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Carro encarece até 43,8% no Brasil em cinco anos; veja exemplos

Colaboração para o UOL

26/08/2016 08h00

Nos últimos cinco anos, tomate e feijão foram protagonistas de memes sobre o aumento espantoso de preços. Como são produtos agrícolas suscetíveis a desempenho de safras e cotações no exterior, logo voltaram a um patamar monetário mais decente. Pena que com carro não seja assim...

Muitos modelos encarecem neste mesmo período e hoje custam bem mais que em 2011 -- os reajustes superam margem dos 30%, na maioria dos casos, e até 40% em outros.

Tem gente que vai argumentar que a inflação acima de 40% (IGPM, IPCA etc) nestes cinco anos é justificativa, assim como a variação do dólar. São fatores que pesam na cadeia automotiva, sem dúvida, mas a lógica neste caso é diferente: os carros também estão mais caros porque o brasileiro continua a pagar por eles.

"A gente observa que o carro aqui é bem mais caro, e muitos justificam pelos tributos, pelos custos, mas também pelo mercado. Brasileiro gosta de carro e a fabricante pode colocar o preço que achar justo", observa André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV).

Mais modernos e equipados

Logicamente, os modelos também ganharam mais equipamentos e componentes mais modernos durante esse intervalo. Alguns da lista de UOL Carros, inclusive, têm novas gerações e estrearam conjuntos mecânicos mais eficientes. O novo Honda Civic, lançado esta semana, serve exatamente para exemplificar isso.

Mas o reposicionamento de preços vai além dos custos. "O fabricante pode posicionar seu produto com preço diferente à medida que vê a preferência dos consumidores aumentar", diz Braz, lembrando que o mercado dita o preço muitas vezes: "Brasileiro gosta de automóvel e, por isso, aceita pagar fortunas pelo carro."

Abaixo, citamos dez carros que subiram de preço e de nível nestes cinco anos.

Variação de preço de 2011 a 2016

  • Murilo Góes/UOL

    Fiat 500

    Antes polonês, há cinco anos passou a ser importado do México com motores 1.4 flex e 1.4 MultiAir, com custo/benefício incrível: por R$ 39.990, você levava o subcompacto com controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, ar-condicionado e direção elétrica, entre outros -- è época, mesmo o polonês custava mais de R$ 62 mil. Hoje, o charmoso carrinho usa o mesmo motor aspirado flex em suas versões mais baratas e traz lista de equipamentos igual, só que o preço subiu para iniciais R$ 56.900. Variação entre 2011 e 2016 de 42,2%.

  • Divulgação

    Kia Picanto

    Um exemplo de carro que teve reajuste bem abaixo dos outros, apesar de ter encarado de frente a canetada do governo, que entubou 30% de IPI adicionais aos veículos importados de marcas que não têm fábrica no Brasil. O Picanto lançado em 2011 está 17,1% mais caro hoje, já com facelift: custava R$ 34.990 e hoje sai por R$ 40.990. O motor é o mesmo tricilíndrico flex de 80 cv (que também equipa o Hyundai HB20), mas o subcompacto sul-coreano perdeu alguns itens de série -- entre eles, o acionamento elétrico dos vidros traseiros. Porém, o carrinho continua bem fornido, com ar-condicionado, direção elétrica, travas e retrovisores elétricos, volante com ajuste de altura e comandos do som, fixação Isofix e chave canivete.

  • Murilo Góes/UOL

    Volkswagen SpaceCross

    Para muita gente, pagar mais de R$ 81 mil em uma station wagon compacta parece insano. Nós concordamos, mas tem um monte de SpaceCross nas ruas para provar que não somos loucos. Detalhe é que, quando foi lançada, em 2011, já achávamos a versão aventureira da SpaceFox cruel à carteira: R$ 57.990 -- hoje, ela sai por R$ 81.100 (39,8% de aumento). Pelo menos, nesse intervalo de tempo, a perua evoluiu bastante: adotou o moderno motor 1.6 16V MSI de 120 cv (no lugar do antigo 1.6 de 8V e 104 cv) e ganhou câmbio manual de seis marchas e controle de estabilidade.

  • Murilo Góes/UOL

    Nissan Versa

    Lançado em novembro de 2011 ainda mexicano e apenas com motor 1.6, o sedã veio com a mesma proposta do Renault Logan: espaço de carro médio, preço de compacto, acabamento simples e desenho racional. Tanto que custava iniciais R$ 35.490. Tudo bem que essa versão sequer possuía ar-condicionado, então vamos considerar a S, que trazia o equipamento e saía por R$ 37.990. Hoje, reestilizado há mais de um ano e fabricado no Brasil, é preciso desembolsar R$ 51.190 para levar o Versa S 1.6 -- diferença de 34,7%. O acabamento melhorou (pouco) e o motor ficou mais econômico, mas com exceção do ar (agora de série) e do ABS e airbag duplo (que passaram a ser obrigatórios nesse meio-tempo), a lista de equipamentos do sedã é praticamente a mesma.

