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Fazer carro ficou mais difícil, e marcas tentam ler futuro para sobreviver

Smart: uma das poucas marcas a apostar no serviço de compartilhamento de carros - Divulgação
Smart: uma das poucas marcas a apostar no serviço de compartilhamento de carros
Imagem: Divulgação

Vitor Matsubara

Do UOL, em São Paulo (SP)

31/05/2019 07h00

Resumo da notícia

  • Executivos concordam: novas tecnologias vão mudar indústria nos próximos anos
  • Montadoras estudam formas de lucrar com novos modelos de negócio
  • Novidades vão demorar mais para chegar ao Brasil -- e isso pode ser bom

A indústria automotiva está em processo de transformação com novidades como a proliferação dos carros elétricos, as soluções de mobilidade e a rápida evolução da condição autônoma pelo mundo. É o que afirmaram executivos de grandes montadoras durante o Automotive Business Experience, evento realizado nesta semana em São Paulo.

"Projetar um carro hoje em dia é um processo complexo, mas a chegada dos veículos elétricos já vai mudar alguns processos. A barreira de entrada para novos rivais será bem menor e a competição está bastante agressiva", analisa Luciano Driemeier, gerente de estratégia de produto da Ford.

Emílio Paganoni, gerente sênior de treinamento da BMW, ressalta a importância de adotar uma postura uniforme dentro da companhia. "Existe um desafio muito grande porque a digitalização precisa ser global para gerar resultados".

Mesmo assim, as filiais de cada país ainda podem pensar em soluções locais. Esta independência é celebrada por Fabio Rabelo, head de digitalização e novos modelos de negócio da Volkswagen.

"Temos autonomia para tomar as decisões sem depender dos alemães, que trabalham em um ritmo diferente. Hoje qualquer profissional da empresa pode contribuir com ideias e dizer que ajudou a criar uma solução. Aqui já desenvolvemos novidades como a concessionária digital, uma inovação nossa que virou referência mundial".

Futuro incerto até para os grandes

Enquanto novas propostas de mobilidade proliferam rapidamente na Europa e EUA, o Brasil ainda vê algumas novidades de forma cautelosa -- embora já tenha abraçado algumas soluções. Se por um lado as novas tecnologias levarão mais tempo para chegar até nós, por outro as fabricantes terão mais tempo para se adaptar.

"Lá fora o carro autônomo vai transformar o modelo de negócio em serviço, mas aqui (no Brasil) esses modelos vão demorar um pouco mais para chegar. A barreira da eletrificação está na autonomia e nos custos, então ainda não sabemos como vamos nos posicionar para fazer parte dessa nova concorrência. Dentro desse ambiente incerto de mobilidade vamos fazer parte como provedor de carros e ainda há outros modelos de negócio em que podemos nos inserir, como carsharing, patinetes e micromobilidade", diz Luciano.

Apesar das transformações que podem acontecer nos próximos anos, as montadoras concordam que o processo de criação de um novo veículo mudou. E não voltará a ser como antes.

"O engenheiro sempre foi acostumado a pensar só no produto para dentro da fábrica, mas agora ele precisa pensar no produto para o lado de fora. Isso exige mais habilidades dos profissionais", completa Driemeier.