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Nissan não define sucessor de Ghosn, que pode ficar preso até fim do ano

Ghosn está detido em Tóquio desde 19 de novembro - Vanderlei Almeida/AFP
Ghosn está detido em Tóquio desde 19 de novembro
Imagem: Vanderlei Almeida/AFP

Maki Shiraki

Da Reuters

06/12/2018 07h00

Jornal diz que promotoria de Tóquio pedirá renovação de prisão por suposta acusação inédita contra ex-CEO da Renault-Nissan e diretor

Um comitê organizado pela Nissan na última terça-feira (4) não chegou a um consenso para definir o substituto de Carlos Ghosn. A informação foi revelada por uma fonte ligada à empresa para a agência de notícias Reuters.

Enquanto isso, Ghosn pode permanecer detido até o final deste ano. O jornal "Sankei" afirma que promotores de Justiça de Tóquio pretendem renovar seu pedido de prisão devido a uma possível denúncia inédita contra o ex-CEO da aliança Renault-Nissan.

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A Nissan convocou três diretores externos para a tarefa de escolher um novo presidente. São eles: Masakazu Toyoda (um ex-executivo das áreas de comércio e indústria), Jean-Baptiste Duzan (ex-executivo da aliança firmada com a Renault SA) e o piloto de automobilismo Keiko Ihara. Caberá ao comitê apontar o nome de um substituto no encontro do conselho administrativo da Nissan no dia 17 de dezembro. As mudanças no comando da empresa devem ser aprovadas pelos acionistas.

Fontes afirmam que nenhum nome em particular foi discutido durante a reunião da úiltima terça-feira. Isso aconteceu porque Duzan teria pedido mais tempo para tomar a decisão.

Duas outras pessoas ligadas à aliança afirmaram que o conselho administrativo da Renault se encontraria na quarta-feira (5) para discutir a crise no comando da empresa. Ghosn permanece no comando da Renault, mas foi demitido da mesma posição pelas japonesas Nissan e Mitsubishi após ser preso no dia 19 de novembro.

Alguns executivos da Nissan não escondem a insatisfação com a influência desmedida da Renault sobre a montadora japonesa, que há tempos já superou os franceses em vendas. Hoje, a Renault possui 43% das ações da Nissan, enquanto a Nissan possui 15% das ações da aliança sem direito a voto nas decisões.

Detenção renovada

Principal articulador da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Ghosn está preso em Tóquio por suspeita de subnotificação de sua renda. Juntamente com o executivo está o ex-diretor da empresa, Greg Kelly, que teria sonegado metade dos 10 bilhões de ienes (aproximadamente R$ 341,7 milhões) de rendimentos por cinco anos, contando a partir de 2010.

Até o momento, autoridades de Tóquio prorrogaram a prisão da dupla até o dia 10 de dezembro.

Citando fontes não identificadas, o "Sankei" afirma que promotores planejam deter Ghosn e Kelly justamente no dia 10 pelo mesmo crime, mas de 2015 a 2017, período no qual Ghosn teria omitido 4 bilhões de ienes (cerca de R$ 102,5 milhões) em rendimentos. Se as autoridades japonesas aprovarem a detenção máxima para este caso, Ghosn e Kelly devem permanecer na cadeia até o dia 30 de dezembro.

Promotores de Tóquio não se pronunciaram sobre o assunto. Ghosn, por sua vez, não foi autorizado a dar declarações, embora a emissora de televisão "NHK" tenha afirmado que o executivo negou todas as acusações.

No Japão, suspeitos de crime podem permanecer em custódia por 10 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 10 dias caso os juízes atendam pedido da promotoria. Ao fim deste periodo, os promotores devem preencher uma acusação formal ou então soltar o suspeito. Entretanto, ainda há a possibilidade de prisão por um crime separado, no qual o processo de investigação começa do zero. Este processo pode ser repetido, por vezes mantendo suspeitos na cadeira por meses sem acusações formais e sem direito à pagamento de fiança.