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BMW R 1200 R, naked clássica, homenageia os 90 anos da marca

Grande "barato" da moto é não ser clássica, sem frescura: farol redondo, motor e quadro expostos - Doni Castilho/Infomoto
Grande "barato" da moto é não ser clássica, sem frescura: farol redondo, motor e quadro expostos Imagem: Doni Castilho/Infomoto

Arthur Caldeira

Da Infomoto

08/03/2013 20h45

Não seria exagero afirmar que a R 1200 R Classic é herdeira direta da primeira motocicleta fabricada pela BMW, em 1923, a R 32. Afinal, em 2013, a naked alemã utiliza o mesmo conjunto motriz consagrado há 90 anos: motor boxer de dois cilindros opostos com transmissão final por eixo-cardã.

Para reforçar ainda mais essa "homenagem", a R 1200 R Classic, única versão disponível à venda no Brasil, se utiliza do mesmo esquema de cores preto e branco que virou sinônimo das motos da fabricante.

Claro que ao longo dessas nove décadas, tanto o propulsor boxer como o conjunto ciclístico se modernizaram. O motor cresceu. Agora tem 1.170 cm³ de capacidade, com duas velas por cilindro. Alimentado por injeção eletrônica, ele produz 110 cv -- bem mais que os 8,5 cv da R32, com seu boxer de 486 cc da década de 1920.

A atualização no conjunto de suspensões é ainda maior. Em vez do garfo com mola da primeira BMW, essa R 1200 R Classic utiliza a inusitada suspensão Telelever (único conjunto amortecedor-mola central com os garfos sendo apenas guias), na dianteira. E na traseira, onde a R 32 era "rabo-duro", a naked usa o sistema Paralever, no qual o monobraço traz incorporado também o eixo-cardã.

VISUAL
Para garantir o visual clássico, a BMW preferiu adotar rodas raiadas na versão Classic, em substituição às de liga-leve da R 1200 R convencional, que não é vendida por aqui. Mas não se esqueceu de um toque de modernidade: apesar dos raios, a roda é calçada com pneus sem câmara Metzeler Interact Z8, nas medidas 120/70 R17, na dianteira, e 180/55 R17, na traseira.

Visualmente, a moto aposta na simplicidade para agradar: um farol, motor, rodas, tanque, tudo básico, minimalista, no melhor estilo naked -- que a BMW insiste em classificar como "roadster". Talvez porque com o fôlego dessa mais recente versão, a R 1200 R possa facilmente devorar quilômetros de estrada.

A excelente caixa de câmbio com seis marchas -- a sexta é um overdrive -- permite aproveitar muito bem o farto torque do propulsor, que atinge seu pico de 12,14 kgfm a 6.000 rpm. Mas não se engane: bem antes disso, a 2.000 giros, já há força suficiente para arrancar com a moto. No geral, em uma viagem, pode-se engatar a sexta marcha e se esquecer da transmissão. 

A posição de pilotagem segue a mesma filosofia clássica. Típica das nakeds, o piloto vai bem ereto e com as pernas levemente flexionadas. O generoso banco garante conforto para as viagens, tanto para o piloto como para a garupa.

ESTRUTURA
Claro que por se tratar de uma naked (sem proteção aerodinâmica), rodar em altas velocidades pode incomodar. Mas, pelo menos até 120 km/h, limite das rodovias, o vento não é um problema. Acima disso, a moto mantém a estabilidade, um dos pontos fortes do modelo.

Rodovias sinuosas também não são empecilhos. Suas suspensões, apesar de visarem o conforto, proporcionam segurança para contornar curvas mais abertas. No início, o peso do motor e dos inusitados sistemas de suspensão podem assustar -- e fazerem o conjunto dianteiro tenderem a "esparramar" nas saídas de curvas. Depois de algumas curvas e muitos quilômetros, entretanto, é fácil para se "pega o jeito". Em curvas mais fechadas, o peso extra prejudica a agilidade. Veja a ficha técnica:

BMW R 1200 R Classic
+ Motor: Dois cilindros opostos (boxer), 1.170 cm³, 4 válvulas por cilindro, refrigeração mista.
+ Potência: 110 cv a 7.750 rpm.
+ Torque: 12,14 kgfm a 6.000 rpm.
+ Câmbio: Seis marchas.
+ Alimentação: Injeção eletrônica.
+ Dimensões: 2.145 mm x 845 mm x não disponível (CxLxA).
+ Peso: 223 kg em ordem de marcha.
+ Tanque: 18 litros.

CONSUMO E EQUIPAMENTOS
Com tanque de 18 litros e consumo instantâneo de 18 km/l indicado pelo computador de bordo -- dois mostradores analógicos (velocímetro e conta-giros) ladeiam uma pequena tela de cristal líquido no painel -- a autonomia superaria 300 quilômetros, um bom número para o segmento. Na cidade, o consumo desceu para 16 km/l.

Apesar desse recurso, o computador de bordo é simples demais e indica apenas o consumo instantâneo, velocidade média e autonomia. Também não há outros equipamentos: a R 1200 R Classic não traz suspensões eletronicamente ajustáveis nem controle de tração (ASC). Uma pena, pois em 2006, este modelo foi a primeira motocicleta a ser equipada com controle de tração de série.

Ao menos os freios ABS já estão inclusos no preço, talvez porque a BMW Motorrad da Alemanha optou, recentemente, por equipar todos seus modelos com freios mais seguros. Na R 1200 R o funcionamento é irrepreensível -- o conjunto de freios é bom até demais. Acionar os dois discos do freio dianteiro com muita vontade dá a sensação de que a moto irá arremessar o piloto para frente. A suspensão Telelever conta com sistema anti-mergulho, para evitar que a frente afunde demais.

Pode até parecer exigência demais cobrar controle de tração em uma bela moto como essa BMW R 1200 R, mas a única justificativa aceitável para que uma motocicleta cotada a R$ 61.500 não venha com tal opcional seria a intenção de deixá-la "mais clássica". Afinal, o valor é elevado comparado a outras concorrentes do mesmo segmento -- MV Agusta Brutale 1090 RR, também importada, sai por R$ 58.900 com controle de tração e tudo mais.

Mesmo assim, a R 1200 R Classic é uma clássica naked, que presta justa homenagem à herança de 90 anos da BMW construindo motocicletas. Tão prazerosa de pilotar como bonita de se ver.