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Invasão de SUVs modifica mercado e terá impacto em outras categorias

Colunista do UOL

15/04/2015 21h12

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A verdadeira invasão de SUVs compactos e crossovers no mercado -- três modelos novos em menos de um mês -- certamente terá impacto em outros segmentos. Na realidade, acrescentando outros dois nacionais (Ford EcoSport e Renault Duster) e importados como Chevrolet Tracker e Suzuki S-Cross, além dos chineses, haverá mudanças radicais.

Stations e monovolumes pequenos serão ainda mais atingidos, mas os próprios hatches e sedãs, tantos os compactos como os médios-compactos, perderão participação. O mercado está ávido por modelos com maior altura livre do solo e inspirados no modo "aventureiro". Um fenômeno mundial, sem explicações racionais, em tempos de economia de combustível e preocupações com gás carbônico (CO2). Veículos mais pesados e altos vão na contramão do viés de "salvar o planeta".

O 2008 é um típico crossover sem possibilidade de tração 4x4. A Peugeot assumiu que o público prefere modelos completos e abandonou pacotes de opcionais. É o produto mais em conta (à exceção do Duster) ao partir de R$ 67.900 (Allure) e chegar a R$ 79.590 (Griffe). Como referência, um Jeep Renegade Trailhawk a diesel 4x4 automático, com tudo que tem direito, até os acessórios da Mopar, pode passar de R$ 140 mil, se aparecer comprador disposto.

Em estudo meticuloso, a marca francesa fez comparações com os concorrentes, inclusive precificando itens que estes dispõem e o 2008, não. Na planilha, ele sempre apareceu com menor preço em versões equivalentes, mas faltaram alguns itens como superfícies de plástico suave e suspensões independentes nas quatro rodas. Também não se justifica eliminar encaixes Isofix (originais) para bancos infantis por uma diferença de R$ 100. Em manobras há avisos sonoros, mas é melhor câmera de ré.

Peugeot 2008 2016 1.6 Griffe THP Flex - Divulgação - Divulgação
2008 é típico crossover sem possibilidade de tração 4x4; é bem recheado e anda bem
Imagem: Divulgação
Entre características bastante apreciáveis estão menor diâmetro do volante, o que permite leitura do quadro de instrumentos por cima dele, e o teto panorâmico de vidro (somente no Griffe). Tela multimídia colorida de sete polegadas inclui aplicativo para smartphones com funções extras. Porta-malas de 355 litros é maior em relação a EcoSport e Renegade, mas perde para os do HR-V e Duster.

A engenharia fez um belo trabalho nas suspensões para conciliar estabilidade e um vão livre de 20 cm. Equipado com o primeiro motor turboflex -- THP de 173 cv e 24,5 kgfm -- em modelos pequenos (antes do up!, que chega dentro de um mês), o 2008 Griffe pede passagem. Por ser relativamente leve, deixa para trás até carros maiores, já que acelera de 0 a 100 km/h em apenas 8,1 s com câmbio manual de seis marchas. Há quatro modos de assistência à tração nesta versão mais cara, suficientes para uso leve no fora-de-estrada.

A Peugeot garante que não há espaço físico para um câmbio automático de seis marchas no seu modelo de topo. Mas fontes asseguram que o de quatro marchas será totalmente substituído pelo de seis, já em 2016, em todos os compactos da PSA Peugeot Citroën, inclusive nas versões que usam o motor 1.6 aspirado de 122 cv. O câmbio automático atual foi recalibrado, tem modo econômico, mas deixa a desejar, embora vá representar cerca de 70% das vendas, segundo o fabricante.

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RODA VIVA
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  • Land Rover guarda uma surpresa para o início de 2016, quando inaugura sua fábrica de Itatiaia (RJ). Conforme a Coluna adiantou, o primeiro modelo a entrar em produção é o Range Rover Evoque, atualmente o carro mais vendido da marca no Brasil e no mundo. Alguns meses depois chegará a vez do Discovery Sport. As venda deste último começam agora, importado da Inglaterra.
     
  • Anfavea assumiu que, pelas condições atuais da economia, os números de produção (com impacto direto sobre empregos), vendas e exportações em 2015 serão (bem) piores do que se previa. O órgão agora admite queda de 10% e 13,2%, respectivamente, para os dois primeiros indicadores. Restou apenas um dado positivo: mais 1,1% nas exportações.
     
  • Estoques totais (fábricas e concessionárias) caíram de 50 dias em fevereiro para 46 em março, ainda em torno de 50% acima do ideal. Sindipeças prevê declínio de 11,5% no faturamento nominal de seus cerca de 500 associados. Durante a Automec, só setores de peças de reposição e manutenção confiavam na grande frota circulante para sopro de otimismo.
     
  • Existe equilíbrio de vendas entre versões do Cruze: 52%, sedã e 48%, hatch (Sport6). Em termos de câmbio, automáticos estão em 80% dos hatches e nada menos que em 95% dos sedãs. Aperfeiçoamentos no automático aparecem claramente no uso cotidiano, em cidade ou estrada. Ambos são muito agradáveis de guiar, mas suportes laterais dos assentos dos bancos dianteiros são duros.
     
  • Inmetro anunciará nos próximos dias a extensão do Programa Brasileiro de Etiquetagem (Conpet) a veículos leves a diesel. Picapes e SUVs de todos os portes terão índices de consumo de combustível para compradores conhecerem os mais econômicos. A GM deve aderir ao programa, embora não com 100% de seus modelos, o que só acontecerá em 2018.

Coluna Alta Roda é publicada originalmente às terças-feiras