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Curso ensina a não ser enrolado por frentista ou mecânico; veja as dicas

Thais Roland em ação: "tenha o mínimo de conhecimento para cuidar de seu carro sem ser enganado" - Alessandro Reis/UOL
Thais Roland em ação: "tenha o mínimo de conhecimento para cuidar de seu carro sem ser enganado" Imagem: Alessandro Reis/UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

29/08/2017 04h00

Quase todo mundo conhece e tem medo dessa história: o carro apresentou alguma falha ou simplesmente chegou a hora da revisão e você precisa levá-lo ao tal "mecânico de confiança". Nessa hora, sem ter conhecimento mais profundo de como o automóvel funciona, nem conhecendo o mecânico tão bem assim, sobram dúvidas e o medo de cair na famosa "empurroterapia", adquirindo peças e serviços muitas vezes desnecessários, confiando apenas no que diz o profissional da oficina.

Essa ignorância de coisas básicas pode cobrar um alto preço na hora de pagar a conta de tarefas básicas, como verificar nível do óleo, ou do líquido dos freios, fazer a calibragem e troca correta dos pneus ou passar pelas revisões programadas. Para escapar do prejuízo, tem até curso rápido em São Paulo, ministrado pela mecânica, consultora e blogueira Thais Roland.

Para não ser enganado e evitar prejuízo, vale se informar pelo menos sobre o básico da manutenção do carro, aponta a blogueira, que utiliza linguagem coloquial e dicas simples para se diferenciar num ambiente ainda muito masculino e tomado por pessoas que não querem admitir que não sabem do assunto.

"Pelo menos o básico tem que saber, tem que ler o manual, ter o mínimo de informação. Quando você compra um casaco novo que queria muito, você vai olhar a etiqueta para saber como limpar, se pode ou não deixar secar no sol, se pode ou não lavar na máquina, por exemplo. Com o carro é a mesma coisa, você quer cuidar bem dele", afirma a responsável pelo blog "Coisa de Meninos Nada".

Com ajuda dele, listamos dez atitudes para você não ser enrolado na hora de levar o veículo para a oficina.

Busque conhecimento

  • Murilo Góes/UOL

    Leia o manual!

    Parece besteira, mas conhecer em detalhes o produto que você comprou, inclusive como mantê-lo em boas condições, é requisito básico. Isso também funciona com os automóveis. O manual informa, inclusive, a pressão correta para pneus, e indicações do óleo do motor, do fluido de freio e do líquido de arrefecimento. Com essas informações, você corre menos riscos de comprar gato por lebre. "Você tem que ter o mínimo de informação, pelo menos para saber checar o nível do óleo, do fluido do freio e do líquido de arrefecimento. Exija sempre a troca e faça a manutenção básica com base nas especificações do manual", orienta a especialista.

  • Moacyr Lopes Junior/Folhapress

    Faça perguntas diretas, mostre segurança

    Mesmo se você não tiver conhecimento técnico, não assuma o papel de ignorante para não correr o risco de contratar um serviço maior e mais caro que o realmente necessário. Faça perguntas objetivas, questione as justificativas dadas pelo profissional. Demonstre que você está seguro. "Quando o profissional está mal intencionado, percebe na hora que o cliente é leigo e logo começa a manipulá-lo, oferecendo serviços e respectivos gastos desnecessários. A parte psicológica conta muito", alerta Thais Roland.

  • Feng Dapeng/Xinhua

    Frentista não é mecânico

    A cena é comum: você encosta ao lado da bomba para abastecer e logo o frentista se oferece para checar o nível do óleo do motor. Tenha em mente que, seja por desconhecimento, seja pela "empurroterapia", a prática não é a mais adequada. "O nível do óleo deve ser verificado antes de o motor ser ligado, de preferência pela manhã, depois de o veículo passar a noite desligado e estacionado em um local plano. Ao ligar o motor, o óleo sobe do cárter para a parte superior, a fim de fazer a lubrificação, portanto o nível sempre vai aparecer na vareta mais baixo que o real", ensina. Nessas situações, o nível pode estar bom, mas o frentista recomenda completar, e óleo em excesso pode ser tão prejudicial quanto a sua falta. "Siga sempre os prazos e a quilometragem recomendados no manual. Óleo escuro, por exemplo, não significa que precisa ser substituído. Essa aparência é normal, mesmo com poucos quilômetros de uso".

