ABS em moto dá segurança a quem pode pagar; política atrapalha
Somente 23% das motocicletas disponíveis no mercado brasileiro -- menos de um quarto do total -- oferecem sistema que impede o travamento de freios (o popular ABS), concluiu estudo divulgado esta semana pelo Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária).
As motos que saem equipadas de fábrica com o item de segurança somam 16% e somente 7% dos veículos de duas rodas oferecem o dispositivo como opcional. Ou seja, atualmente 23% das motos disponíveis ao consumidor brasileiro contam com o ABS eletrônico, de série ou como item opcional.
Apenas quatro modelos abaixo de 500 cc trazem o sistema de segurança eletrônico, e como opcional: Honda CBR 250R, CB 300R, XRE 300 e a Kawasaki Ninja 300. Na base da pirâmide, onde estão as motos de até 150 cc, nenhum dos dez modelos mais vendidos do país sai de fábrica com o equipamento de série.
Numa visão geral do cenário de motos no Brasil, há outros 3% que contam com o chamado ABS mecânico, instalado na roda dianteira. São eles: Jonny 50, Hype 125; Easy 125, Drago 150, Fast 150 e Vite 150, da Miza; além da Matrix 150 e Vintage 150, da Iros; e Vento Triton 100.
Segundo o instrutor de pilotagem defensiva da Porto Seguro Seguros, Carlos Amaral, o ABS mecânico somente retarda o travamento das rodas e, consequentemente, a frenagem. Isso é apenas um argumento utilizado pelas marcas para chamar a atenção de seu cliente. E, no fundo, é tudo questão de custo, também.
O PREÇO
Quem quer uma moto mais segura no Brasil, com ABS real, tem de desembolsar mais R$ 2.700, em média. Nos carros, por exemplo, o módulo ABS/airbag duplo frontal pode variar entre R$ 1.000 e R$ 1.500.
Vale ressaltar que o Cesvi foi a instituição que começou o estudo sobre ABS nos carros, em 2007, iniciando a discussão que culminou na lei que torna o sistema um item obrigatório para todos os modelos produzidos a partir de 2014, nacionais ou importados. A pretensão para os veículos de duas rodas é a mesma, afirmam fontes do Cesvi.
Existem outros fatores externos que causam acidentes, mas o ABS é uma ferramenta a mais para a segurança do piloto. Na Europa, o ABS será obrigatório em todas as motocicletas acima de 125 cc fabricadas a partir de 2016.
No Brasil, ABS é opção apenas para modelos caros, como a Kawasaki ER-6n (R$ 28.880)
MAIS SEGURANÇA
Em 2012, segundo dados da CET-SP (Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo), foram registradas 438 mortes de motociclistas na capital paulista. O ABS não é um equipamento mágico, nem uma bolha de proteção para o piloto, mas, de acordo com estudo realizado pelo americano IIHS (Insurance Institute for Higway Safety), os acidentes fatais podem ser reduzidos em 37% nas motos equipadas com o sistema.
Outra pesquisa, feita na Alemanha com 750 motociclistas, aponta que 77% destes realizam frenagens de emergência frequentemente ou muito frequentemente. Nessas situações, 40% deles não freiam com a força necessária com medo de travar as rodas ou "empinar a traseira". Ou seja, os freios ABS poderiam ajudar esses motociclistas a realizar frenagens mais eficazes e seguras.
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