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Novo Porsche Macan será totalmente elétrico; mercado vê alto risco

Porsche Macan é fabricado em Leipzig e vai mudar radicalmente de ares - Matthias Rietschel
Porsche Macan é fabricado em Leipzig e vai mudar radicalmente de ares
Imagem: Matthias Rietschel

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

27/02/2019 13h05

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Causou impacto no exterior a comunicação, na terça-feira, pela Porsche: a próxima geração do Macan, seu SUV médio (compacto, no padrão americano), será totalmente elétrica, sem opção por motor a combustão.

As primeiras análises indicam decisão de risco, embora a empresa reafirmasse a continuidade de desenvolvimento de soluções híbridas e a gasolina para os demais modelos, pelo menos nos próximos 10 anos. Até 2025, no entanto, a Porsche espera que metade dos novos modelos sejam híbridos plugáveis ou elétricos.

"Até 2022 iremos investir mais de 6 bilhões de euros na mobilidade elétrica e, até 2025, 50% de todos os novos veículos da Porsche terão sistema eletrificado", afirmou Oliver Blume, presidente do Conselho Diretor da Porsche.  

A nova geração do Macan vai usar o mesmo sistema elétrico de 900W do Porsche Taycan, primeiro modelo 100% elétrico anunciado pela empresa. Por se tratar do modelo de maior comercialização da marca alemã, pode ser escolha estratégica a fim de baixar as emissões diretas de CO2, na média dos seus modelos à venda, e se manter dentro das severíssimas restrições da União Europeia. E, no resto mundo, como fará?

Marcas não querem pressão do governo

Interessante observar que, duas semanas atrás, houve certa "rebelião" nos posicionamentos de altos executivos da indústria mundial. Eles se reuniram em Paris para comemorar os 100 anos da Oica (na sigla original em francês, Organização Internacional dos Fabricantes de Automóveis). À noite de gala compareceu o presidente francês, Emmanuel Macron.

O novo presidente da Oica, Christian Peugeot, foi além de simplesmente afirmar que o automóvel faz parte também da solução para problemas de mobilidade. Pediu a neutralidade dos governos sobre a melhor opção para cumprir metas ambientais.

Pouco antes, Matthias Wissmann, seu antecessor na entidade e ex-ministro de Transportes da Alemanha, defendeu a possibilidade de escolhas, além da tecnologia elétrica. Para ele, combustíveis sintéticos poderiam alcançar os mesmos resultados em motores a combustão interna, sem precisar de investimentos pesados na construção de toda uma nova e caríssima infraestrutura para recarregar baterias.

Macron, no entanto, foi reticente. Como último a discursar, saiu do texto lido para dizer que rotas tecnológicas são traçadas pelo governo. Na realidade estava despreparado para ouvir alternativas, ao defender a instalação de fabricantes de bateria em território francês.

O próprio Peugeot, em entrevista na véspera do evento, disse à coluna que aplicar a mesma solução globalmente pode ser inviável. Citou o Brasil, onde o etanol tem forte papel a cumprir como combustível quase neutro em CO2, no ciclo fechado de produção e uso. Também destacou que governos não têm como bancar subsídios permanentes, nem dispensar altos impostos incidentes sobre combustíveis atuais.

Em seminário organizado no dia seguinte ao evento, houve outras colocações de alguns representantes de 39 entidades nacionais filiadas à Oica. Na Índia, por exemplo, poeira em suspensão no ar é um grave problema e até modelos autônomos sofrerão resistência em razão de boa parcela da população sobreviver como motorista ou motociclista. Biometano foi citado como capaz de zerar emissões locais e até diminuir CO2 acumulado na atmosfera.

Definitivamente, há diversidade para mover o carro do futuro. A opção da Porsche talvez funcione no caso específico. Para fabricantes generalistas os riscos continuam, inclusive sobre o papel dos governos e direcionamentos por simples voluntarismo.

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