  • Calibragem dos pneus

    Ainda no posto, o frentista se prontifica a calibrar os pneus. Dependendo do clima e do quanto você já rodou, a chance de errar é enorme. Se estiver quente, o ar mais no interior do pneu vai ter se expandido e, na conta final, o frentista pode acabar colocando menor ar do que o recomendado (o pneu pode murchar após um tempo e isso vai aumentar o consumo de combustível e pode até comprometer a suspensão) Se estiver frio, há o risco de se achar que o pneu está mais vazio e, no final, colocar ar demais (isso também mexe com a suspensão e deixa a direção mais complicada). O certo é calibrar o pneu, em média, uma vez por semana e pela manhã, ao sair de casa. E calibre também o estepe para não ficar na mão.

  • Lucas Lacaz Ruiz/A1 - 26.02.2011

    Rejeite aditivos

    Aditivo de gasolina e de óleo prometem melhorar a performance do carro e até reduzir o consumo de combustível e são rotineiramente oferecidos em postos de combustível. Mas é um gasto desnecessário, pois a gasolina e o próprio óleo lubrificante do motor já trazem os aditivos necessários e recomendadas pelo fabricante do automóvel.

  • Marcelo Justo/Folhapress

    Atenção com o líquido de arrefecimento

    Carros modernos não levam apenas água no radiador, mas uma combinação de água e aditivo específico, que devem ser misturados na proporção recomendada pelo manual do veículo. Há produtos já prontos, na concentração indicada, e outros que precisam ser diluídos antes. Portanto, é preciso saber exatamente o que fazer: leia o manual ou verifique o que está indicado no respectivo reservatório.

  • Divulgação

    Freios

    É comum mecânicos recomendarem ao cliente "completar" o fluido de freio, ao constatarem que o nível está mais baixo que o ideal. Você está jogando dinheiro fora. Segundo Thais Roland, se o nível está baixo, dois fatores podem ser o motivo: vazamento nos dutos de freio ou desgaste natural das pastilhas, cuja espessura vai diminuindo com o uso, fazendo o nível descer. Fluido baixo, portanto, pode indicar que está na hora de trocar as pastilhas, não "completar o óleo". "Em geral, quando o material de desgaste natural, que entra em contato com o disco, já está com a mesma espessura da carcaça da pastilha, é hora de trocar. Antes disso, geralmente ainda não é preciso trocar", ensina a consultora. Tudo está determinado no manual do carro.

  • Getty Images/iStockphoto

    Ajuste de cambagem? Desconfie

    Alinhamento e balanceamento também têm a sua pegadinha. A principal é com relação à cambagem, a inclinação lateral das rodas. "Hoje em dia, boa parte dos carros de pequeno porte têm cambagem fixa, que não é ajustável. Aí você contrata o serviço e, na hora de pagar a fatura, vem a cambagem discriminada e você paga por isso, e é um item caro", afirma a consultora. Caro e que não foi feito. "Se um carro precisou de ajuste de cambagem, pode ser sinal de um problema mais grave, como desalinhamento do chassi, do eixo ou de outro componente importante que ficou torto por conta de acidente ou batida muito forte na suspensão", explica.

  • Renato Stockler/Folhapress

    Escapamento

    Quando o motor do carro está falhando e você leva no mecânico, o profissional utiliza um equipamento de diagnóstico do escape chamado "scanner". O resultado, muitas vezes, recomenda a troca de algum sensor, especialmente a sonda lambda, que ajusta o sistema de injeção eletrônica de combustível. Thais Roland afirma que esse nem sempre é o caso. "É frequente recomendarem a troca da sonda lambda, mas não verificam as condições do motor. É comum o defeito estar relacionado a combustível de má qualidade, que acaba afetando o funcionamento desse componente, sem estar efetivamente danificado. Por vezes, o defeito é do catalisador, que não é checado", alerta.

  • Rafael Hupsel/Folhapress

    Peça nota fiscal detalhada e veja as peças trocadas

    Essa é uma orientação básica: exija o comprovante fiscal das peças que o mecânico diz ter trocado, até para contar com garantia. E solicite que o profissional apresente os itens que ele substituiu. Essa postura não é garantia de que você não será passado para trás, mas inibe posturas enganosas e passa demonstra firmeza.