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Salão mostra que carro elétrico ainda está longe, mas híbridos vão crescer

Salão de Veículos Elétricos tem participação de montadoras, como Volvo, Lexus e BYD, e vem crescendo ano a ano - Murilo Góes/UOL
Salão de Veículos Elétricos tem participação de montadoras, como Volvo, Lexus e BYD, e vem crescendo ano a ano
Imagem: Murilo Góes/UOL

Colaboração para o UOL, de São Paulo (SP)

19/09/2018 15h35

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Evento em SP levanta discussões sobre o futuro dos carros "verdes"

Organizar, desde 2002, uma exposição focada apenas em carros elétricos em um país que dispõe de frota registrada de cerca de 400 unidades movidas a bateria, somente a partir dos últimos quatro anos, é realmente demonstração de persistência.

Assim mesmo, Ricardo Guggisberg continua animado e inaugurou esta semana em São Paulo, em parceira com a Nürnberg Messe Brasil, a 14ª edição do que pode se chamar simplificadamente de "Salão do Veículo Elétrico". Nos dois primeiros dias, dos três do evento, um congresso debateu os cenários atual e futuro no Brasil e no mundo.

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Como esta coluna tem enfatizado, é preciso separar bem híbrido de elétrico. O termo híbrido-elétrico (plugável) deve se aplicar apenas aos veículos que possuem motor a combustão e outro elétrico de baixa autonomia (50 a 60 quilômetros). Sua bateria bem menor e, portanto, menos cara pode ser recarregada tanto pelo motor convencional quanto numa tomada. Grande vantagem é abastecer em postos de combustível e eliminar ansiedade causada pela descarga da bateria.

Existe ainda o que se classifica de elétrico-híbrido: tração puramente elétrica, silenciosa e de ótimo desempenho, mas um gerador acionado por motor a combustão provê autonomia extra. Exemplos: BMW i3 Rex, vendido no Brasil, e Nissan Note e-Power, lá no Japão.

Entre as várias previsões feitas durante o congresso não ficou muito claro como os compradores dividirão suas preferências no futuro. Híbridos convencionais, como Toyota Prius e praticamente toda linha Lexus, deverão crescer em curto prazo.

Erro no uso do termo "eletrificado"

Os chamados híbridos plugáveis podem se transformar na tecnologia de transição mais prudente até se chegar ao automóvel elétrico puro. Mas ao se estimarem números, há muita desinformação e uso inadequado do termo "eletrificado" que coloca no mesmo balaio soluções bastante diferentes.

Até no Brasil há confusão quanto à diminuição de carga tributária, dentro do programa Rota 2030, para incentivar os meios alternativos de propulsão. Um híbrido básico (Prius), por exemplo, só recebeu um ponto percentual de desconto de IPI -- no caso do i3 Rex, esse imposto chegou até a subir. A legislação criou faixas de taxação que combinam peso e eficiência energética de forma difícil de ser atendida por um veículo elétrico a bateria.

Mesmo na Alemanha a calibragem dos incentivos falhou: metade dos fundos alocados no orçamento federal para compensar em parte o alto preço dos carros elétricos "encalhou" pela ausência de compradores. A frota alemã de elétricos e híbridos atingiu 110 mil unidades no ano passado. A meta era de um milhão só de elétricos em 2020, longe de ser alcançada, mesmo que as vendas estejam crescendo atualmente a partir de bases comparativas muito baixas.

Estudo recente da Bloomberg explica os problemas decorrentes de investimentos pesados em fábricas de baterias de íons de lítio. Elas podem deixar de ser a solução definitiva pelo custo da matéria-prima, apesar de seu preço ter caído 80% em oito anos. Insuficiente, porém, para baratear o automóvel elétrico de forma atraente. Ainda devem em peso, volume, densidade energética e cargas rápidas contínuas sem comprometer sua durabilidade.

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Alta Roda

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Imagem: Alta Roda
+ Placas de veículos padrão Mercosul estrearam no Rio de Janeiro este mês e, no restante do país, previsão é até dezembro. Preço manteve-se em R$ 214,57 (o par), mas um penduricalho prejudica os donos de veículos -- trata-se do brasão do município e do Estado, não previstos no padrão acordado. Isso obrigará as pessoas a comprarem um novo par de placas nas transferências entre cidades. Uma vergonha.

+ Coleção de automóveis antigos e clássicos de alto nível de Og Pozzoli, falecido em novembro do ano passado aos 87 anos, terá sua integridade e preservação garantidas. Fundação Lia Maria Aguiar adquiriu todo o acervo e construirá um museu em Campos do Jordão (SP) exclusivamente para esse fim. Inauguração prevista para 2020. Exemplo a ser seguido.

+ Ford Ka Freestyle destaca-se como o mais discreto entre os pseudo-utilitários. Há relativamente poucos apliques externos, mas altura livre do solo razoável para enfrentar quebra-molas, valetas e buraqueira de sempre. Acabamento interno podia ser menos simples. ESP, conjunto de seis airbags e motor tricilíndrico 1.5 de 136 cv (etanol) destacam-se. Porta-malas perde para concorrentes.

+ Sistema conhecido como Mercado Pago, que proporcionou segurança às compras online em geral do Mercado Livre, inspirou ferramenta semelhante na comercialização de veículos. Webmotors acaba de lançar o Autopago no intuito de aumentar confiança nas transações entre quem vende e compra, além de evitar fraudes. Algo burocrático (cinco etapas a vencer), porém seguro.

+ Empresa petrolífera da Malásia, a Petronas inaugurou na semana passada um centro de pesquisa e tecnologia em sua sede de Contagem (MG). Investimento de R$ 20 milhões, iniciado em 2015, levou três anos para maturar. No Brasil, empresa produz lubrificantes para veículos de todos os segmentos e também para uso industrial.