Yamaha Crypton volta para fisgar classes C e D pelo bolso

Da Infomoto

O frentista do posto de combustível fez um comentário simples e inocente: “Bonita, hein? Pena que as motos da Yamaha são tão caras!”. Ainda assim, conseguiu resumir a estratégia de marketing da Yamaha ao relançar a CUB Crypton no mercado brasileiro: aproveitar a imagem de qualidade associada à marca em um produto de entrada com preço mais acessível.

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    Crypton K renasce com propulsor de 115cm³, design mais moderno e preço baixo: R$ 4.687

Segundo pesquisas feitas pela marca, os consumidores das classes C e D estão mais exigentes e seletivos. E a Yamaha quer combater o crescimento das motos chinesas nesse segmento mais popular. “Com a chegada desses novos concorrentes, as grandes fábricas tiveram que mudar seus produtos”, disse Minoru Matsumura, gerente nacional de vendas da Yamaha, que foi bastante direto ao posicionar a nova Yamaha Crypton T 115 no mercado nacional: “A Crypton é um meio termo entre a Honda Biz 125, mais cara e completa, e a Honda Pop 100, muito popular”.

Aposentada há cinco anos, quando foi substituída pela Neo AT 115, a Crypton T 115 voltou, como o nome já denuncia, com um propulsor de maior capacidade cúbica. O motor de um cilindro, comando simples no cabeçote e refrigeração a ar, com pistão e cilindro em alumínio, tem agora 113,7 cm³, maior que os 105 da versão anterior.

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Gustavo Epifanio/Infomoto
MAIS DETALHES DA CRYPTON

A maior capacidade, porém, não resultou exatamente em melhor desempenho. A mudança foi apenas um ajuste para atender às normas do Promot 3, a lei de emissão de poluentes para motocicletas atualmente em vigor. Os números declarados pela própria Yamaha confirmam isso: alimentado por carburador, o motor produz potência máxima de 8,2 cv a 7.500 rpm (na antiga eram 8,3 cv) e torque de 0,88 kgfm a 5.550 rpm (contra 0,87 kgfm do motor de 105 cm³). Apesar de modesto, o desempenho está de acordo com a proposta do modelo: ser uma alternativa acessível ao transporte público.

Rodando na cidade, seja em vias locais ou em avenidas de trânsito rápido, a Crypton T 115 consegue acompanhar os carros e sair na frente nos semáforos. Até mesmo em vias expressas, como as marginais na capital paulista, consegue manter a velocidade de 90 km/h com facilidade.
Facilidade também para os iniciantes, já que a Crypton tem câmbio semi-automático com embreagem centrífuga. Não há manete de embreagem. Basta pisar no pedal para subir de marcha, ou seja, todas as quatro marchas são para “baixo”. Para reduzir, o pedal de câmbio conta com uma útil alavanca também no calcanhar. Mas diferentemente da Honda Biz, por exemplo, o câmbio não é sequencial: não se consegue passar da quarta para a primeira marcha, mesmo com a Crypton parada.

Receita já usada em outras CUBs, o motor pequeno e esse tipo de câmbio proporcionam, além da facilidade de pilotagem, bastante economia. A Yamaha Crypton rodou em média 38 km com um litro de gasolina -- chegando até mesmo a ter consumo de 40 km/litro. O consumo é fruto de outra novidade, a válvula solenóide de cut-off (que interrompe o fornecimento de combustível ao se tirar a mão do acelerador).

CRYPTON SIMPLIFICADA
A versão testada foi a “K”, a mais simples e barata. Sem partida elétrica, a Crypton T 115 K pega com facilidade no pedal. Com quadro tubular em aço do tipo underbone, tem freios a tambor em ambas as rodas. O preço sugerido é de R$ 4.687. Acima da Pop 100 (R$ 3.990), mas abaixo da Biz 125 KS (R$ 5.300). E bastante competitivo frente às concorrentes chinesas. A outra versão “ED”, mais cara (R$ 5.356), traz partida elétrica e disco na dianteira.

 

FICHA TÉCNICA:

Motor: Monocilíndrico, OHC, quatro tempos, refrigerado a ar.
Potência: 8,2 cv a 7.500 rpm.
Torque: 0,88 kgfm a 5.500 rpm.
Alimentação: Carburador. Partida a pedal.
Câmbio: Quatro velocidades com embreagem semi-automática; transmissão final por corrente.
Suspensão: dianteira por garfo telescópico com 100 mm de curso; traseira duplo com amortecedor com 80 mm de curso.
Freios: Tambor de 110 mm de diâmetro (dianteiro) e de 130 mm de diâmetro (traseiro).
Chassis: Tubular em aço.
Dimensões: 1.930 mm x 660 mm x 1055 mm (C x L x A); 1.235 mm (entre-eixos); 755 mm (altura do assento); 126 mm (altura do solo).
Peso: 94,9 kg (a seco).
Tanque: 4,2 litros.

Pesando apenas 95 kg, a Crypton é uma “motinho” fácil de pilotar. Tanto por seu câmbio como por sua ciclística e posição de pilotagem. O piloto vai sentado na Crypton e conta com a proteção do escudo frontal contra respingos de poças d’água, vento e outros imprevistos. O câmbio também agrada às mulheres, pois permite que se use um sapato para pilotar. Isso não é muito seguro, mas é prática comum entre as consumidoras.

As suspensões e as rodas raiadas de 17 polegadas garantem a robustez para enfrentar as esburacadas ruas paulistanas, e brasileiras em geral. Os freios a tambor -- com 110 mm de diâmetro na frente e 130 m atrás -- não oferecem aquela frenagem instantânea, mas dão conta do recado em função do desempenho modesto e do baixo peso da Crypton.

A simplicidade é tanta que faz falta maior espaço sob o banco: os 4,0 litros de volume do bagageiro acomodam um par de luvas, carteira... e não muito mais que isso. Mas vale destacar o suporte da pedaleira da garupa fixado ao quadro, o que garante conforto ao passageiro.

A Pop 100, modelo de entrada da Honda, além do motor menor, é considerada feia por muitos e, ao menos nesse quesito, a Crypton ganha de goleada da concorrente. Seu novo desenho tem linhas modernas, além do farol e lanterna reestilizados. Destaque para o conjunto de iluminação dianteiro com piscas integrados ao escudo, o que justifica o elogio do frentista relatado no primeiro parágrafo. O painel também é novo e mais completo: além do velocímetro, traz marcador de combustível e luzes indicadoras do ponto neutro e da quarta marcha engatada (TOP).

Outra novidade na comercialização da Crypton T 115, feita para fisgar novos compradores, é o lançamento de outra modalidade de consórcio da fábrica. No novo plano de 60 meses, o consumidor paga 75% do bem até ser contemplado. O consorciado então escolhe entre pagar os 25%, referentes à diferença, no ato, ou diluir junto ao valor das parcelas restantes. As parcelas reduzidas são de R$ 75,77, a menor do mercado segundo a Yamaha. (por Arthur Caldeira)

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