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Kawasaki Ninja 650 2013 assume estilo comportado mesmo com cara de esportiva

Não se engane: a Ninja 650 tem cara invocada, mas origens comportadas. E elas voltaram - Doni Castilho/Infomoto
Não se engane: a Ninja 650 tem cara invocada, mas origens comportadas. E elas voltaram Imagem: Doni Castilho/Infomoto

André Jordão

Da Infomoto

18/07/2012 13h32

Depois de ser apresentada na Europa no fim do ano passado, a nova Ninja 650 acaba de desembarcar no Brasil. Assim como sua irmã naked, a ER-6n, a Ninja 650 “trocou de roupa” e ganhou alterações em seu propulsor bicilíndrico, tudo para continuar no páreo do segmento dominado por motocicletas de quatro cilindros em linha. O modelo perde a letra “R” em sua nomenclatura. A Ninja tem preço sugerido de R$ 27.990 ou R$ 29.990 (com sistema de freios ABS), e está disponível nas cores verde e preta.

Ao lado das outras representantes japonesas do mercado -- Yamaha XJ6F (R$ 28.990), Suzuki GSX 650 F (R$ 29.990) e Honda CBR 600F (R$ 32.500) --, a Ninja chega renovada para dar mais uma opção ao motociclista que deseja uma motocicleta atual e que lhe conceda proteção aerodinâmica, o que não acontece nas versões “peladas” (naked) dos modelos citados.

COMPORTADA
“Deixaremos a nomenclatura “R” somente para as motos com vocação racing”, explica Affonso de Martino, gerente comercial da Kawasaki do Brasil -- fato: a letra “R” não representava o comportamento da antiga Ninja 650R 2011. Agora, a Ninja 650 ganhou novos mapeamentos do propulsor, favorecendo as baixas e médias rotações e se assumiu uma motocicleta comportada. É muito amigável e, embora pareça uma Ninja “das fortes”, não representa o caráter esportivo das motocicletas da marca verde.

Única no segmento com dois cilindros paralelos, a Ninja 650 se destaca pela facilidade de condução. Até menos experientes podem pilotá-la sem problemas. Duplo comando no cabeçote, oito válvulas e refrigeração líquida, com uma taxa de compressão revista (mudou de 11,3:1 para 10,8:1) e novos dutos de admissão resultam em uma potência máxima de 72 cv a 8.000 giros e um torque de 6,5 kgfm a 7.000 rpm.

São números que deixam o piloto à vontade na cidade, com torque de sobra. E que não fazem feio fora dela -- rodamos mais de 300 quilômetros entre cidade e estrada. A velocidade cresce aos poucos, linearmente, e em nenhum momento assusta. Aliás, a carenagem que cobre a Ninja 650 credencia a moto a rodar em uma velocidade média de 120 km/h sem nenhuma interferência do vento, com a contribuição do parabrisa manualmente ajustável em três níveis.

E quando a marcha engatada está de acordo com a rotação certa, a Ninja 650 entra no modo ECO -- de economia de combustível. É difícil medir o consumo nesse modo, já que em qualquer acelerada mais forte ele some do painel. Mesmo assim, na cidade a Ninja 650 rodou 19,2 km/l, e na estrada, onde é mais fácil manter a pegada econômica, o consumo foi de 21,8 km/l.

O quadro também é novo. Mais fino, manteve a estrutura tubular, mas agora com dois tubos. O peso total da moto permanece inalterado: 209 kg na versão standard e 211 kg para a versão equipada com ABS. Peso que não dificulta a mudança rápida de direção e não cansa o piloto.

ERGONOMIA
Mesmo que se pareça com as motos superesportivas da Casa de Akashi, a Ninja 650 apresenta um comportamento bem mais comportado, como já vimos. Porém, não é só no desempenho que as diferenças aparecem. O guidão conforto evita a tensão no antebraço do piloto, permitindo rodar por muitos quilômetros na cidade sem aquela dor característica das motocicletas que têm semiguidões.

No entanto, quando se pilota nas estradas, o condutor fica confuso entre permanecer “carenado” e ficar com a coluna ereta. Ao encostar o peito do tanque de combustível, favorecendo a circulação do vento, o piloto não encontrará a posição ideal, por conta da posição elevada do guidão -- ao menos no caso de uma pessoa como eu, de 1,90 m.

