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Vendas de veículos novos caem em agosto e concessionárias já esperam 2015 fraco

NACHO DOCE
Imagem: NACHO DOCE

02/09/2014 16h12

SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de veículos novos no Brasil voltaram a mostrar fraqueza em agosto e as concessionárias já consideram que o atual cenário deve se estender para 2015, pondo em risco o nível de emprego de um setores mais importantes da economia.

Refletindo a combinação de fraqueza do Produto Interno Bruto (PIB) e escassez de crédito, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves, önibus e caminhões no mês passado caíram 17,2 por cento ante agosto de 2013, a 272.495 unidades, informou nesta terça-feira a associação das concessionárias, Fenabrave.

Contra julho, a queda foi de 7,56 por cento. No acumulado do ano, as vendas somaram 2,23 milhões de unidades, queda de 9,7 por cento ante os primeiros oito meses de 2013.

"Essa é a realidade atual do país e também a nossa", disse a jornalistas o presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti. "E com os ajustes econômicos esperados para a virada do ano, prevemos que mercado de veículos deve ser parecido em 2015."

Os comentários ilustram a crise do setor automobilístico, responsável por quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do país. Após ter batido sucessivos recordes de vendas, o segmento teve em 2013 a primeira queda nas vendas em uma década, mesmo com a manutenção de incentivos fiscais.

Segundo Meneghetti, novas medidas anunciadas recentemente pelo governo federal podem repercutir positivamente nas vendas de veículos no último trimestre do ano. Especificamente, reformas na legislação para dar maiores garantias aos bancos poderiam aumentar em 20 por cento os financiamentos de veículos em relação aos níveis atuais, quando entrarem em vigor, disse o presidente da Fenabrave.

Mas a conjuntura macroeconômica adversa, que pode ainda se agravar caso se confirmem as previsões de que o próximo governo federal terá que tomar medidas que agravariam as dificuldades na economia, não deixam espaço para grande otimismo.

Para o presidente da Fenabrave, a cadeia automobilística pode inclusive começar a cortar postos de trabalho. Várias das medidas anunciadas pelo governo federal nos últimos anos para incentivar o setor tiveram como contrapartida a promessa de manutenção de empregos.

"Existe um limite de tempo. Se este cenário se prolongar, vamos ter que enfrentar essa questão", disse Meneghetti. "As empresas precisam ficar vivas."

Considerando todas as faixas de veículos, incluindo caminhões, ônibus, motos, tratores e máquinas agrícolas, as vendas de agosto cairam 16,05 por cento no ano a ano. Nos oito primeiros meses do ano, o mercado vendeu 8,62 por cento menos.

Os emplacamentos de automóveis e comerciais leves caíram 17,1 por cento em agosto na comparação anual, para 259.152 unidades.

 

(Por Aluísio Alves)