Se a felicidade pudesse ser medida pela quantidade de quilômetros rodados por um motociclista, os associados do HOG (Harley Owners Group, literalmente "grupo de proprietários de Harley-Davidson") ficaram eufóricos com a realização da 11ª edição do National HOG Rally, encerrada no último dia 4 na cidade histórica de Tiradentes (MG). Organizado pelo Grupo Izzo, concessionário oficial Harley-Davidson no Brasil, o evento reuniu 700 motos e 1.270 inscritos. A agenda de eventos incluía cursos, workshops, palestras e competição de regularidade.

A festa motociclística começou cedo -- bem cedo mesmo. No feriado de 1º de maio, os membros de HOG de São Paulo se reuniram nas duas lojas da capital (Pacaembu e JK). Às 7h em ponto, partiram para a cidade que homenageia o mártir da Inconfidência Mineira. Com total segurança, já que o grupo foi escoltado por policiais rodoviários federais, os motociclistas ganham pista livre desde a Marginal Tietê, seguindo pela rodovia Fernão Dias até chegar ao histórico município. Para quem partiu de São Paulo foram pouco mais de 560 km. A chegada aconteceu às 15h.

Quem foi
Há muitos motociclistas aficionados pela marca. Impulsionados por essa paixão, não perderiam esta festa em terras mineiras de forma alguma. É o caso de Paulo e Sônia Ribeiro. O casal partiu de Cuiabá (MT) e rodou 2.243 km. Turistas sobre duas rodas desde 1973, Paulo e Sônia viajaram a bordo de uma Road King Custom. "A fascinação pela Harley-Davidson e o prazer de pôr o pé na estrada nos trouxeram até Tiradentes", diz, eufórico, Paulo Ribeiro Jr.

Outro motociclista que não mediu esforços para participar do XI National HOG Rally foi Cleber Scadore. Gaúcho de Porto Alegre, ele chegou a Minas num grupo formado de 12 motos. Foram dois dias e meio de estrada e 2.000 km percorridos. "A viagem foi muito cansativa. Enfrentamos muita chuva na rodovia. Mas estamos aqui para aproveitar cada minuto da festa", conta ele, que é dono de uma HD V-Rod.

Elas ao guidão
A última pesquisa feita pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) revela que já são mais de 2,1 milhões de mulheres habilitadas para pilotar motocicletas em todo o Brasil. Com o mercado de duas rodas em franca expansão, o reflexo pôde ser visito na participação feminina durante o XI HOG. Num universo tipicamente masculino, a vida do "sexo frágil" não é fácil. Para Luciana Izzo, diretora de marketing do Grupo Izzo, representante exclusivo da Harley-Davidson no Brasil, a participação feminina nos eventos do HOG cresce gradativamente. "Tivemos um incremento de 8% no número de mulheres inscritas em 2008, se compararmos com a última edição do HOG rally realizado em Búzios (RJ) em 2007", afirma.



Não faltaram exemplos para retratar a "revolução feminina" sobre duas rodas. Ambas com Harleys modelo Softail Deluxe, as irmãs Telma e Sílvia Attizani partiram de Jundiaí (SP) para participar do evento em Minas Gerais. Passaram por São Paulo para seguir o comboio que saiu da loja HD Pacaembu. Para Telma, uma motociclista que já fez viagens de moto pelo Brasil e também pelo mundo, tudo está ligado à liberdade e ao espírito de aventura. "O prazer de pilotar uma Harley na estrada é inigualável". Já para sua irmã Sílvia, viajar de moto é pura terapia. "Quando subo na moto, desligo de tudo. Procuro aproveitar cada minuto sobre duas rodas. É a famosa mototerapia", diverte-se a piloto.

Cristina Halle, que há 29 anos pilota motos, acredita que a mulher de hoje está mais independente, e a motocicleta também faz parte de seu novo estilo de vida, ligado a aventura e, principalmente, a emoção. "Além disso, os maridos estão mais 'moderninhos' e as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço no mundo das duas rodas", afirma Cristina -- que perdeu a conta de quantos quilômetros já rodou. Ela também pilota uma HD Softail Deluxe.

Outra dupla de motociclistas bastante experiente em tours pelo Brasil e América do Sul é a dentista Valéria Aranha e a engenheira Cláudia Fujarra. Já rodaram mais de 65 mil milhas (104 mil km) de Harley-Davidson. Atualmente, ambas pilotam o modelo Fat Boy. Para Valéria, carioca, é positivo o aumento do número de mulheres pilotando motos: "Não queremos mostrar que somos melhores que os homens. Queremos ser melhores que nós mesmas", filosofa.

O cenário
Literalmente invadida pelos proprietários de Harley-Davidson do XI National HOG Rally, a cidade histórica de Tiradentes mostrou-se é aconchegante e com boa infra-estrutura -- além de chamar atenção pelo conjunto arquitetônico, patrimônio histórico e artístico nacional. Toda a agitação da festa motociclística se concentrou no Largo das Forras, bem no centro da cidade, onde estão concentrados inúmeros bares e restaurantes que servem pratos da saborosa culinária mineira. De dia e principalmente à noite, o local ferveu de gente e de motos. Entre um gole de cerveja bem gelada ou de cachaça artesanal, amigos de estradas contavam seus "causos". Durante o HOG Rally, o Grupo Izzo montou dois estandes na praça, com os últimos lançamentos das linhas Harley e Buell, além de loja para a venda de produtos de sua grife.

"Ver o mar de Harleys no centro da cidade é emocionante. Além disso, é muito bonito o contraste entre o novo e o velho, entre a moto e o conjunto arquitetônico", afirma Reinaldo Forte, que rodou mais de 2.000 km entre Porto Alegre e Tiradentes, em companhia da mulher, Fernanda, a bordo de uma Ultra Electra Glide. Segundo José Carlos Taddeo, diretor do HOG Brasil, a escolha de Tiradentes para a realização do evento foi uma união de fatores: localização, história e cultura. "E os motociclistas associados ao HOG ainda tiveram a oportunidade de rodar até as cidades vizinhas de São João Del Rei, Mariana e Ouro Preto", encerra Taddeo.

*Viagem a convite do Grupo Izzo, a bordo de uma HD Dyna Super Glide Custom