Outro detalhe são as pedaleiras. Levemente recuadas, elas deixam o piloto em posição de ataque, ideal para o trânsito urbano, mas cansativo em longas viagens. Pilotos mais altos sentirão a necessidade de parar a cada 150 quilômetros, quando o joelho começa a ficar dolorido.

CICLÍSTICA
O conjunto de suspensões da Ninja 650 também segue a proposta da motocicleta. Com acerto macio, tanto o garfo telescópico dianteiro quanto mola traseira monoamortecida funcionam muito bem na cidade, mas prejudicam um pouco uma entrada em curvas mais bruscas. Ambas foram recalibradas e agora estão maiores em 2 mm na traseira e 5 mm na dianteira.

O sistema antitravamento (ABS) dos freios também é novo. Além de menor, o módulo de controle é mais moderno. As especificações permanecem inalteradas: dois discos de 300 mm em forma de pétala com pinça de dois pistões na dianteira; e um disco de 220 mm e pinça de pistão simples na traseira. Freios que, mesmo na unidade testada, “zero” quilômetro, funcionaram bem.

As rodas continuam de 17 polegadas feitas em liga leve na dianteira e na traseira. Os pneus que equipam o modelo agora são Dunlop, nas medidas 120/70 R17 na frente e 160/60 R17 atrás.

FICHA TÉCNICA: Kawasaki Ninja 650 2013

Motor:Dois cilindros em linha, 649 cm³, com refrigeração líquida.
Potência:72 cv a 8.000 rpm.
Torque:6,5 kgfm a 7.000 rpm.
Câmbio:Seis marchas.
Alimentação:Injeção eletrônica.
Tanque:16 litros.
Suspensão:Garfo telescópico, com 125 mm de curso (dianteira). Monoamortecedor com ajuste de pré-carga, com 130 mm de curso (traseira).
Freios:

Disco duplo de 300 mm com duplo pistão e ABS (dianteiro). Disco simples de 220 mm com pistão único e ABS (traseiro).

Chassis:Estrutura tubular.
Dimensões:2.100 mm x 770 mm x 1.180 mm (C x L x A); 130 mm (altura do solo); 805 (altura do assento); 1.410 mm (entre-eixos).
Peso:211 kg (com ABS, em ordem de marcha).

CARA NOVA
Se no motor e chassi as alterações foram modestas, o visual da nova Ninja 650 se renovou por completo, tudo para seguir a identidade visual da superesportiva ZX-10R. No lugar dos faróis arredondados, a Kawasaki usou linhas retas na carenagem frontal, deixando a moto mais agressiva. A lanterna traseira também mudou: manteve os LEDs, porém seu desenho segue a tendência mais atual. O paralama dianteiro foi alterado e os piscas, que permaneceram fixados à carenagem, foram redesenhados.

Já o parabrisa ganhou novas formas e o útil sistema de regulagem de altura que já existia na Ninja 1000 -- pode-se ajustar manualmente a altura em três níveis, de acordo com o tamanho do piloto. Uma bem-vinda melhoria nessa Ninja 650 com vocação para o turismo. Outra mudança para reforçar o conforto foi feita no assento: além de ganhar um desenho novo, a quantidade de espuma foi aumentada.

O painel também é completamente novo. A Kawasaki adotou um conta-giros de leitura analógica que domina a parte superior e uma tela de cristal líquido abaixo, que traz velocímetro digital, marcador de combustível, hodômetros e relógio, além de outras informações do computador de bordo, como consumo instantâneo, médio e autonomia. São item que não existiam no modelo anterior e que ajudam muito em viagens.

INEDITISMO
A Kawasaki aposta no ineditismo com a Ninja 650. Sendo única opção do segmento com motor de dois cilindros em linha, essa Ninja comportada é uma boa opção para quem precisa de proteção aerodinâmica extra, mas que não deseja comprar uma moto com quatro cilindros -- seja pela economia de combustível ou pela discrição que o som bicilíndrico oferece. Ela é ideal para iniciantes da categoria ou para quem quer uma moto para uso diário, sem abrir mão do visual radical. É como se a Ninja 650 “mordesse” no visual e “assoprasse” no desempenho. Esse fato a diferencia para continuar figurando no concorrido segmento das sport-touring de média cilindrada.