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Caos no trânsito é responsabilidade de todos e só educação pode nos salvar

Carros e motos se misturam em meio ao complicado trânsito das grandes metrópoles: estamos longe de parecer "1º mundo" - Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo
Carros e motos se misturam em meio ao complicado trânsito das grandes metrópoles: estamos longe de parecer "1º mundo" Imagem: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo

Roberto Agresti

Colaboração para o UOL

02/05/2017 18h04

Motociclistas e motoristas: culpa da insegurança nas ruas é de ambos

Segurança viária é algo sério e que depende de muitos fatores. Infelizmente os maiores culpados pela situação calamitosa de nosso trânsito são os próprios usuários, motociclistas e motoristas.

Fato: parte do problema vem das auto/moto-escolas, que não oferecem nada além da "decoreba" de leis de uma apostila e do método para superar um tosco exame prático.

Isso faz com que o "aprendizado" real aconteça nas ruas, na prática, e a grande maioria, do iniciante ao guidão de uma motoneta ao experiente motorista da carreta, dê prioridade à habilidade em conduzir. As boas práticas ao guidão ou ao volante, o respeito à regras e a civilidade acabam sempre em segundo plano. Infelizmente.

Não é exagero dizer que a transgressão é a regra em nosso trânsito. Muitos brasileiros voltam da América do Norte ou da Europa maravilhados com a facilidade com a qual dirigiram no exterior -- já os "gringos" que se arriscam em nosso trânsito ficam literalmente em pânico com a agressividade e o desrespeito vigente em nossas vias.

Falta de educação

Seja com guidão ou volante nas mãos, a selvageria de nossas ruas demanda habilidade, mas o que sobra de perícia, falta em respeito às leis e civilidade. Ou seja, educação. Ser um dos países com o trânsito mais violento do planeta é pura mostra de nosso subdesenvolvimento sobre rodas, onde motorista reclama do motociclista e vice-versa, e ninguém tem razão pois todos acabam transgredindo.

A velocidade com a qual as motos circulam é excessiva e insana assim como são inadequadas algumas práticas arraigadas entre os motoristas brasileiros. Mudar de faixa de rolamento de forma frequente e abrupta e considerar dar sinal algo desimportante é uma das mais evidentes.

Outro problema é a manutenção de veículos no Brasil, em geral aproximativa -- não se veem motos ou carros em tão mau estado nos países do chamado "1º mundo". Dotar os vidros de automóveis de películas escurecedoras extremas é uma barbaridade equivalente ao uso indiscriminado de telefones celulares ou à recusa dos motociclistas de desacelerar para dar passagem a quem quer que seja. Some-se tudo isso e está feito o caos...

Neste cenário dantesco, apontar o dedo para um ou outro grupo como sendo grande culpado é no mínimo injusto. Motociclistas brasileiros se arriscam exageradamente e automobilistas ignoram o básico preceito de segurança viária no qual o maior (veículo) deve ter cuidado com o menor.

Se nas estatísticas das vítimas de nosso trânsito comparecem mais motociclistas do que automobilistas isso não pode induzir a uma automática e injusta conclusão de que os bandidos estão sobre duas rodas enquanto os mocinhos são os encapsulados em seus carros. Há de se ter consciência que o problema da insegurança no trânsito é responsabilidade de todos, e só terá fim quando houver respeito mútuo e uma radical mudança de comportamento.