BMW R 1200 GS garante aventura com tecnologia

Da Infomoto

  • Renato Durães/Infomoto

Com bagagem acomodada nas malas de alumínio e garupa a postos, pressiono por alguns segundos o botão do ESA (Electronic Suspension Adjustment) para ajustar eletronicamente as suspensões da nova BMW R 1200 GS Adventure. Opto pela pré-carga da mola para piloto, passageiro e bagagem, indicada por dois capacetes no display de cristal líquido do computador de bordo.

O dia nublado e chuvoso não era dos mais convidativos para uma viagem de moto, mas o dever de testar o modelo 2008 me chamava, e a vila de Paranapiacaba, no alto da Serra do Mar, em São Paulo, foi escolhida como destino.

Apesar de curto (cerca de 70 km), o trajeto até a histórica vila reunia as características necessárias para conhecer, na prática, as novidades tecnológicas introduzidas no modelo 2008 dessa aventureira. Além do já citado ajuste eletrônico das suspensões, a nova Adventure ganhou o ASC (Automatic Stability Control), um exclusivo controle de tração que evita derrapagens indesejadas em superfícies escorregadias, como a estradinha de terra que leva até a parte baixa da centenária vila de ferroviários.

Outra novidade eletrônica é o RDC, que monitora a pressão dos pneus e informa ao piloto quando há vazamento. Todos esses sistemas somam-se aos freios ABS (anti-bloqueio), já existentes na versão anterior.

Longas viagens
Ir a Paranapiacaba com a R 1200 GS Adventure é brincadeira de criança. Com seu tanque de 33 litros cheio, o computador de bordo apontava uma autonomia de 509 km. Portanto, os 140 km da viagem não exigiram nem mesmo abastecimento. De acordo com o computador, o consumo foi de 14 km/l -- bastante elevado em função do motor boxer de dois cilindros opostos mais potente, agora com 105 cv a 7.500 rpm.

Na rodovia SP-122 em direção à vila, o conjunto de suspensões e as rodas de alumínio com raios externos, calçadas com pneus radiais sem câmara de uso misto, ignoravam o asfalto ruim e os buracos, sem incomodar piloto e garupa confortavelmente acomodados no novo banco, que ganhou espuma mais macia.

A leve garoa que caía não chegava a molhar a viseira. O grande pára-brisa e os defletores laterais nos protegiam. À medida que o alto da serra se aproximava, a neblina aumentava. Por segurança, acionei os faróis auxiliares (equipamentos de série nessa versão Premium da Adventure, assim como o ESA).

Em Paranapiacaba pode-se escolher entre deixar a moto num estacionamento e chegar à parte alta a pé, ou pegar uma estrada de terra de cerca de 5 km que cruza a ferrovia e leva até o centro da vila. Com a big-trail alemã, nem hesitei. Era hora de testar o controle de tração em um piso verdadeiramente escorregadio.

Maravilhas da eletrônica
Mesmo com duas regulagens na altura do banco (915/895 mm), a nova Adventure é bastante alta para alguém da minha estatura (1,71 metro). De início fiquei um pouco desconfiado do funcionamento do tal controle de tração -- afinal se os 256 kg dessa BMW decidissem sair de baixo de mim, não teria pernas para corrigir. Com o passar das curvas, fui dando mão no acelerador -- até que uma luz amarela acendeu no painel. Sinal de que o ASC entrara em ação.

FICHA TÉCNICA
Motor - Dois cilindros opostos (boxer), 4 válvulas por cilindro e refrigeração mista
Capacidade cúbica - 1.170 cm³
Potência - 105 cv a 7.500 rpm
Torque - 11,7 kgfm a 5.750 rpm
Câmbio - Seis marchas
Transmissão final - Eixo-cardã
Alimentação - Injeção eletrônica
Partida - Elétrica
Quadro - Multitubular em aço
Suspensão dianteira - BMW Telelever com 210 mm de curso
Suspensão traseira - BMW Paralever com 220 mm de curso
Freio dianteiro - Disco duplo de 305 mm de diâmetro
Freio traseiro - Disco simples de 265 mm de diâmetro
Pneus - 110/80/19 (diant.)/ 150/70/17 (tras.)
Comprimento- 2.250 mm
Largura - 980 mm
Altura - não disponível
Entre-eixos - não disponível
Distância do solo - não disponível
Altura do assento - 895/915 mm
Peso (ordem de marcha) - 256 kg
Peso a seco - 223 kg
Tanque de combustível - 33 litros
Cores - Prata e vermelho
Preço sugerido - R$ 88.900 (Premium) e R$ 83.900 (Top)
BMW R 1200 GS Adventure
Na prática, a impressão que se tem é de que a moto está tendo problemas de alimentação, já que o sistema gerencia o motor de modo a diminuir o torque na roda traseira. São as maravilhas da eletrônica em prol da segurança. Para os mais radicais (e mais altos), o ASC oferece um ajuste mais esportivo, que permite leves derrapagens. Ainda é possível optar por desligar o sistema (assim como o ESA versão Enduro que equipa a Adventure).

Além das opções tradicionais -- piloto, piloto e bagagem ou dois ocupantes e bagagem --, há dois modos off-road: leve e mais pesado, que regula a pré-carga das molas para obstáculos mais radicais.

Como a estrada, apesar de escorregadia, tinha poucos buracos, selecionei o modo "normal" de compressão e retorno das suspensões e a pré-carga das molas para dois ocupantes. Também não desliguei o ABS, o que acabou sendo bastante útil em uma descida íngreme em que fui forçado a frear de repente. O tradicional barulho e a sensação do pedal de freio se soltando indicava que o sistema havia evitado o travamento da roda.

Elite das big-trails
Em todas as especificações a BMW R 1200 GS Adventure convida a uma longa viagem. Além do tanque enorme e de todas as características, ela esbanja conforto, segurança e tecnologia. É uma das mais bem-equipadas e modernas big-trails do mercado.

Além disso, a R 1200 GS Adventure é uma das mais caras entre as motos do segmento disponíveis no Brasil. O modelo testado era a versão Premium, a mais cara, cotada em R$ 88.900 -- que traz todos os equipamentos de série, com exceção das malas laterais em alumínio. Há ainda a versão Top, mais barata (R$ 83.900), que vem sem o ESA Enduro, o ajuste eletrônico de suspensão. (por Arthur Caldeira)

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