  • Divulgação

    Peugeot 408

    Lançado em 2011 no Brasil, o sedã médio argentino nunca gozou de popularidade, apesar da elogiável dirigibilidade e do acabamento caprichado. O preço inicial de R$ 64.500 (Allure com câmbio automático) não ajudava, assim como o obsoleto câmbio automático de quatro marchas. Os anos se passaram e o 408 ficou R$ 15 mil mais caro (variação de 23,3%), mas passou por uma remodelação no ano passado (embora lá fora já exista uma nova geração) e evoluiu mecanicamente -- o motor 2.0 flex de 151 cv é o mesmo, mas agora trabalha com uma caixa automática de seis velocidades. Além disso, o sedã está mais recheado, com quatro airbags a mais, ar-condicionado automático bizona e bancos de couro, entre outros.

  • Murilo Góes/UOL

    Renault Duster

    O primeiro rival de fato do Ford EcoSport surgiu em outubro de 2011 com mais espaço que o concorrente e custando menos: partia de R$ 50.900 na versão Expression 1.6, quase R$ 4 mil a menos que o preço do carro da Ford na época. Mesmo com acabamento mais simples, como o de um Sandero ou Logan, a robustez do Duster fez sucesso. O facelift de meia vida do SUV ocorreu em abril de 2015 e, desde então, ele ficou mais salgado: passou a custar iniciais R$ 62.990. Hoje, a Expression 1.6 sai por R$ 66.490 -- variação de 30,6% se comparada com o preço de 2011. Além do desenho, as diferenças são 1 kgfm de torque a mais no motor (14,6 kgfm no total, com etanol); novos tecidos e materiais internos e quadro de instrumentos redesenhado, já que o pacote de equipamentos é o mesmo.

  • Divulgação

    Chevrolet Captiva

    Às vezes a gente esquece, mas o Chevrolet Captiva continua no mercado, sem grades alterações. Em cinco anos, a principal mudança ocorreu recentemente, na linha 2016, com a adoção de acabamento escuro em molduras de para-choques, portas, para-lamas e rodas. Mas o que mudou mesmo nesse período foi o preço, 20,6% mais caro. Agora oferecido apenas com motor 2.4 Ecotec, o SUV médio começa em R$ 106.090 -- em 2011, o valor tabelado era R$ 87.900. A lista de equipamentos de cinco anos atrás praticamente não mudou: ar-condicionado automático, banco do motorista com regulagens elétricas, retrovisores com desembaçador e acionamento do motor à distância são alguns deles.

  • Murilo Góes/UOL

    Fiat Freemont

    O grande apelo do "clone" do Dodge Journey quando foi lançado, em 2011, era justamente o preço. Com sete lugares, vendeu bem pelo custo/benefício agressivo, que relevava até seu conjunto mecânico beberrão e arcaico herdado do Chrysler PT Cruiser. Fora isso, era mais espaçoso que um Honda CR-V e custava menos: R$ 81.900. O tempo passou e o Freemont aumentou 33,8%, para R$ 109.590. Detalhe que nada mudou no utilitário esportivo mexicano, com exceção do câmbio de seis marchas, em 2013, no lugar da antiga caixa de quatro velocidades. Se servir de consolo, o Freemont ainda é mais barato que o CR-V...

  • Divulgação

    Honda CR-V

    Por falar nele, o CR-V ficou assustadoramente letal ao bolso em cinco anos. Certo, vamos dar uma aliviada porque ele recebeu nova geração em 2012, quando ficou mais equipado, moderno e passou a utilizar somente tração integral (justamente para se distanciar do colega de vitrine, o HR-V). Mesmo assim, os R$ 148 mil atuais são 43,8% mais caros que os R$ 102.910 cobrados pela versão EXL 4x4, em 2011. Há cinco anos, inclusive, o CR-V era o líder no segmento de crossovers médios e o preço era um de seus principais argumentos.

  • Divulgação

    Toyota Hilux

    Tudo bem que a Hilux ganhou uma nova geração recentemente, mas os R$ 168.670 pedidos pela versão SRV a diesel (intermediária) são pouco animadores, ainda mais quando comparada com o preço da picape cinco anos atrás, na época da maquiagem de meia-vida: R$ 134.410 (variação de 25,4%). A picape ficou mais espaçosa e bonitona, tem novo motor diesel e ganhou equipamentos modernos, como central multimídia e abertura das portas por sensor de aproximação, mas o padrão de acabamento interno continua remetendo aos anos 1990 e o plástico do painel com imitação de costura é de matar em um modelo desse preço.