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Para manter Alonso, McLaren se coloca em sinuca de bico em nova era da F-1

Fernando Alonso, da McLaren - Mark Thompson/Getty Images
Fernando Alonso, da McLaren Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Sepang (MAL)

25/09/2017 04h00

A McLaren não escondeu nos últimos meses que estava cansada de esperar por uma melhora significativa das unidades de potência fornecidas por sua parceira, a Honda. Afinal, foram três anos de muitas quebras e raros quintos lugares como melhores resultados, pouco para uma das equipes mais vencedoras da história da Fórmula 1. Mas o arriscado acordo com a Renault, costurado menos de cinco meses antes dos carros de 2018 estarem na pista, busca atender aos anseios de Fernando Alonso. E pode custar caro ao time no longo prazo.

Alonso, que é muito bem visto pelos engenheiros da McLaren e odiado pela Honda, deixou clara sua condição para renovar o contrato: queria ver sinais de que o time melhoraria ano que vem, e por várias vezes indicou que via o motor como praticamente o único empecilho para lutar na ponta do grid.

Não por acaso, após a confirmação de que a McLaren usará motores Renault ano que vem, é esperado o anúncio de sua renovação, como apontou o chefe da equipe, Zak Brown. “Ele venceu dois campeonatos com a Renault. Está muito feliz com a equipe e nós estamos muito felizes com ele, então acho que em um futuro não muito distante devemos chegar a um acordo.”

Aposta arriscada
Mudar de fornecedor de motor agora e ter um contrato de três temporadas com a Renault para resolver os problemas mais imediatos, contudo, é arriscado para a McLaren. Financeiramente, o time perde o investimento da Honda ao mesmo tempo em que tem de passar a pagar pelos motores e ainda mantém o caro salário de Alonso.

Stoffel Vandoorne perdeu duas horas de treino por causa de um problema no motor da McLaren - Dan Istitene/Getty Images - Dan Istitene/Getty Images
Imagem: Dan Istitene/Getty Images
E, do ponto de vista de performance, o time volta a ser cliente. Brown se defende dizendo que é difícil fazer qualquer aposta no momento, pois a F-1 terá novos motores a partir de 2021, mas o regulamento sequer foi decidido. Porém, não fazer o próprio motor ou ter relação de equipe de fábrica com alguma montadora tem se provado uma tática errada desde que o motor voltou a se tornar um diferencial de performance, a partir de 2014.  

“No final das contas, ninguém sabe ainda quais serão as regras para 2021, então acho que é difícil para todos porque não sabemos qual será o cenário. Acreditamos que temos uma relação a longo prazo, uma fundação para isso. A Renault tem uma grande história no esporte, ganhou muitos campeonato com a Red Bull, com sua equipe própria, então estamos felizes no momento e achamos que seremos competitivos juntos”, diz Brown.

Não que o dirigente ignore os riscos. Tanto, que sabendo da situação da McLaren, Brown imediatamente começou a pressionar para que a F-1 adote um teto orçamentário, ideia que não tem o consenso dos demais no momento.

“Não estamos preocupados com a combinação Red Bull-Honda ou qualquer outra. Precisamos controlar nossos orçamentos. Acho que o motivo para vermos as diferenças que existem hoje no grid é porque a diferença entre os orçamentos dos dois grandes times com os demais é muito grande.”

Afinal, ainda mais sem um grande patrocinador há anos e voltando a ser cliente, só o controle de gastos pode colocar a McLaren novamente em pé de igualdade com rivais como Ferrari e Mercedes e, possivelmente em um futuro próximo, a própria Renault.
 

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