BMW Xcountry tem funcionalidade que supera visual espartano

Da Infomoto

Concebida como uma releitura das antigas scramblers, a BMW G 650 Xcountry é o tipo de motocicleta melhor de se pilotar do que de se olhar. Afinal, seu design bastante simples destoa do restante da linha da marca alemã, e não desperta paixões, nem chama a atenção por onde passa. Ao pilotar a Xcountry, no entanto, suas qualidades aparecem. A começar pela excelente posição de pilotagem, bastante ereta, herança das motos trails, em que o piloto conta com um guidão de alumínio e com um largo e confortável banco de dois níveis. A sensação de conforto é reforçada pelo eficiente conjunto de suspensões, que absorvem as imperfeições do asfalto e também se saem muito bem no off-road. O que a Xcountry fica devendo no aspecto visual compensa com sua versatilidade.

Gustavo Epifânio/Infomoto 
Xcountry tem desenvoltura para o trânsito urbano, pois exige poucas trocas de marchas

Garfo dianteiro invertido (upside-down) com curso de 220 mm e balança traseira de alumínio monoamortecida formam o conjunto de suspensões da Xcountry. Amarradas ao quadro perimetral de aço e alumínio, as suspensões oferecem o equilíbrio ideal entre rigidez no asfalto e nas curvas e suavidade de funcionamento em estradas de terra. Outro fator que contribui para a versatilidade desta vem da opção da fábrica em equipá-la com rodas aro 19 na dianteira e 17 na traseira -- isto a diferencia das motos trail, com rodas aro 21 e 18, e das supermotards com rodas aro 17. Na prática, outro ponto positivo que ajuda a Xcountry ser uma moto polivalente.

TOP
Meio termo entre suas irmãs Xmoto (supermotard) e Xchallenge (off-road) -- que não são mais comercializadas no Brasil--, a Xcountry é bastante versátil. Uma opção para quem quer uma moto para rodar na cidade e ao mesmo tempo encarar uma pequena aventura de final de semana. Há ainda vantagem para os baixinhos, já que a Xcountry tem o assento a apenas 800 mm do solo -- Xmoto e Xchallenge eram bem mais altas, com o banco a 900 e 930 mm respectivamente.

A versão da Xcountry testada, chamada de Top, traz freios com sistema ABS de série, equipamento sempre bem-vindo para enfrentar situações de emergência no trânsito urbano. Mas os freios por si só também merecem elogios. Na dianteira, um grande disco de 300 mm de diâmetro com pinça de dois pistões e, na traseira, um disco de 240 mm com pinça de um pistão dão conta de parar com segurança os 161,5 kg de peso.

FICHA TÉCNICA
BMW G 650 Xcountry
Motor: Quatro tempos, um cilindro, comando duplo no cabeçote (DOHC) e refrigeração líquida. Alimentação por injeção eletrônica. Partida elétrica.
Cilindrada: 652 cm³.
Potência: 53 cv a 7.000 rpm.
Torque: 6,12 kgfm a 5.250 rpm.
Câmbio: Cinco velocidades, transmissão final por corrente.
Transmissão final: Corrente.
Quadro: Aço e alumínio.
Suspensão: Garfo telescópico invertido, com ajustes de compressão e retorno, com tubo de 45 mm de diâmetro e 220 mm de curso, na dianteira. Balança de alumínio com um único conjunto mola-amortecedor com 165 mm de curso, na traseira.
Freios: Disco simples de 300 mm de diâmetro com pinça de dois pistões, na dianteira. Disco simples com 240 mm de diâmetro e pinça de um pistão, na traseira.
Pneus: 100/90-19 na dianteira e 130/80-17 na traseira.
Dimensões: 2.185 mm de comprimento, 875 mm de largura, 800 mm de altura do assento.
Peso: 149,5 kg (a seco).
Tanque: 9,5 litros.
Preço: R$ 37.900 (sem ABS)
e R$ 41.900 (com ABS).
PERSONALIDADE DA XCOUNTRY
O motor de um cilindro e 652 cm³ de capacidade é um velho integrante da linha BMW, mas chega atualizado com a Xcountry. O novo desenho da câmara de combustão e o duplo comando de válvulas fazem o propulsor render mais: agora são 53 cv a 7.000 rpm e 6,12 kgfm a 5.250 rpm. Demonstrando sua ampla faixa útil e também personalidade, ele funciona de forma mais suave nas médias rotações -- em rotações mais baixas parece engasgar e, em giros muito altos, vibra excessivamente. Isso, aliás, é uma característica dos monocilíndricos de grande capacidade.

Na prática, a Xcountry roda com desenvoltura no trânsito urbano, pois exige poucas trocas de marchas e tem uma retomada vigorosa. Já em estradas, não desenvolve velocidades estonteantes, mas tem fôlego para empurrar essa BMW até os 150 km/h -- com bastante vibração. Em quinta marcha, a Xcountry é confortável para se manter 120 km/h de velocidade de cruzeiro. Nessa tocada, a fábrica declara um consumo de 21 km/l -- o que, com seu tanque de 9,5 litros, resulta em uma autonomia de 200 km, aproximadamente.

Depois de rodar com a BMW Xcountry, chega-se a conclusão que ela tem uma personalidade de moto alemã, na qual a funcionalidade supera a forma. Apesar de não ter um grande apelo estético, a Xcountry é uma boa motocicleta que corresponde à proposta.

Outro ponto contra, além do design, está no alto custo. A Xcountry Top tem preço sugerido de R$ 41.900. A standard, sem ABS, sai por R$ 37.900. No mercado brasileiro, há outras motos com a mesma capacidade cúbica por um preço mais em conta, caso da trail Yamaha XT 660R e da naked MT-03. Ambas usam um motor de um cilindro e 660 cc e são vendidas a R$ 27.273 e R$ 26.950, respectivamente. Claro que têm propostas diferentes, mas a trail XT 660R também oferece bastante versatilidade.

Restam, como vantagem para a Xcountry, o valor de seguro mais baixo e a diferenciação de se rodar com o logotipo da BMW estampado no tanque.
(por Arthur Caldeira)

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