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Moto customizada: modismo ou tendência que se consolida também no Brasil?

Customização é bom negócio faz tempo no exterior. Acima, Mya VR46, customizada por Valentino Rossi - Gigi Soldano/VR46
Customização é bom negócio faz tempo no exterior. Acima, Mya VR46, customizada por Valentino Rossi
Imagem: Gigi Soldano/VR46

Roberto Agresti

Colaboração para o UOL

13/12/2017 08h00

Cada vez mais motocicletas customizadas, de todos os tipos e tamanhos, são vistas no país

Motocicleta é um veículo singular, que desperta paixão quase que irracional, como ódio na mesma medida. E o papo agora é para aqueles que estão convencidos de que a vida sem moto -- especialmente as bastante modificadas -- não tem a menor graça.

Para a maioria de nós, motociclistas, a posse de uma moto e a possibilidade de exercer o direito de ir e vir ao guidão já é o suficiente. Mas há quem não se satisfaça com tamanha simplificação. Se a mera propriedade é algo bom, fazer da máquina quase que uma extensão da personalidade é ainda melhor, e aí surge o fenômeno da personalização.

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No passado, desenhar uma faixinha no tanque, aplicar um adesivo cá e outro acolá e trocar o assento ou o guidão por outro talvez fosse suficiente. Hoje não é mais assim, pois alterar as características originais de maneira radical ganhou aura de atividade artística, e até um novo verbo surgiu para definir tal trabalho: "customizar".

Nos Estados Unidos, a atividade relacionada à modificação de motocicletas é, há décadas, um fértil e lucrativo ramo de negócios. A mais lendária das marcas, a Harley-Davidson, sempre incentivou tal prática e isso fez das motos da marca norte-americana alvos preferenciais de exercícios estilísticos que buscam não apenas uma diferenciação estética, mas também intervenções técnicas mais radical.

Ape Hanger

Há quase cinquenta anos, o filme "Easy Rider" ("Sem Destino" na versão brasileira), estreou nas telas de todo o planeta. Instantaneamente virou um "cult", um clássico da contracultura. Através das motocicletas de seus personagem principais, interpretados por Peter Fonda e Dennis  Hopper, o mundo das Harley-Davidson modificadas foi introduzido no ideário da população.

Posters da Chopper de Fonda, com seu longuíssimo garfo de suspensão dianteira e tanque pintado com as estrelas e listras da bandeira norte-americana, invadiram as paredes dos quartos de adolescentes do mundo todo. Pouco importava aquele garfo longo ser uma bizarrice técnica ou o guidão estilo "Ape  Hanger" ("seca-sovaco" no Brasil) ser evidentemente desconfortável, pois o fascínio foi imediato.

Com certeza aquela não foi a primeira motocicleta customizada do mundo, mas certamente foi a mais vista, estopim do conceito "quanto mais diferente, melhor".

Choppers, Bobbers, Baggers, Rat-bikes

Estes são apenas alguns dos variados estilos de possíveis de customização, fenômeno que no Brasil começou a tomar forma no final dos anos 1990. Porém, só recentemente a coisa evoluiu, aliás, explodiu: a arte virou negócio do bom, aferido pela quantidade de oficinas focadas em customização das mais diferentes tendências.

Os críticos ao estilo dizem ser este sucesso das customizadas uma indevida vitória da forma sobre a função, que muito diz sobre a sociedade atual e seus valores platônicos, onde o olhar para a motocicleta é algo maior e fonte de prazer mais intenso do que o próprio andar de motocicleta.

Seja como for, um fato é irrefutável: cada vez mais motocicletas customizadas, de todos os tipos e tamanhos, são vistas nas ruas do Brasil e isso com certeza não é um indício de declínio da paixão pelas duas rodas, muito pelo contrário.