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Roupa chamativa devia ser regra para motociclista escapar do "eu não te vi"

Com roupas mais coloridas e chamativas, certamente este tipo de cena seria menos vista - Zanone Fraissat/Folhapress
Com roupas mais coloridas e chamativas, certamente este tipo de cena seria menos vista
Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Roberto Agresti

Colunista do UOL

02/01/2017 08h00

Por que não "aparecer" para ter ainda mais razão quando for fechado?

O sentimento de um motociclista ao ouvir a frase "eu não te vi!" é sempre ambíguo; há sempre um pouco de raiva e um pouco de felicidade, já que o susto pelo quase acidente é superado pelo alívio por ter se safado.

Não há como escapar: mais cedo ou mais tarde todos nós que optamos pelo guidão vamos tomar uma fechada. Importante é lembrar que nem sempre a culpa é da distração do motorista, mas sim de uma condição malvada, a confluência de fatores que simplesmente nos torna momentaneamente invisíveis... ou quase.

Atire a primeira pedra quem, guiando carro ou moto, não se assustou com algum imprevisto. Um cachorro surgindo do nada, a bola e a criança correndo atrás, o manobrista olhando para o lado errado... só não erra quem não dirige!

Neste mundo cada vez mais coalhado de pessoas que acham que precisam fazer muitas coisas ao mesmo tempo -- como dirigir e falar ao celular, uma das mais corriqueiras --, motociclistas são pequenos pontos que se movem rapidamente em um mar de veículos. Ou presas fáceis da distração alheia.

Cores!

Só que se para os motoristas que se desconcentram o que está em jogo é um para-choque ou para-lama amassado, para o motociclista a conta sairá bem mais salgada, dolorida e muitas vezes até incapacitante.

Para combater essa situação de risco, no qual nós e nossas motos estamos definitivamente do lado mais frágil, há um recurso simples, ainda pouco praticado pela maioria dos brasileiros: o uso de trajes de cores chamativas.

Não é preciso mencionar os muitos estudos levados a cabo por renomados órgãos de pesquisa sobre segurança veicular para perceber que se um motociclista estiver vestindo roupas de cores exageradas, a chance de ser percebido pelos outros motoristas sobe radicalmente.

Na França, país de motociclistas convictos, uma lei entrou em vigor no início de 2016 obrigando todos os motociclistas a portar um colete de cores fluorescentes devidamente homologado. No entanto, curiosamente, não é obrigatório seu uso contínuo, mas apenas em situações de emergência, como em uma hipotética parada no acostamento. Aliás, o colete reflexivo é equipamento obrigatório inclusive para motoristas que fazem paradas de emergência.

E aqui?

Atrasado como sempre, no Brasil os coletes reflexivos são obrigatórios apenas para motofretistas. Só que mais importante do que a existência de uma lei é o bom senso, entender que a chance de ser visto, especialmente de noite, trajando roupas claras é garantia de mais segurança.

Trajes dotados de insertos reflexivos são fáceis de encontrar em lojas de material específico para motociclistas, idem os capacetes ou, melhor ainda, os pintados de cores fluorescentes.

Enfim, para qualquer motociclista o ver e principalmente ser visto essa é regra básica de sobrevivência. Roupas claras, chamativas, reflexivas ou fluorescentes não vão extinguir a frase "eu não te vi!", mas certamente diminuirão bastante a possibilidade de ela ser ouvida.