Topo

Dafra TVS Apache RTR 150 passa por teste de resistência no Brasil

Da Infomoto

03/05/2010 18h06

Depois de ter as primeiras impressões na pista de testes da TVS, na Índia, era hora de colocar a nova street Apache RTR 150, que é fabricada e vendida no Brasil pela Dafra, à prova. Rodamos por uma semana com a Apache, de 150 cm³, nas ruas da cidade de São Paulo. Mas a pequena street encarou também a estrada, com uma viagem de ida e volta até Brasília (DF), num total de 2.195 quilômetros. Ao longo desta aventura, a moto fez sete abastecimentos e passou por três estados: São Paulo, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal.

Mas como foi o comportamento da Apache na estrada? A moto é confiável? Qual foi o consumo médio? A Apache oferece boa iluminação noturna? Como é a posição de pilotagem? Para responder a estas e outras perguntas convocamos para o teste um experiente piloto, Luiz Artur Cané, presidente do Movimento Brasileiro de Motociclistas, ONG criada para defender os interesses dos motociclistas.

  • Gustavo Epifanio/Infomoto

    Indiana de 150 cm³ encarou prova de fogo na estrada e na cidade

Com 1,90 m e 110 quilos, Cané é motociclista há 35 anos e é proprietário de uma Suzuki V-Strom DL 1000 e uma pequena Honda CG 150. Acostumado a viajar com motocicletas de baixa cilindrada, nosso piloto convidado tem parâmetros para verificar pontos positivos e negativos do modelo de origem indiana, que recebeu cerca de 80 modificações para chegar ao mercado brasileiro. De São Paulo ao Distrito Federal, Cané rodou pouco mais de mil quilômetros em 16 horas, fazendo apenas três paradas para abastecer: Ribeirão Preto (SP), Uberlândia (MG) e Cristalina (GO). Rodando a velocidades em torno dos 80 km/h e 90 km/h, a Apache RTR 150 teve consumo médio de 30,13 km/por litro de gasolina na ida até Brasília. Como a capacidade do tanque é de 16 litros, a Apache mostrou autonomia de cerca de 450 km.

Claro que a estrada não é o habitat natural da nova Dafra, mas como para muitos brasileiros ter motocicleta é a única opção de transporte -- na cidade, na estrada e até no campo -- o teste se mostrou necessário.

MOTOR E CONSUMO
Em mais de dois mil quilômetros rodados, a Apache teve a pior média de consumo entre as cidades de Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG), com 27,57 km/l. Já a melhor marca foi entre os municípios de Cristalina e Ipameri, ambos no estado de Goiás, com consumo médio de 33,20 km/l.

O motor monocilíndrico, de quatro tempos, duas válvulas e comando simples no cabeçote (OHC) da Apache 150 é alimentado por carburador, tendo consumo abaixo de modelos com injeção eletrônica, como a Honda CG 150 Titan que pode rodar até 41 km/litro de gasolina.

No quesito desempenho, porém, o propulsor da Apache não deve nada: gera 14 cv de potência máxima a 8.000 rpm e 1,27 kgfm de torque máximo a 6.000 rpm. Na prática, nosso piloto de longa distância confirmou os números declarados: a Apache tem mais vigor entre 7.000 e 7500 rpm.

CICLÍSTICA E ERGONOMIA
Para um piloto alto e pesado, a tarefa de guiar um modelo de baixa cilindrada não é das mais confortáveis. Luiz Artur Cané achou a posição de pilotagem da Apache um pouco esportiva demais para uma longa viagem como essa. O modelo, porém, oferece regulagem da posição das pedaleiras e também dos semiguidões.

Com relação às suspensões (garfo telescópico e bichoque) e freios, o conjunto está de acordo com a proposta da motocicleta. Destaque para o eficiente freio dianteiro, que conta com disco simples de 270 mm de diâmetro e pinça de dois pistões. Outros fatores que contribuem para o equilíbrio da motocicleta são o quadro tubular em berço duplo, feito em aço, e os pneus Pirelli Sport Demon.

Para facilitar a vida do piloto, a moto conta com outros elementos que transformaram este teste em uma viagem segura. Por exemplo, em pilotagem noturna, o farol da Apache oferece boa iluminação, importante para desviar de buracos e evitar o atropelamento dos muitos animais que cruzam as rodovias do planalto central. As duas buzinas fixadas na parte frontal da moto -- com um som potente -- cumprem perfeitamente o papel de alertar sobre a circulação do veículo de duas rodas. Outro ponto positivo foi o completo painel de instrumentos, que lembra o utilizado na nova Yamaha Fazer 250. Conta com dois hodômetros (parcial e total), indicador de combustível, indicador de carga de bateria, memória de velocidade máxima, sistema programável de alerta de manutenção, velocímetro digital, relógio e mostrador analógico de rotações.



  • Gustavo Epifanio/Infomoto

    Motor monocilíndrico de 14 cv é desenvolto na cidade e freio a disco dianteiro mostrou eficiência


URBANARodando na capital paulista, a Apache RTR 150 não faz feio no trânsito caótico dos grandes centros, já que foi concebida para circular pelas populosas cidades indianas como Nova Déli e Bangalore. O cenário urbano é a sua casa e a moto consegue rodar com bastante desenvoltura entre os automóveis. Ágil e com torque suficiente para largar na frente dos carros quando o semáforo abre, o único defeito notado foi a perda da precisão do câmbio. Depois do uso intenso, tornou-se difícil encontrar a posição neutra. Consultado, o departamento de desenvolvimento da Dafra declarou que uma simples regulagem do manete de embreagem poderia solucionar o problema.

Outro dado relevante: a primeira revisão deveria ter sido feita com mil quilômetros. Como a recomendação não foi cumprida, já que a moto estava na estrada, o piloto ficou atento ao nível de óleo do motor que, em nenhum momento, ficou abaixo do mínimo recomendado. Mesmo depois da prova de fogo, já de volta a São Paulo, a moto não apresentou nenhum tipo de vazamento ou fadiga dos componentes.

A Apache chama a atenção por seu porte e desenho. Nos reabastecimentos ou paradas, era comum reunir vários curiosos para conferir de perto a novidade da Dafra/TVS, conta Luiz Cané. Muitos elogiavam o conjunto óptico, as rodas de liga leve com frisos refletivo, o spoiler sob o motor e a lanterna traseira em LEDs. A moto, que tem preço sugerido de R$ 6.550, cumpriu o que promete e não apresentou problemas durante o teste de longa duração. (por Aldo Tizzani)