situação de risco, existe espaço para o motoboy desviar ou para o motorista abortar a manobra.

    Ronaldo Lima, 25 anos, motoboy há três, dá outra dica: "Ao parar na rua para dar passagem a pedestres ou outros carros, o motorista deve sinalizar com a mão. Já vi casos em que o motociclista se acidentou por falta de um simples gesto de quem estava à frente".

    VOO CEGO
    Outro fator que contribui para acidentes é o uso do celular ao volante. Santana afirma que sempre encontra motoristas falando, ou pior, teclando mensagem ao celular. "Nesse caso é ainda mais perigoso, o motorista está fazendo um voo cego", afirma o motofretista.

    Não bastasse usar o telefone fora de hora, muitos motoristas esquecem de regular o retrovisor. "Alguns parecem nem saber para que serve o tal espelhinho", diverte-se Santana.

    Por falar em espelho, uma boa dica para quando se para ao lado de veículos largos (picape, van, caminhão etc) é deixar um espaço livre e, se possível, não emparelhar com o retrovisor ao lado. Assim, o risco de perder o retrovisor é menor, já que o motoboy tende a desviar para o lado do carro menor ao trafegar no corredor.

    Cícero Lima/UOL
    Também dirijo meu carro, tenho noção dos riscos da convivência entre carros e motofretistas

    Leandro Santana, motoboy há 12 anos

    HORA E LUGAR
    Claro que acidente não tem hora para acontecer, mas existem períodos de maior risco. Para motoboys, são aqueles perto do fechamento dos bancos (16 horas), cartórios (17 horas) e empresas em geral (18 horas). "Muitos escritórios chamam o motociclista perto do fim do expediente, assim pagam menos, porque muitos são contratados por tarefas feitas e para realizá-las nesses horários têm de correr", afirma Santana.

    Além dos horários, existem lugares críticos. Quem dirige na maior cidade do Brasil deve ter atenção especial na Marginal Pinheiros, onde o risco é enorme, segundo Santana: "Se você andar de moto no corredor a 70 km/h, alguns pilotos vão te empurrar". Nessa disputa entre os motoboys, pode sobrar para o motorista, que deve redobrar a atenção.

    Vale lembrar que em muitas avenidas largas, o corredor entre as duas faixas da esquerda é o mais utilizado pelas motos. Ali, o carro que circula nessas faixas têm maior chance de se envolver em acidente do que os que estão à direita.

    TENHA PACIÊNCIA
    Até o clima pode influenciar na segurança. Um dos momentos mais críticos é no começo da chuva. Quem está de moto acelera para não se molhar e a mistura entre pressa e piso escorregadio é propícia a acidentes. Nessa situação, deixe as motos largarem na frente e mantenha distância.

    E ao passar perto de estacionamentos para motos, fique atento. Se vir um motoboy pondo o capacete na cabeça e ligando a moto, saiba que ele poderá sair na frente do carro de forma abrupta.

    Os motociclistas novatos também constituem risco para o motorista: "Tem muita gente que acabou de comprar uma moto e tenta fazer as manobras que para os veteranos são fáceis, e aí se envolvem em acidentes", alerta o motoboy de São Paulo.

    Problemas não ocorrem apenas em São Paulo. Em Fortaleza (CE), Lima conta que as confusões são parecidas. Mas destaca que por lá os motoristas são apressados na saída do farol. "A luz nem fica verde e tem gente acelerando, por vezes a moto ainda não arrancou e o carro bate atrás da gente". Para evitar essa situação, basta ter paciência e deixar a moto sair à frente.

    "Tem motoboy que só anda de moto, não tem noção do sufoco que é para o motorista ver a moto passar perto do carro", aponta Santana, que também é motorista. "Como também dirijo meu carro, tenho noção dos riscos da convivência entre carros e motofretistas", conclui.

    Cícero Lima é especialista em motocicletas