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Motos elétricas deixam de ser sonho e entregam desempenho

Arthur Caldeira

Da Infomoto

21/06/2013 17h32

Em uma das suas últimas entrevistas como CEO da Ducati, Gabriele Del Torchio, confessou que "no momento, não vemos nenhum outro sistema de propulsão alternativa que possa entregar, no mesmo pacote, emoção, potência e som produzidos pelo motor de comando desmodrômico".

Del Torchio não estava totalmente errado. É difícil, mesmo, superar a sinfonia de metais do propulsor de dois cilindros em "L" da Ducati -- ou de um motor de quatro cilindros em altos giros. Mas engana-se o executivo italiano ao afirmar que não se pode conseguir emoção e potência em uma moto elétrica.

Talvez ele ainda não conhecesse a superesportiva de Michael Rutter, que venceu a categoria TT Zero, da Ilha de Man, no Reino Unido.

Rutter completou uma volta de 60,73 km no circuito de rua a uma velocidade média de 175 km/h (!), desempenho impressionante mesmo se comparado ao de uma moto com motor a combustão. A Honda CBR 1000 RR de John McGuinness alcançou o recorde de 211,904 km/h (velocidade média) no mesmo trajeto.

Esta é a prova que, pelo menos no quesito potência e emoção, as superesportivas elétricas estão chegando bem perto dos modelos tradicionais.

FUTURO ELÉTRICO
Com o recente lançamento da superbike elétrica Mission R, esse bom desempenho de superesportivas "verdes" deixou de ficar restrito às competições. A norte-americana Mission Motorcycles, especialista em motores elétricos de corrente alternada, divulgou venda ao público do modelo R, que pode produzir 160 cv e chegar a 100 km/h em três segundos.

Com preço sugerido de US$ 29.900 (pouco mais de R$ 60 mil) , a Mission R pode ser equipada com motor de 12, 15 ou 17 KWh, que vai influenciar na autonomia, mas não no desempenho. A velocidade máxima declarada é de 240 km/h.

Dotada de suspensões Öhlins, pinças de freio Brembo e rodas forjadas Marchesini, a superbike não deve nada para outras superesportivas topo de linha, como a Ducati Panigale R ou a MV Agusta F4.

Por falar em italianas, não podemos esquecer a Energica, projetada pela CRP, companhia que já produz superesportivas elétricas de competição. O modelo, que ainda está em testes, fez sua estreia no Salão de Milão 2012. Ela conta com propulsor de 100 kW que, segundo a fabricante, é capaz de levá-la a 220 Km/h. Para completar, ainda é equipada com freios Brembo e conjunto de suspensão Öhlins. Ainda não há um preço definido, mas o fabricante já está aceitando reservas e promete entregá-la em 2014.

  • Divulgação

    Superesportiva elétrica americana, a Lightining superou os tempos das motos movidas a gasolina nos treinos para as provas de Pike´s Peak, no Colorado (Estados Unidos)

GASOLINA vs ELETRICIDADE
Certamente a disputa pela preferência do motociclista por motos com motor à combustão ou superesportivas elétricas não deve acontecer agora. Ainda são poucas as opções verdes disponíveis e os consumidores ainda as veem como protótipos de um futuro longínquo. Em pistas e competições, porém, essa batalha já está acontecendo.

Nos treinos para as provas de Pike´s Peak, no Colorado (Estados Unidos), a superesportiva elétrica americana Lightining superou os tempos das motos movidas a gasolina. Dotada de um motor elétrico recarregado por energia solar, ela é pilotada pelo atual detentor do recorde local, Carlin Dunn.

O CEO e fundador da Lightining Motorcycles, Richard Hatfield, comemorou: "Esta é a primeira vez na história que uma moto elétrica derrota motos a gasolina disputando na mesma pista". Provavelmente não será a última.

Hatfield ainda completa: "Essa tecnologia irá orientar o futuro das competições de motovelocidade. Nós sempre soubemos o que tínhamos em termos de desempenho de nossas motos elétricas, mas leva tempo até que o mundo compreenda e aceite uma enorme mudança como essa. Levou 50 anos para que as pessoas aceitassem que um carro era um meio de transporte melhor do que um cavalo. Agora temos o melhor piloto da prova, no topo, colocando seu selo de aprovação na nossa moto, deixando a combustão interna para trás."