Montadoras sabiam do defeito em airbags antes dos recalls, dizem vítimas
Donos de carros abrem processo contra quatro marcas globais; sete empresas fizeram acordos milionários
General Motors, Volkswagen, Fiat Chrysler Automobiles e Daimler (Mercedes-Benz) sabiam que os insufladores dos airbags da Takata tinham defeito e deveriam ter se movimentado mais rapidamente para fazer os recalls dos veículos afetados, apontam documentos da empresa japonesa citados na quarta-feira (14) nos processos movidos por proprietários e vítimas de automóveis contra as fabricantes.
Segundo termos do processo apresentado no Tribunal Distrital dos Estados Unidos, em Miami, as quatro montadoras classificaram seus veículos como seguros, mesmo tendo consciência das falhas. As ações judiciais, que reivindicam perdas e prejuízos, citam documentos internos da Takata que sugerem que as montadoras conheciam problemas antes dessa informação chegar a conhecimento público -- e muito antes de iniciarem os recalls.
"Esses fabricantes de automóveis estavam conscientes dos riscos de segurança pública colocados pelos airbags da Takata há muito tempo, e ainda esperaram anos para divulgá-los ao público e agir", afirmou Peter Prieto, advogado dos proprietários.
Pelo menos 22 mortes -- bem como centenas de feridos -- em todo o mundo estão ligados diretamente aos defeitos de insufladores de airbags da Takata, que podem explodir com força excessiva, desencadeando estilhaços metálicos contra os ocupantes. O defeito levou Takata a solicitar processo de concordata em junho.
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Marcas negam
O porta-voz da GM, Tom Wilkinson, disse que não houve rupturas de insufladores da GM em questão. "O processo é sem fundamento e sem mérito e usa uma série de provas materiais da forma incorreta. Pretendemos derrubá-lo vigorosamente", disse ele.
Fiat-Chrysler e Volkswagen se recusaram a comentar. A Daimler disse em uma declaração que considerava "as acusações como infundadas".
A Takata disse em junho que fez o recall, ou ainda fará, de cerca de 125 milhões de veículos com airbags defeituosos em todo o mundo até 2019, incluindo mais de 60 milhões nos Estados Unidos em veículos construídos por 19 fabricantes de automóveis.
Acordos milionários
Outras montadoras resolveram casos de prejuízos de proprietários que fazem parte da mesma batalha legal na Flórida, no valor de mais de US$ 1,2 bilhão (quase R$ 4 bilhões). Em setembro, a Honda concordou com uma liquidação de US$ 605 milhões (quase R$ 2 bilhões).
Um juiz federal em Miami previamente aprovou acordos com a Toyota, a Subaru, a BMW, a Nissan e a Mazda, totalizando outros US$ 650 milhões (R$ 2,1 milhões). Um processo semelhante contra a Ford está pendente.
Os acordos cobriam várias formas de prejuízos ligados aos infladores, incluindo reivindicações de que os veículos foram incorretamente classificados como seguros e que os compradores haviam pagado caro demais para levar carros com airbags defeituosos ou de baixa qualidade.
Todos, exceto duas das 22 mortes, ocorreram em veículos da Honda. As duas mortes restantes ocorreram, em 2006, a bordo de picapes da Ford.
Em 2017, Takata se declarou culpada e pagou quase US$ 1 bilhão (quase R$ 3,4 bilhões) para encerrar investigação federal dos Estados Unidos sobre seus airbags.
Ainda assim, um painel do Senado dos EUA realizará uma audiência na próxima terça-feira sobre os recall da Takata.
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