Topo

Regra antipoluição determina o ano novo das motos no Brasil

Da Infomoto

02/01/2009 15h24


Amazonas AME C1, custom com motor bicombustível, é aguardada este ano

A crise do setor financeiro mundial foi um verdadeiro banho de água fria no mercado de motos brasileiro. As vendas despencaram e o crescimento do mercado, antes previsto em cerca de 20% em 2008, deve fechar o ano em torno dos 15%. Ainda assim um bom aumento nas vendas, porém uma frustração para as fábricas que investiram na ampliação da sua capacidade produtiva.

Especialistas já prevêem que em 2009, o mercado de duas rodas deve continuar crescendo, mas agora em ritmo mais lento: pouco abaixo dos 10%. Alguns outros especialistas vêem nas motocicletas, um setor bastante promissor em época de crise -- por terem menor valor agregado, são uma opção barata de transporte para quem precisa se locomover. Resta esperar para ver.

REVOLUÇÃO INTERNA
Conjunturas econômicas a parte, em 2009 o setor de duas rodas vai passar por uma revolução no Brasil. Isso porque a partir de 1º de janeiro todas as motos fabricadas no país terão de atender a uma nova lei de emissão de poluentes, a terceira fase do Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares). Uma revolução que, aliás, já começou em 2008.


A big-trail Yamaha XTZ 660 Ténéré é uma das promessas para este ano

Em maio último, a Honda trouxe a nova CB 600F Hornet equipada com injeção eletrônica. Ainda no primeiro semestre, apresentou a custom Shadow 750, também com a alimentação eletrônica mais eficaz e catalisadores. No segundo semestre de 2008, foi a vez de a Yamaha mostrar a nova YBR 125 Factor. Mas, em vez de usar a injeção eletrônica, a marca japonesa economizou e optou por um carburador mais moderno, o que deixou sua 125 cc mais "fraca", porém mais econômica.

Em setembro, a Honda, líder do mercado brasileiro, mostrou a Biz 125 Fuel Injection, a primeira motocicleta de baixa cilindrada do Brasil a vir equipada com injeção eletrônica de combustível. Já em dezembro, mostrou a campeã de vendas, CG Titan 150, com a tão desejada injeção, equipando um modelo com visual novo e polêmico.

CRISE BRECOU
Os leitores mais atentos notaram que muitas motos ficaram de fora dessa lista de mudanças para atender ao Promot 3. Com toda razão. A crise no último trimestre fez os estoques das fábricas de motos aumentarem e as vendas caírem. Cautelosas, as montadoras adiaram muitos lançamentos. Porém, uma coisa é certa: o que ainda não mudou vai ter de mudar.



Fotos: divulgação

O modelo SH 125 pode ser dupla solução para a Honda: é um scooter, e tem injeção eletrônica

A dupla de 250 cc da Honda -- Twister e Tornado -- será obrigada a isso. Atualmente equipadas com carburador, não passam nos testes de emissão de poluentes. Alguns apostam apenas na injeção, outros falam em motor maior e injetado. Resta esperar para conferir. Segundo os concessionários Honda, só em fevereiro chega a nova Twister.

Outra que deve ser aposentada é a Honda NX 4 Falcon, que, aliás, já está fazendo "hora extra", com oito anos de mercado. Basta prestar atenção nas promoções das revendas para "desovar" a trail de 400 cc. Queima de estoque também estão fazendo as revendas Yamaha com a linha de 250 cc, Fazer e Lander, modelos 2008. Mesmo com injeção eletrônica e catalisador, ambas não atendem à nova lei. Porém, as mudanças serão poucas -- há dois anos, a Yamaha comercializa a Fazer na Europa com o nome de YBR 250 e uma solução técnica que consiste em um catalisador mais eficiente e uma sonda Lambda para auxiliar a central eletrônica a medir a mistura de ar e combustível que sai do escapamento, corrigindo falhas e realizando uma queima mais eficaz, com menor emissão de poluentes.

Já no caso da custom Drag Star 650, sua morte está anunciada. Carburada, ela vai sair de linha em 2009. Dizem que a recém lançada Midnight Star XVS 950 vai substituí-la.

LANÇAMENTOS
Por falar em lançamentos, 2009 promete. A Suzuki, que faz segredo sobre as mudanças em sua linha de 125 cc (Yes, Intruder e Burgman), já apresentou suas armas para o próximo ano no segmento de média cilindrada: apostou na GSX-F 650 e também na V-Strom DL 650.
A Yamaha promete que vai trazer a nova XTZ 660 Ténéré. Os aventureiros já economizam alguns reais e sonham com a nova big-trail. Outra promessa antiga é um scooter vendido oficialmente pela Honda. Será? Os motociclistas paulistanos adorariam o SH 125 injetado para enfrentar os congestionamentos...

Prometido também está o lançamento da primeira moto bicombustível do mundo: a Amazonas AME C1, uma custom que poderá rodar com álcool ou gasolina em função da tecnologia Delphi. Resta saber se, num veículo naturalmente econômico como a moto, valerá a pena rodar com álcool e pagar mais pelo produto. O preço da moto de 300 cc deve girar em torno de R$ 16.000.

Difícil responder a essa pergunta sem saber o consumo da moto flex rodando com álcool. Assim como é difícil prever o que vai acontecer com algumas fabricantes -- Sundown, Traxx, Dafra, Kasinski e companhia não revelaram quais estratégias usarão para atender ao Promot 3.

Há duas (ou mais) opções: adotar a injeção eletrônica, o que encareceria o preço final e prejudicaria a competitividade dos produtos frente às grandes; ou "amarrar" o motor e instalar catalisadores, estratégia que deixaria estas motos com um desempenho ainda pior.